Juiz do ano

Marco Aurélio dedica prêmio ao Judiciário brasileiro

Autor

12 de dezembro de 2006, 18h07

O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Marco Aurélio foi reconhecido pela revista Istoé como o Brasileiro do Ano na área da Justiça. Ele recebeu o troféu ao lado do presidente Luiz Inácio Lula da Silva; do governador eleito da Bahia, Jaques Wagner (Política); do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles; e do maratonista Marilson Gomes dos Santos (Esportes), primeiro brasileiro a vencer a maratona de Nova York, em novembro último.

Marco Aurélio transferiu o mérito e a homenagem recebida por ele ao Judiciário brasileiro. Ele foi saudado pela coragem e pelo trabalho do seu tribunal no esclarecimento e conscientização dos eleitores.

Ironicamente, o ministro foi homenageado junto a dois jurisdicionados que têm pendências judiciais examinadas por ele: o presidente do Banco Central e o próprio Lula.

Isso não afetou o humor do presidente, que chegou a trocar algumas palavras com o ministro. Em seu discurso, Lula manifestou a intenção de entender-se com o Judiciário e com o Legislativo para uma agenda de soluções destinadas a “destravar a economia”.

Ao alinhar os entraves governamentais, Lula lembrou de um alerta que lhe fez o ex-presidente José Sarney quando assumiu para seu primeiro mandato: “De 100% das coisas que a gente decide, só 20% andam. O resto pára em alguma mesa.”

Descontraído, informal e bem humorado, Lula deixou o discurso de lado e falou à vontade. Aos diversos políticos eleitos, o presidente alertou: “Comemorem bem o período entre a eleição e a posse, porque depois da posse vocês vão ver o que é bom”.

Ele ironizou a si próprio ao perguntar se Delfim Netto estava no auditório — lotado de políticos, empresários e jornalistas — “agora eu sou amigo do Delfim Netto, veja só: depois de passar vinte anos criticando-o”, disse, emendando que isso é uma prova da “evolução da espécie humana: quem é de direita vai para a esquerda e quem é de esquerda caminha para a direita”.

Lula rememorou a dívida ativa com a União, que remonta a créditos de R$ 390 bilhões e a da Previdência, de R$ 190 bilhões. Queixou-se que um processo “leva sete anos para chegar na primeira instância e doze anos para chegar ao STF”, provavelmente referindo-se à demora para solução dos casos. Historiou os esforços para estender os benefícios da Previdência aos mais necessitados, que não chegaram a contribuir, mas que se garantem hoje com os benefícios.

Criticou os que “brigam pela queda dos juros, mas não brigam contra a volta da inflação”, no que foi aplaudido pela platéia. E acenou, mais uma vez com a retomada do crescimento. Agradecendo a premiação, Lula provocou risadas ao ressalvar que só estava recebendo o prêmio porque ganhou a eleição. “Se tivesse perdido, não estaria aqui”, brincou.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!