Vôo 1907

Dona do Legacy pede a liberação de pilotos americanos

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19 de novembro de 2006, 15h29

A ExcelAire, empresa americana proprietária do avião executivo Legacy que se chocou com o Boeing da Gol no dia 29 de setembro, causando acidente em que morreram 154 pessoas, emitiu comunicado à imprensa em que contesta a retenção de seus pilotos Joe Lepore e Jan Paladino no Brasil e reclama por sua imediata liberação.

Ainda nesta sexta-feira (17/11) a Justiça Federal voltou a negar o pedido dos dois pilotos para que seus passaportes lhes fossem devolvidos. Segundo a nota da ExcelAire, relator preliminar sobre o acidente divulgado pela Força Aérea Brasileira na quinta-feira (16/11) sustenta que “o atual estágio da investigação não nos permite tirar conclusões. É prematuro dizer o que causou o acidente”.

A nota diz também que o relatório defende o comportamento de seus pilotos que teriam cumprido o plano de vôo traçados para o Legacy em seu aeroporto de origem em São José dos Campos. “O relatório demonstra que depois de atingir sua altitude autorizada de 37 mil pés, o avião Legacy se manteve na altitude até o momento da colisão, refutando as alegações sem fundamento de que os pilotos da ExcelAire executavam “manobras aéreas” durante o vôo”.

Em outro ponto o comunicado da ExcelAire levanta dúvidas sobre as investigações que estariam centradas apenas sobre o seu avião, deixando de lado os procedimentos e manobras do avião da Gol. “O relatório preliminar não divulga o conteúdo do plano de vôo registrado para o vôo da Gol. E, embora mencione que não houve problemas de comunicação entre o controle de tráfego aéreo e o vôo da Gol, não menciona qualquer detalhe dessas comunicações, inclusive se o controle de tráfego aéreo fez qualquer esforço para orientar o vôo da Gol a desviar de rota ou de altitude para evitar a colisão iminente.”

Cascata de erros

Reportagem da jornalista Eliane Catanhede, da Folha de S. Paulo, publicada neste domingo relata que assim como o Legacy voava em uma rota de altitude par (37 mil pés) quando deveria estar em uma rota par (36 mil ou 38 mil pés), o Boeing da Gol também estava fora de sua rota habitual. Em vez de seguir a 37 mil pés — na mesma rota de colisão do Legacy — o Boeing deveria estar a 41 mil pés. Segundo a reportagem, a série de erros na programação dos vôos somada às dificuldades de comunicação entre os pilotos das duas aeronaves e os controladores de vôo acabaram provocando a tragédia.

Leia o COMUNICADO À IMPRENSA da ExcelAire

RELATÓRIO PRELIMINAR DA INVESTIGAÇÃO DO ACIDENTE ÁEREO DE AVIAÇÃO NO BRASIL DIVULGADO PELA FORÇA AÉREA BRASILEIRA

RONKONKOMA, Nova Iorque, 18 de novembro de 2006 — Em uma coletiva de imprensa realizada em Brasília na última quinta-feira (16/11), a Força Aérea Brasileira divulgou relatório preliminar da investigação de segurança sobre o acidente de 29 de setembro de 2006, envolvendo o Vôo 1907 da Gol e um jato Legacy da Embraer, operado pela ExcelAire Service, Inc.

Segundo coronel Rufino Antonio da Silva Ferreira, “o atual estágio da investigação não nos permite tirar conclusões. É prematuro dizer o que causou o acidente”. Ele acrescentou que, embora a estimativa para a conclusão das investigações seja de dez meses, o período poderá ser ampliado.

“Os investigadores do acidente, que incluem autoridades da Aviação Civil Brasileira e do Conselho de Segurança Nacional de Transportes, acreditam que levarão mais de dez meses para ter conclusões sobre esse acidente. Isso deixa absolutamente claro que manter os pilotos norte-americanos Joe Lepore e Jan Paladino retidos no Brasil é injusto; e que essa medida precisa ser suspensa imediatamente”, disse Robert Torricella, advogado da ExcelAire e dos pilotos.

Embora ainda faltem muitos meses para se chegar a conclusões, o relatório preliminar confirma determinados fatos que já haviam sido revelados, reforçando que muitas das acusações feitas contra os pilotos da ExcelAire não tinham qualquer fundamento.

O relatório demonstra que depois de atingir sua altitude autorizada de 37 mil pés, o avião Legacy se manteve na altitude até o momento da colisão, refutando as alegações sem fundamento de que os pilotos da ExcelAire executavam “manobras aéreas” durante o vôo.

O relatório confirma outros pontos: a comunicação bilateral entre o Legacy e o controle de tráfego aéreo, que ocorreu no momento em que o jato se aproximava de Brasília em sua altitude autorizada de 37 mil pés; e que o controle de tráfego aéreo não designou ao Legacy nenhuma outra altitude a partir daquele momento, confirmando ainda mais que o jato estava na altitude correta durante todo o seu vôo.

Durante a coletiva de imprensa, o Coronel da Silva Ferreira também confirmou, como a ExcelAire tem sustentado durante todo esse processo, que um plano de vôo escrito não é necessariamente o documento principal que rege um vôo. E que, na verdade, autorizações do controle de tráfego aéreo podem modificar o documento escrito. “O plano de vôo, o que está no papel, é o plano que foi registrado. Não é absoluto”, disse Rufino. Ele observou que planos de vôo registrados nem sempre são seguidos à risca depois da decolagem. E são influenciados por outras circunstâncias, referência às instruções do controle de tráfego aéreo que modificam e se sobrepõem ao documento escrito.

“Estamos seguros de que, à medida que novos fatos venham à tona, eles continuarão a confirmar que Joe e Jan foram vítimas de especulações sem fundamentos e falsas acusações”, disse Torricella.

O relatório preliminar não divulga o conteúdo do plano de vôo registrado para o vôo da Gol. E, embora mencione que não houve problemas de comunicação entre o controle de tráfego aéreo e o vôo da Gol, não menciona qualquer detalhe dessas comunicações, inclusive se o controle de tráfego aéreo fez qualquer esforço para orientar o vôo da Gol a desviar de rota ou de altitude para evitar a colisão iminente.

O Coronel da Silva Ferreira enfatizou que os pilotos da ExcelAire foram “muito cooperativos” e prestaram declarações completas dias depois do acidente. Ele confirmou que a presença deles no Brasil não está relacionada à investigação em curso. Além de seus depoimentos para os investigadores de segurança, os pilotos da ExcelAire prestaram completas declarações para as autoridades militares e oficiais de polícia do Mato Grosso, dias depois do acidente.

“Joe e Jan fizeram tudo que lhes foi pedido – cada um prestou três longos depoimentos no período aproximado de 72 horas após o acidente. Desde então, eles estão retidos no Brasil há quase sete semanas, sem justa causa. Já é suficiente. É hora de permitir que voltem para suas casas, para suas famílias”, diz Torricella.

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