Como o crime se mostra mais organizado que o governo?
18 de maio de 2006, 13h03
Quando se faz uma faculdade, seja ela qual for, o estudante sempre vai se deparar com uma matéria daquelas tidas como nada simpática: Filosofia. E nela irá estudar um filósofo que tinha como metodologia questionar tudo e todos para obter as respostas verdadeiras. Qualquer um acharia uma maluquice.
Mas, esse mesmo instrumento é utilizado pelas crianças. Elas querem saber tudo e perguntam a todo instante, até que o pai se depara com uma pergunta tão óbvia que fica sem conseguir dar uma resposta e manda a criança brincar.
E, mesmo já tendo saído da faculdade há muito, o estudante se deparou nos últimos dias com uma série de perguntas sem respostas!
Por que o governo do estado de São Paulo não tomou as devidas e reais medidas para evitar que essa crise provocada pelos membros da organização criminosa Primeiro Comando da Capital existisse?
Se o governo sabia, por que testou o potencial criminoso dessa organização?
Se houve um planejamento, como o secretário da Penitenciária afirma, então por que São Paulo parou?
Se tudo foi bem executado, por que atearam fogo em mais de 17 ônibus?
O governo afirmou estar preparado! Então como se justifica as mais de 80 mortes em apenas três dias?
Por que fecharam o aeroporto de Congonhas devido à ameaça de bomba?
Por que o mais refinado shopping center de São Paulo, reduto dos endinheirados, teve de ser fechado às pressas?
Por que os cidadãos tiveram de ficar sem ônibus para voltarem a suas casas?
Se o governador afirmou em rede nacional que tudo estava sob controle, o que veio fazer em São Paulo o ministro da Justiça?
Por que São Paulo não aceitou uma intervenção federal?
Por que surgiram boatos de que um acordo foi feito com os grandes lideres e o terror parou de um dia para o outro?
Como é possível as maiores avenidas da cidade estarem desertas às 21 horas?
Como uma facção criminosa se mostra muito mais organizada que o próprio governo?
É possível uma cidade de 15 milhões de habitantes se obrigar a aceitar um toque indireto de recolher e se submeter a passar por horas de incerteza e temor?
Se a ameaça era insignificante, como justificar a notícia ser veiculada nos maiores meios de comunicação da imprensa internacional?
Na terça-feira, o horror recomeça com uma notícia de que a Polícia supostamente teria matado a mãe do criminoso denominado Marcola e para quê?
A imprensa divulga que foram compradas informações sigilosas por R$200 sobre o crime organizado, e por quem? Pelo próprio crime organizado? Mas isso é possível?
A resposta da facção é uma rajada de 41 viaturas policiais destruídas por tiros e novas ameaças de destruição, mas a crise não tinha acabado?
A resposta é simples, até em demasia, e foi dita pela maior autoridade do estado: “porque está tudo sob controle”.
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