Encontro marcado

Palocci depõe sobre propina em Ribeirão Preto na quinta

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20 de abril de 2006, 14h58

O ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci vai depor na próxima quinta-feira (27/4) em Brasília, em investigação sobre o suposto recebimento de propina de R$ 50 mil mensais da empresa Leão Leão, de Ribeirão Preto.

“Não divulgaremos o lugar, mas o ministro mora ainda em Brasília e a Polícia vai até ele”, explica o advogado de Palocci, José Roberto Batochio. “Acertamos para quinta-feira, dia 28 de abril, mas não divulgaremos horário, nem lugar.”

Quem tomará o depoimento de Palocci será o delegado de Polícia Civil Benedito Antonio Valencise. Há 15 dias, o delegado Valencise quis liquidar duas faturas ao mesmo tempo e ouvir Palocci enquanto ele falava à PF. Mas Palocci antecipou seu depoimento aos federais por um dia, frustrando a iniciativa de Benedito Valencise.

O delegado Valencise pretende indiciar Palocci, em sua casa, sob acusação de formação de quadrilha, peculato, falsidade ideológica e corrupção passiva.

A acusação de que Palocci recebia propina partiu do ex-assessor do petista na prefeitura de Ribeirão Preto, o advogado Rogério Buratti. Em depoimentos, Buratti afirmou que o ex-secretário de Fazenda de Palocci em Ribeirão Preto, Ralf Barquete, morto em 2004, entregava mensalmente ao então tesoureiro do PT, Delúbio Soares, R$ 50 mil durante. As entregas, segundo Buratti, foram feitas durante o ano de 2001 e 2002.

A aproximação entre Buratti e Palocci começou em 1992, quando Buratti captou recursos para a campanha à prefeitura da cidade do interior paulista. Com a vitória de Palocci, Buratti se tornou seu homem-forte. Passados dois anos, deixou o cargo com o vazamento de gravação em que negociava a distribuição fraudulenta de obras com empreiteira.

Anos depois, Buratti assumiu um cargo administrativo na maior empreiteira da região de Ribeirão, a Leão Leão. Chegou a vice-presidente do grupo, onde ficou até 2004.

Polícia Federal

Será o segundo depoimento de Palocci a autoridades policiais este ano. No dia 5 passado, falando à PF, o ex-ministro sustentou sua versão sobre a violação de segredo bancário: a conversa de um jardineiro com um caseiro foi o canal através do teria tomado conhecimento de que Francenildo Santos Costa tinha uma movimentação atípica em sua conta bancária.

Foi isso que o ex-ministro contou em seu depoimento à Polícia Federal há 15 dias. Disse que a jornalista Helena Chagas, colunista do jornal O Globo, contou-lhe que seu jardineiro conhecia o caseiro e sabia que ele tinha recebido um bom dinheiro. Outra boa notícia que a jornalista teria dado ao ministro era que o jardineiro nunca vira Palocci na casa em que Francenildo trabalhava como caseiro.

No depoimento, Palocci contou também como recebeu o extrato de Francenildo das mãos do presidente da Caixa Econômica Federal, Jorge Mattoso, na noite do dia 16 de março, mesmo dia em que o sigilo bancário de Francenildo deixou de ser um segredo. Segundo Palocci, Mattoso foi à sua casa, entregou-lhe o envelope com os extratos de Francenildo e conversaram sobre assuntos de trabalho.

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