Zero absoluto

Ninguém é aprovado em concurso para juiz de Mato Grosso

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17 de agosto de 2006, 7h00

Dos 740 candidatos que prestaram concurso para juiz em Mato Grosso nenhum, mas nenhunzinho, foi aprovado. O resultado foi anunciado em sessão pública convocada pelo desembargador Licínio Carpinelli Stefani, presidente da Comissão Especial Examinadora do Concurso Público do estado, na terça-feira (15/8).

Do total de inscritos que fizeram a primeira fase de provas, apenas 166 foram aprovados para a segunda fase. As provas dissertativas foram realizadas nos dias 16 e 17 de julho de 2006 (1ª etapa), 23 e 24 de julho de 2006 (2ª etapa). Menos de um mês depois veio a notícia de que ninguém tinha sido aprovado.

O desembargador Licínio Carpinelli Stefani disse que não vai comentar o assunto, porque o concurso ainda está em andamento. De acordo com Salma Catarina Barbato Paiva, chefe do Núcleo Setorial de Concursos Públicos de Mato Grosso, não é possível comentar sobre a dificuldade dos exames, ou do nível dos candidatos, porque o concurso é aplicado e administrado pela Fundação Vunesp. Procurada pela revista Consultor Jurídico, a Vunesp também não se manifestou sobre o assunto.

O edital com o resultado oficial deve ser publicado nesta quinta-feira (17/8). Os candidatos poderão apresentar seus recursos nos dias 21 e 22 de agosto.

O advogado Manuel Alceu Affonso Ferreira, que já atuou em diversas bancas de concursos para a magistratura, diz que não são os concursos que estão difíceis, mais sim o nível de preparação dos candidatos muito baixo.

“Ainda assim, acredito que um concurso pode chegar ao fim, mesmo com as dificuldades. Acabo de sair de uma banca que aprovou 105 candidatos, de um total de 8 mil inscritos.”

Não se repetiu o desastre de Mato Grosso, mas o resultado no concurso em São Paulo também não faz a glória de ninguém. Afinal num concurso que aprova um em cada cem candidatos alguém está errado — ou as provas ou os candidatos. “Não sei o que aconteceu, mas talvez o nível não esteja satisfazendo. A dificuldade do exame está relacionada com a proporção do trabalho que vai ser desempenhado pelo juiz. Não dá para aplicar um exame arroz e feijão para alguém que pretender atuar na magistratura”, avalia.

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