Tiro de aviso

Deputado cobra atenção do governo para reivindicações da PF

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26 de maio de 2006, 11h29

Nesta sexta-feira (26/5) começam a circular entre os policiais federais mais antigos graduados do Brasil e-mails com cópia de pronunciamento feito nesta quinta-feira, na Câmara dos Deputados, pelo deputado federal Moroni Bing Torgan, do PFL do Ceará. Torgan um fez arrazoado sobre as negociações das entidades de classe da PF com o Executivo, datadas de mais de um ano, e que resultaram inúteis.

Torgan, que é o parlamentar mais próximo dos policiais federais, teve seu pronunciamento lido, pelos federais, como um tiro de aviso das entidades de classe da PF, sinalizando que seria “inevitável” uma greve da categoria — nos moldes daquela que paralisou a corporação por 50 dias há dois anos. Em dezembro do ano passado, os delegados federais deram o mesmo tiro de aviso sob a forma de uma greve de 24 horas.

Leia o pronunciamento de Torgan:

SR. MORONI TORGAN (PFL-CE. Sem revisão do orador.) – Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em primeiro lugar, quero dizer que em todas as instituições, infelizmente, há pessoas boas e pessoas más. Mas isso não dá a ninguém o direito de desacatar a instituição. Tudo o que o crime organizado quer é que as instituições sejam desmerecidas, que a sociedade acredite que aqui só há malandros, que na Justiça só há malandros, que no Ministério Público só há malandros. Porque, se por toda parte só houver malandros, o rei dos malandros, que é o chefe do crime organizado, esse fica numa situação muito boa. Não podemos permitir isso. Em todas as instituições hápessoas de bem e pessoas que fazem coisas erradas. O que não podemos é dar guarida a pessoas que fazem coisas erradas atrás da palavra colega. Mas também não podemos, de modo nenhum, permitir que o crime organizado desacredite as instituições. Duvido de que, num tribunal, um juiz não mandasse prender por desacato alguém que dissesse aqui a gente aprende a malandragem, ou aqui neste fórum só se aprende malandragem. A CPI, no momento da prisão, funcionava como um tribunal, com os mesmos poderes do Judiciário para fazer a investigação. Podem criticar-nos, mas duvido que um juiz tivesse agido de forma diferente.

Outro assunto, Sr. Presidente. A Polícia Federal tem trabalhado para o País e vem desde 2004 recebendo do Sr. Ministro da Justiça promessas de atendimento a suas reivindicações. Aproveito para parabenizar o Ministro, que confirmou sua promessa de fazer as reformas administrativas solicitadas pela Polícia Federal e dar mais recursos e melhores condições de trabalho a toda a categoria. O problema é que os setores de planejamento e orçamento do Governo viram as costas para essas promessas. Dizem que o Presidente da República também é favorável às reivindicações. Ora, tenham a santa paciência, o Presidente manda. Uma das maiores armas contra o crime organizado é a Polícia Federal.

Daqui a pouco começam aqueles movimentos que param tudo. Estou fazendo um alerta ao Governo. Se o Ministro da Justiça assinou um documento em que se manifesta favoravelmente a tudo o que foi reivindicado e o Presidente da República também concorda com o pleito, por que os setores de planejamento e orçamento do Governo estão nesse lero-lero? Está na hora de colocar as cartas na mesa. Se querem realmente reforçar a segurança deste País, não adianta discurso nem planos no papel, é preciso realmente incrementar nossos órgãos de segurança, com verba orçamentária e estruturação administrativa competente. É isso o que esperam todas as equipes da Polícia Federal, que estão quietas, tranqüilas, mas não sei por quanto tempo.

O Governo tem dito que a Polícia Federal nunca trabalhou tanto. Pois está na hora de reconhecer esse mérito dos agentes, dos escrivãos, dos delegados, dos papiloscopistas, dos agentes administrativos, enfim. Está na hora de dar a esses funcionários as progressões administrativas que eles merecem. Está na hora de o Governo cumprir sua palavra.

Vi hoje o documento em que o Ministro da Justiça se diz favorável ao pleito dos policiais. Ministro, está na hora de bater na mesa. O Presidente é quem manda — ou deveria mandar — neste País.

Espero que o Presidente Lula convoque os Ministros do Planejamento e da Fazenda e assine tudo o que for necessário para que a Polícia Federal seja ainda mais eficiente, porque émuito bom quando ela atua, quando ela prende traficantes e colaboradores do crime organizado. Está na hora de a Polícia Federal cumprir seu papel constitucional sem nenhuma interferência.

Não fiquem aí tergiversando e dando esperanças à categoria, para depois, quando vierem as greves, que são um procedimento legítimo de pressão, reclamar e dizer que os policiais estão sendo radicais. Desde 2004, radical só é o Governo, que não dá à Polícia Federal aquilo que é necessário para o bom desempenho da sua atividade.

Muito obrigado, Sr. Presidente.

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