Guerra aberta

Soldados israelenses cruzam a fronteira do Líbano

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22 de julho de 2006, 18h39

Depois de 11 dias desferindo uma série de bombardeios aéreos contra o Líbano, as forças israelenses cruzaram nesta sábado (22/7) a fronteira do país. Soldados enfrentaram militantes do Hezbollah cerca de um quilômetro da fronteira para dentro do Líbano, como parte de uma tentativa de destruir os esconderijos e depósitos de armas da milícia, informou um porta-voz do Exército.

O bombardeio ao Líbano se iniciou no dia 12 deste mês após o lançamento de 12 foguetes pelos fundamentalistas islâmicos do Hezbollah em direção ao território israelense, segundo agências internacionais de notícias. Na ocasião, o grupo xiita libanês Hezbollah capturou dois soldados israelenses e matou outros oito. O bombardeio ao Líbano já matou 348 pessoas, entre elas 309 civis, 26 militares e 12 combatentes do Hezbollah, desde o dia 12 de julho.

Neste sábado, soldados israelenses apoiados por uma dezena de tanques e veículos blindados atuavam perto do vilarejo de Maroun al-Ras, onde Israel disse ter localizado abrigos, depósitos de armas e pontos de lançamento de foguetes. Além de Maroun al-Ras, há operações em andamento também no vilarejo de Marwaheen, mais a oeste, segundo o Exército. As informações são da agência Reuters.

“Este é um dos redutos do Hezbollah, de onde seus membros nos têm atacado”, disse o porta-voz militar Jacob Dallal. “Isso faz parte de nossos contínuos esforços, especificamente na região perto da fronteira, de destruir a infra-estrutura do Hezbollah”, justificou.

O porta-voz afirmou, ainda, que a ofensiva não significa uma reocupação do sul do Líbano. “Isso não deve ser interpretado como nada mais do que uma incursão limitada para garantir a segurança por terra”, acrescentou.

Outras fontes disseram que as tropas israelenses já operam em localidades até 2 quilômetros dentro do Líbano. Imagens de TV mostraram colunas de fumaça subindo sobre montanhas a cerca de um quilômetro da fronteira no território libanês. Disparos e explosões ocasionais podiam ser ouvidas.

Ameaça civil

Panfletos lançados por aviões e mensagens nas estações de rádio do sul Líbano alertaram nos últimos dias os moradores a deixaram a área imediatamente. O Exército diz, porém, que essas mensagens não significam que tenha sido planejada uma ampla ofensiva por terra.

“Estamos tentando dizer às pessoas que haverá operações na área. Teria sido uma boa idéia se as pessoas tivessem saído há três dias”, afirmou um porta-voz israelense.

Mais cedo, o Exército israelense disse ter atacado mais de 150 alvos em todo o Líbano nas últimas 24 horas, entre eles um abrigo onde o Hezbollah guarda armas, postos de comando e 11 lançadores de foguetes.

O Exército diz também ter bombardeado 12 estradas que ligam o Líbano à Síria e linhas de comunicação usadas pelo Hizbollah. Foram atingidas oito antenas de comunicação, incluindo torres de transmissão de rádio e TV, e uma torre de telefonia celular que seria usada pelos integrantes da milícia xiita.

Segundo a Agência Reuters, o ministro-adjunto britânico do Exterior, Kim Howells, criticou neste sábado os ataques israelenses no Líbano, sugerindo que eles são indiscriminados, na mais forte condenação à ofensiva feita por uma autoridade da Grã-Bretanha até o momento.

Howells, responsável por ações governamentais de contraterrorismo, disse que os ataques aéreos de Israel no Líbano nos últimos 11 dias nem sempre aparentavam atingir apenas alvos do Hizbollah.

“Esses não foram ataques cirúrgicos. É muito, muito difícil entender o tipo de tática militar que tem sido usada”, disse Howells a jornalistas em Beirute, onde ele estava vistoriando a retirada de cidadãos britânicos. Ele deve viajar para Israel, Cisjordânia e Jordânia. “Se eles (Israel) estão caçando o Hizbollah, então vão atrás do Hizbollah. Você não pode perseguir toda a nação libanesa.”

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