Tiros na rua

José Maria de Mello Porto, juiz do TRT do Rio, é assassinado

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3 de agosto de 2006, 20h17

O juiz José Maria de Mello Porto, do Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região (Rio de Janeiro), foi assassinado com sete tiros, dentro de um automóvel Audi A3 cinza, na Avenida Brasil, uma das mais movimetadas do Rio. O crime ocorreu na altura da favela Parque Alegria, em direção a Linha Amarela, na noite desta quinta-feira (3/8).

Mello Porto seguia para casa em companhia de um procurador aposentado que dirigia o carro. O Audi foi fechado por dois veículos. Oito bandidos teriam participado da ação. O procurador contou que três deles desceram e anunciaram o assalto. Armados com pistolas, fuzis e revólveres, ordenaram que as vítimas saíssem do Audi. Ao receber ordem para deixar o carro, o juiz correu pela calçada e o procurador pelo meio da pista. Os assaltantes então dispararam na direção de Mello Porto e fugiram nos carros em que estavam.

O juiz Mello Porto era uma figura polêmica do judiciário fluminense. Chegou a ensaiar sua candidatura ao governo do estado do Rio ao tempo em que era presidente do TRT e estabeleceu uma longa história de disputas judiciais com jornalistas. Moveu ações contra a colunista Danuza Leão e o jornalista Orlando Carneiro, ambos então no Jornal do Brasil, e contra Marcelo Auler, à época em O Dia.

Processou também os procuradores da República que investigaram sua gestão à frente do TRT-RJ e chegou a prestar depoimento na CPI do Judiciário sobre supostas irregularidades na construção de prédios da Justiça do Trabalho no Rio.

Presidente do TRT entre 1992 e 1994, Mello Porto era primo do ex-presidente Fernando Collor e do ministro do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior eleitoral Marco Aurélio. Ontem, participou de reunião da Sessão Especializada do tribunal, entre 13h e 16h45, durante a qual foram julgados 63 processos em dissídios individuais.

Ao final, quando deixava a sala, sua toga esbarrou num copo de água, que apesar de ter caído num grosso carpete e a menos de 60cm do chão, espatifou-se por completo. Ele virou-se e saiu sem fazer comentários, indo para sua sala.

O procurador que o acompanhava, dono do veículo, não atuava no TRT. Ambos costumavam voltar para casa sempre juntos. Bastante assustado e sem querer se identificar para os jornalistas que chegavam ao local, o procurador disse não acreditar em execução. Mas a opinião não é unânime, inclusive entre desembargadores do órgão.

O presidente do Tribunal Superior do Trabalho, Ronaldo Lopes Leal, divulgou nota lamentando a morte do juiz. “Deploramos o assassinato de um juiz do Trabalho, fuzilado numa região perigosa do Rio de Janeiro. Essa situação não pode continuar. Como presidente do Tribunal Superior do Trabalho, peço às autoridades estaduais o máximo de rigor nas investigações de um crime que choca não só a magistratura trabalhista brasileira, bem como toda a sociedade”, afirmou.

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