Dias de terror

São Paulo sofre ataques do PCC e megarrebelião em penitenciárias

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13 de maio de 2006, 17h29

Entre a noite desta sexta-feira (12/5) e a manhã deste sábado, o estado de São Paulo assistiu a 55 ataques a delegacias e policiais estaduais organizados pela facção criminosa PCC – Primeiro Comando da Capital. O grupo também organizou rebeliões em 23 penitenciárias do estado. A megarrebelião é uma reação do PCC às transferências de mais 700 presos para a Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, entre eles Marcos William Herbas Camacho, o Marcola, líder da facção. As ações começaram na noite de ontem.

O presos das unidades prisionais de Ribeirão Preto, Pirajuí, Araraquara, Flórida Paulista, Lucélia, Lavínia, Mogi das Cruzes, Suzano, Marabá Paulista, Campinas, Diadema, Franco da Rocha, Riolândia, Potin, Itirapina, Presidente Prudente, Irapuru, São José do Rio Preto e Paraguaçu Paulista estão rebelados. Em Lavínia, duas penitenciárias estão rebeladas. O saldo é 112 reféns. As informações são da Agência Estado.

Os 55 ataques a delegacias e policiais do estado deixaram pelo menos 30 mortos, sendo dois civis, segundo balanço parcial divulgado pela Secretaria de Segurança Pública do Estado. Desses ataques, 28 foram feitos contra a Polícia Militar, 20 contra a Polícia Civil, quatro deles contra a Guarda Civil Metropolitana e três ataques contra a Secretaria de Segurança Pública.

Das 30 pessoas assassinadas, 11 eram policiais militares, cinco da Polícia Civil, três eram da GCM, quatro agentes penitenciários e dois eram civis e cinco eram bandidos. Dezesseis pessoas foram presas.

Novo foco

Os presos do Centro de Detenção Provisória I de Osasco, na Grande São Paulo, também se rebelaram no início da tarde deste sábado. Os presos tomaram o pavilhão e mantêm dois agentes penitenciários reféns. O CDP trem capacidade para 768 presos mas abriga atualmente 1.333 detentos. De acordo com primeiras informações da equipe do helicóptero Águia, da Polícia Militar, uma tentativa de fuga frustrada teria ocorrido por volta das 13 horas.

Situação controlada

Já a rebelião na Penitenciária II de Avaré, no interior de São Paulo, que começou no início desta tarde foi controlada, segundo informou a Secretaria de Administração Penitenciária. O agente penitenciário que era mantido refém foi liberado por volta das 15h30 e não há registros sobre feridos.

Em Guareí, os detentos da Penitenciária I se renderam por volta das 16h30, após negociações com a direção do presídio. Eles reivindicavam a retirada da Tropa de Choque da Polícia Militar. Os oito agentes penitenciários mantidos reféns foram libertados. Não há registros de feridos. A penitenciária abriga atualmente 879 detentos, mas tem capacidade para 768 presos.

A rebelião da Penitenciária Orlando Brando Filinto, em Iaras, no interior de São Paulo, também foi controlada nesta tarde, segundo informou a Secretaria de Administração Penitenciária.

Em Iaras, os policiais da Tropa de Choque da Polícia Militar entraram no presídio por volta das 14 horas, libertando os 12 agentes penitenciários que estavam em poder dos presos desde a tarde de sexta-feira. Também foi controlado, no início da tarde, o motim na Penitenciária I de Avaré, que começou por volta das 15 horas desta sexta-feira. Os 12 reféns foram libertados após a entrada da Tropa de Choque no presídio. Detentos de outra unidade prisional da cidade continuam rebelados.

Com isso, são 21 penitenciárias rebeladas em todo o estado de São Paulo. Esta é a segunda maior ocorrência de rebeliões simultâneas na história do Estado. Em fevereiro de 2001, 24 penitenciárias participaram de motins organizados pelo PCC. O movimento deixou pelo menos 16 presos mortos e teve a participação de 25% dos 94 mil detentos do Estado.

Batata quente

O governador de São Paulo, Claudio Lembo, afirmou que sabia desde a noite de quinta-feira que os criminosos ligados ao PCC planejavam ataques e várias medidas foram tomadas, o que teria evitado um número maior de mortos.

Lembo negou que tenha havido erro estratégico pois a transferência de presos “era uma atitude que tinha que ser tomada”, referindo-se à decisão nesta semana do governo de levar 765 detentos de maior periculosidade para um presídio de segurança máxima em Presidente Venceslau e que teria suscitado a reação.

O secretário de Segurança Pública do Estado de São Paulo, Saulo de Castro, afirmou que o governo buscará ao longo da próxima semana formas de agilizar os processos e reduzir a burocracia para que a polícia consiga agir mais rapidamente na identificação e prisão dos autores dos ataques. Castro não detalhou as providências que serão tomadas por serem informações sigilosas. “Não vai haver retrocesso nas decisões”, afirmou, referindo-se à transferência dos presos.

O secretário Nagashi Furukawa disse que a comunicação de presos com pessoas de fora – o que teria viabilizado novamente as ações dos criminosos – pode ocorrer de várias formas, inclusive por meio de pessoas que têm permissão judicial de entrar nos locais. Sobre a eliminação concreta do uso de celulares nos presídio, o secretário afirmou que sempre serão encontradas formas de burlar a segurança e acredita que as operadoras de telefonia é quem teriam o ônus de bloquear os sinais.

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