Ladrão de muletas

Brasil pede extradição de doleiro investigado no caso Banestado

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28 de junho de 2006, 7h00

O Brasil solicitou ao governo da Espanha a extradição do doleiro Alexandre Ferreira Gomes. Ele é acusado pela Justiça Federal de cometer no Brasil crimes diversos, como lavagem de dinheiro, sonegação fiscal, evasão de divisas e formação de quadrilha.

Procurado desde 2003, o doleiro atuava principalmente nos estados da Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Ceará. Gomes, que precisa de muletas para se locomover, ficou por muito tempo desaparecido no exterior.

A primeira vez que foi localizado estava na Nova Zelândia. Ao desconfiar que a Interpol havia o localizado, sumiu. Terça-feira passada (20/6), foi achado e preso nos arredores de Barcelona, na Espanha. O Itamaraty e o Ministério da Justiça estão encaminhando ao Ministério das Relações Exteriores documentação para justificar a extradição.

Os crimes

Gomes era dono da empresa ACCCard Cartões e Serviços, que teria recebido depósitos da empresa fantasma Hannover Comércio, Representações e Marketing, no valor de R$ 250 milhões. Esse dinheiro seria parte do desvio de US$ 30 bilhões do Banestado – escândalo financeiro que resultou até em CPMI.

Em fevereiro de 2002, Alexander Diógenes Ferreira Gomes foi preso pela Polícia Federal. Seis dias após ser detido, ele foi liberado por decisão do Tribunal Regional Federal em Recife, que acolheu pedido de Habeas-Corpus impetrado por seus advogados.

Seis meses mais tarde, a 11ª Vara da Justiça Federal determinou a indisponibilidade dos bens de Alexandre Ferreira Gomes. Dia 16 de setembro de 2002, o doleiro foi seqüestrado quando saía de sua casa em Fortaleza. Na ocasião, um segurança seu foi morto e outro baleado. Ele foi libertado 39 dias após, mediante pagamento de resgate de R$ 600 mil.

O volume de processos contra o doleiro cresceu dia 29 de novembro do mesmo ano, quando o Ministério Público entregou à Justiça Federal denúncia contra Gomes, um sócio e cinco empregados. Todos eram acusados de terem aberto, em 1997, duas contas bancárias em nome de um ”laranja” e por fazerem movimentações financeiras irregulares, como envio de dólares para o exterior. Era a quarta acusação contra Gomes.

Sete meses mais tarde, 17 de junho de 2003, o delegado da PF, Paulo Cauby, é preso sob a acusação de repassar informações sigilosas a Alexandre Gomes. Na mesma ocasião, o órgão divulgou detalhes sobre como o doleiro era investigado no caso Banestado.

No restante de 2003 e 2004, a Polícia Federal fez operações em estabelecimentos comerciais que operavam junto com empresas de Alexandre Gomes. Várias pessoas foram presas e mais processos, instaurados no Ceará, Rio Grande do Norte, Bahia e Piauí. Em meio a essas ações, o doleiro fugiu do Brasil.

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