O ano do dragão

DEA aumenta em 82% o “estouro” de cartéis de drogas

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2 de janeiro de 2006, 15h22

A DEA — Drugs Enforcement Administration, a poderosa agência norte-americana de combate ao narcotráfico, divulgou neste final de semana o seu relatório anual sobre confisco de drogas e desmantelamento de redes internacionais de narcotráfico.

Com 400 prisões de mega-traficantes em 2005, a DEA considera que cada vez mais o combate ao narcotráfico tem se convertido num quadro “difícil e complexo”. Ao todo, no ano que passou, a DEA conseguiu tirar das mãos de narcotraficantes US$ 1,9 bilhão. Desse montante, US$ 1,4 bilhão compõe-se de confisco de bens, incluindo dinheiro vivo, e US$ 477 milhões brotaram do confisco de drogas ilícitas.

A DEA é o principal organismo mundial de investigação, análise e repressão ao narcotráfico. A agência age em quase todos os países em convênio com as polícias locais, cedendo equipamentos, treinamento e informações para operações de grande porte. Sua ação da DEA fora das fronteiras dos Estados Unidos costuma gerar atritos por conta da atuação de seus agentes, que nem sempre se submetem às leis nativas. Um dos recursos habituais da agência é o de comprar informações. Pela cartilha da instituição, porém, repele-se o repasse de dinheiro a governos ou órgãos policiais.

Substâncias químicas

No relatório de 2005, a DEA chama a atenção, a todo o momento, para uma nova praga: o comércio de química ilegal a partir de sites na internet. Uma operação batizada de Cyber Chase, por exemplo, levou à cadeia traficantes de química em quatro países. Em outra operação, a Cyber X, foram detectadas farmácias que traficavam pela web produtos controlados, obtendo lucros diários acima de US$ 50 mil.

O comércio de esteróides também passa a preocupar a agência: a operação Gear Grinder, por exemplo, revelou uma rede de comércio de esteróides a partir do México e também via Internet, que lucrava por ano US$ 56 milhões.

No ano passado, informa a DEA, tombaram 1007 cartéis de droga, um aumento de 82% em relação a 2004. Segundo as Nações Unidas, as 10 maiores máfias do mundo, a operar em 23 países, incluindo o Brasil, movimentam por ano algo como US$ 3 trilhões.

Relatório das Nações Unidas dá maior dimensão ao problema: haveria no planeta 340 milhões de usuários de drogas, englobando heroína, ópio, cocaína, maconha, alucinógenos e barbitúricos – ou seja, o número total de dependentes é maior do que toda a população dos Estados Unidos. A dependência de calmantes e sedativos lidera todas as modalidades, com 227,5 milhões de consumidores ou quase 4% da população mundial.

Em seguida vem a maconha, com 141 milhões de adeptos, totalizando 2,5% da população global. Um grupo de 25 milhões de pessoas consome alucinógeno. A cocaína possui 13,3 milhões de usuários.

O dossiê chama a atenção também para as duas maiores “pragas” surgidas nos últimos dois anos no mundo dos viciados: a heroína e as drogas sintéticas. Oito milhões são adeptos contumazes da heroína e 30 milhões, equivalentes a 0,5% da população mundial, recentemente mergulharam no consumo desenfreado das chamadas drogas sintéticas, como a ATS e a metanfetamina.

Estima-se que sejam apreendidos em todo o mundo, pelas polícias locais, apenas de 5% a 10% de toda a droga produzida. E, para abastecer os 340 milhões de consumidores de drogas, diz o relatório das Nações Unidas, existem mecanismos econômicos que lucram até US$ 400 bilhões por ano – uma soma igual à produção mundial de artefatos têxteis.

O mercado de 340 milhões de junkies proporciona aos traficantes, segundo as Nações Unidas, margens de lucro jamais encontradas em qualquer outra atividade econômica.

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