Operação Lince

Ex-delegado da PF em Ribeirão Preto é condenado por corrupção

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26 de setembro de 2005, 17h25

O juiz da 4ª Vara Federal de Ribeirão Preto, Augusto Martinez Perez, condenou o delegado federal Wilson Alfredo Perpétuo a seis anos e oito meses de prisão pelo crime de corrupção ativa e à perda do cargo público. Esta é a segunda vez que Perpétuo é condenado em virtude dos mais de 20 processos judiciais abertos em conseqüência da Operação Lince, deflagrada em conjunto pelo Ministério Público Federal e a Polícia Federal em junho de 2004.

Perpétuo foi condenado por ter incentivado Mário do Amaral Fogassa, acusado de homicídio qualificado, formação de quadrilha e receptação, a oferecer suborno para dois policiais civis da Delegacia de Investigações Gerais de Ribeirão Preto que cumpriam mandado de prisão preventiva expedido pela Justiça Estadual do Paraná contra o acusado pelo crime de receptação qualificada.

No dia 9 de junho de 2004, monitoramento telefônico autorizado pela Justiça Federal de Ribeirão Preto, a pedido do MPF e da PF, captou ligação de Fogassa para Perpétuo em que o primeiro pedia ajuda sobre como se desvencilhar da prisão e o segundo o orienta a “conversar com os caras” e “soltar uma grana” , demonstrando intimidade com o outro acusado e, ao mesmo tempo, temor de auxiliá-lo de forma explícita, o que poderia prejudicá-lo em função de ter inimigos na Polícia Civil.

Para o juiz, as alegações da defesa de ambos os réus de que não houve o crime ou de que houve apenas uma mera tentativa, uma vez que a propina foi recusada, não se sustentam. Para Martinez, o simples oferecimento de vantagem indevida já caracteriza o crime de corrupção e, no caso de Perpétuo, o crime se agrava pelo fato de o próprio ser também um policial e ter sugerido a um acusado de vários crimes que subornasse agentes de outra polícia, de atividade congênere a sua, mostrando “absurdo descaso com a lei”e “desprezo pelas instituições”.

Fogassa, por sua vez, foi condenado a cinco anos de reclusão pelo crime de corrupção ativa e mais três anos pelo crime de uso de Carteira Nacional de Habilitação falsa. Em 23 de junho, busca e apreensão autorizada pela Justiça na Operação Lince encontrou na casa de Fogassa documentos em nome de uma pessoa chamada Marian, nome que o acusado usava, pois estava sem documentos desde uma prisão anterior.

Com mais esta condenação, Perpétuo, que se encontra preso na carceragem da Polícia Federal em São Paulo, já tem 13 anos e quatro meses de prisão para cumprir e foi condenado duas vezes a perda do cargo público. Seis anos e oito meses pelo crime de tráfico de drogas, crime pelo qual ele foi condenado em janeiro, e mais seis anos e oito meses pelo crime de corrupção ativa. Apesar da condenação, o MPF deverá recorrer para pedir o aumento da pena de ambos os acusados.

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