Banco Santos

Mulher de Edemar é denunciada por lavagem de dinheiro

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30 de maio de 2006, 19h52

A Justiça Federal recebeu denúncia por lavagem de dinheiro contra Márcia Maria Costa Cid Ferreira e Edna Ferreira de Souza e Silva, respectivamente mulher e irmã do ex-dono do Banco Santos, Edemar Cid Ferreira. Mais outros três supostos envolvidos no crime também foram denunciados: o advogado suíço Hubert Secrétan, o italiano Renello Parrini, ex-assessor do Ministério do Desenvolvimento, e o contador Ruy Ramazini.

Os interrogatórios do processo começaram nesta terça-feira (30/5) à tarde na 6ª Vara Federal Criminal com o depoimento de Márcia Ferreira. Os demais interrogatórios serão designados em breve. Secrétan será ouvido na Suíça, por meio de carta rogatória.

Edemar Cid Ferreira foi preso preventivamente por ordem da Justiça Federal na última sexta-feira (26/5) sob o entendimento de que estaria obstruindo a Justiça durante o processo que responde por lavagem de dinheiro, formação de quadrilha e gestão fraudulenta do Banco Santos. Depois de sofre intervenção e ser liquidado pelo Banco Central, o Santos teve sua falência decretada. O rombo em suas contas é avaliado em mais de R$ 2 bilhões.

Segundo a nova denúncia, a mulher de Edemar e a irmã dele cederam seus nomes para criar empresas que foram usadas para gerir recursos “provenientes da gestão fraudulenta do Banco Santos”. Parrini, por sua vez, trabalhou na BrasilConnects, empresa de Edemar que organizava exposições de arte no Brasil e no exterior, e na Rutherford Trading.

A BrasilConnects, segundo a denúncia, recebeu R$ 45 milhões de Cid Ferreira em junho de 2004, época em que o banco já estava em situação delicada. O dinheiro saiu do Banco Santos e, segundo testemunhas, foi utilizado para pagar operações clandestinas realizadas pelo banco BSI — Banca Svizzera Italiana.

Secrétan, por sua vez, é acusado de ter criado a estrutura do Bank of Europe, o correspondente clandestino do Banco Santos localizado no paraíso fiscal de Antígua, na América Central. Parrini teria sido cooptado para responder pela empresa que controlava esse banco e Ramazini teria elaborado o plano que criou as empresas fantasmas.

Outro caso

Em outro caso relacionado ao Banco Santos, o procurador da República Silvio Luís Martins de Oliveira denunciou o ex-presidente do Banco Santos, Ricardo Gribel, pelo crime de evasão de divisas. Segundo o procurador, convidado pelo ex-controlador do banco, Edemar Cid Ferreira, para assumir a presidência, após determinação do Banco Central para troca da diretoria, Gribel teria recebido depósitos em moeda estrangeira numa conta do Delta Bank, em Miami.

Conforme documentos que constam de outro processo criminal que tramita na 6ª Vara Federal Criminal de São Paulo, a offshore Alsace Lorraine, de Cid Ferreira, fez doze transferências de valores para a conta de Gribel em Miami, entre 2003 e 2004.

A Alsace Lorraine uma suposta empresa de fachada sediada nas Ilhas Virgens Britânicas no Caribe, que seria titular de uma conta-corrente no Bank of Europe, que segundo o Ministério Público Federal, seria o correspondente clandestino do Banco Santos.

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