Palavra de polícia

Repressão policial não é suficiente para enfrentar guerra urbana

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14 de maio de 2006, 20h45

“Os responsáveis pela Segurança pública pretendem enfrentar o crime como se fosse uma questão de repressão policial, quando na verdade se trata de uma guerra urbana”. Esta é a opinião de Francisco Carlos Garisto, presidente da Fenapef, a Federação Nacional dos Policiais Federais, ao comentar a onda de atentados contra pessoas e instalações do sistema de segurança pública em São Paulo, desfechada pela organização criminosa Primeiro Comando da Capital.

Garisto acredita que a única chance de enfrentar com sucesso esta guerra é com a união nacional de força e de inteligência da Polícia Federal, Polícia Civil e Polícia Militar dos estados, em conjunto com o Judiciário e o Ministério Público. “E mais a Receita Federal para acabar com o lucro deles”, diz o policial.

Para ele, não adianta ficar reprimindo esse tipo de crime altamente organizado com barreiras nas estradas e operações em favelas. É necessária uma política global de segurança pública. Sem falar no controle efetivo dos presídios, o aumento de pena e punição para os servidores do sistema penitenciário, que acabam se transformando em ponte para a rede de comando que os chefões presos manipulam.

Mas o maior cancro contra a eficácia do sistema de segurança, diz Garisto, é a vaidade de quem comanda, incluindo aí os governadores e o governo federal. “Eles fazem da questão um caso de interesse político eleitoreiro e partidário e são altamente desorganizados nas ações. Enquanto isso o crime se organiza cada vez mais”.

Enquanto criminosos caçam policiais pelas ruas, numa completa inversão de valores, o governador de São Paulo diz que não precisa da ajuda da Policia Federal. “Não se trata de ajuda, se trata, sim, de organização para que pare de morrer a população e os policiais”.

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