Relator da CPI dos Bingos pede indiciamento de 34 pessoas
19 de janeiro de 2006, 11h32
O relator da CPI dos Bingos, senador Garibaldi Alves (PMDB-RN), apresentou um relatório preliminar na quarta-feira (18/1) afirmando que houve pagamento de propina na renovação do contrato da multinacional Gtech com a Caixa Econômica Federal. Garibaldi pede o indiciamento de 3 empresas e 34 pessoas.
Estão na lista o presidente da Caixa, Jorge Mattoso, o ex-sub-secretário de Assuntos Parlamentares da Casa Civil, Waldomiro Diniz, o ex-secretário particular do ministro Antonio Palocci, Ademirson Ariosvaldo da Silva, e dois ex-assessores na Prefeitura de Riberão Preto — Rogério Buratti e Vladimir Poleto. As informações são da repórter Rosa Costa do jornal O Estado de S.Paulo.
De acordo com o relatório, a renovação do contrato da Gtech para operar o sistema de loterias da Caixa “a rigor, seria juridicamente nula em sua origem e sofreu, ao longo do tempo, freqüentes violações decorrentes de falta de licitação”. Como recebeu pedido de vista coletivo, o texto irá a votação na CPI na próxima quarta-feira (25/1).
O relator sugere que os envolvidos sejam punidos com base nas penas previstas para os crimes de formação de quadrilha, corrupção passiva, crime contra o procedimento licitatório e improbidade administrativa. Contra Poleto, aponta ainda os crimes de falsidade ideológica e tráfico de influência. Pede também que Buratti seja punido por lavagem de dinheiro e crime contra a ordem tributária.
Além de Mattoso, dois ex-presidentes da Caixa estão na lista de pedidos de indiciamento: Emílio Carazzai e Sérgio Cutolo, ambos por prevaricação, crime contra o processo licitatório e improbidade administrativa. Os dois presidiram a CEF durante o governo Fernando Henrique Cardoso.
Garibaldi pede também que sejam punidas as empresas MM Consultoria e S. Santos Assessoria, pertencentes ao advogado Walter Santos Neto, suspeito de intermediar a extorsão. Segundo o relator, o advogado recebeu da Gtech R$ 5 milhões em seis meses por uma única ação no Superior Tribunal de Justiça. O próprio Walter ou seus empregados sacaram em espécie R$ 2,397 milhões. “Alguns desses saques foram feitos com carro-forte e entregues a ele em sua casa ou no escritório”, afirma o relator.
Segundo Garibaldi, a CPI não teve como rastrear esse dinheiro e o advogado mentiu ao afirmar em depoimento que gastou o montante em viagens, roupas de grife, vinho e outros luxos.
Para o relator, todos os indícios reforçam a tese de que a propina de Gtech era disputada por dois grupos do então recém-instalado governo petista, ligados ao ministro Palocci e ao então ministro da Casa Civil, José Dirceu. Segundo ele, isso fica claro na “insistente” troca de telefonemas dos três ligados a Palocci — Ademirson, Buratti e Poletto — com dirigentes da Gtech e da Caixa no período da renovação do contrato. Outro ponto que reforça a idéia é a denúncia de dirigentes da empresa que teriam sido pressionadas por Buratti e Waldomiro a contratar um intermediário para negociar a renovação do contrato.
Veja a lista das pessoas indiciadas:
Adelmar de Miranda Torres
Ademirson Ariovaldo da Silva
Aires Ferreira Coimbra
Antonio Carlos Barasuol
Antonio Carlos Lino da Rocha
Carlos A. de Almeida Ramos
Carlos Eduardo F. da Silveira
Eduardo Tavares de Almeida
Emílio Carazzai Sobrinho
Enrico Gianelli
Fabio Luis R. de Carvalho Alvim
Fernando M. Teixeira Carneiro
Gláucio Geronasso
Hélcio Barbosa C. Júnior
Henrique Costábile
Jitsuo Maeda
Jorge Eduardo Levi Mattoso
José Carlos Alves
José Lindoso de Albuquerque
José Maria Nardeli Pinto
Luiz Francisco M. de Barros Neto
Magda Kihel
Marcelo Coelho de Aguiar
Marcelo José Rovai
Marcio Tancredi
Marco Antonio Lopes
Marcos T. de Oliveira Andrade
Paulo Roberto Paixão Bretas
Rogério Tadeu Buratti
Sergio Cutolo dos Santos
Simão Brayer
Waldomiro Diniz da Silva
Walter Santos Neto
Wladimir Poleto
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