Vítima do Estado

Mais um corpo de ex-militante contra a ditadura é identificado

Autor

29 de junho de 2006, 7h00

Mais um militante morto durante a época da ditadura foi identificado. Nesta quarta-feira (28/6), o governo anunciou, durante reunião da Comissão Especial de Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria Nacional de Direitos Humanos, a identificação, por amostra de DNA, da ossada de Luiz José da Cunha, ex-dirigente da ALN — Ação Libertadora Nacional. Segundo relatos, Luiz Cunha foi morto a tiros aos 29 anos de idade numa emboscada preparada pelo Doi-Codi, em 13 de julho de 1973.

O corpo do militante havia sido enterrado como indigente no Cemitério de Perus. Em 1991, após a pressão de grupos de Direitos Humanos, os corpos lá enterrados foram exumados. Os restos mortais de Cunha e outros militantes políticos mortos foram então levados para a Unicamp para identificação.

O Ministério Público Federal em São Paulo atua no caso desde 1999, quando instaurou procedimento administrativo para apurar os motivos que levaram à não-conclusão do exame de DNA necessário à identificação de outro militante, Flávio Molina. Em virtude da investigação, o Estado transferiu a guarda dos ossos da vítima da Unicamp para o Instituto Médico Legal em São Paulo. Desde então, novas tentativas foram feitas até o exame positivo, agora em junho de 2006.

Luiz Cunha nasceu em Recife em setembro de 1943. A versão oficial divulgada pelos assassinos de Cunha afirma que ele, ao ser abordado em virtude de sua atitude suspeita, reagiu a tiros e tentou fugir tomando à força um carro onde estavam duas mulheres.

Segundo o testemunho de populares, Cunha realmente tentou tomar o carro mas, antes de ter qualquer chance de defesa, foi atingido pelas costas. As testemunhas contaram que os tiros que atingiram as duas mulheres saíram das armas dos agentes da Polícia.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!