Eutanásia em discussão

Congresso dos EUA quer religar sondas que mantinham mulher viva

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20 de março de 2005, 17h05

O Congresso dos Estados Unidos quer aprovar uma medida para que as sondas que mantinham viva a norte-americana Terri Schiavo, de 41 anos, sejam religadas. Os parlamentares convocaram uma sessão extraordinária neste domingo (20/3) para tratar da questão.

Em estado de coma vegetativo há 15 anos, Terri teve as sondas desligadas na última sexta-feira (18/3), por ordem da Justiça da Flórida. Desde 1990, quando sofreu um ataque do coração e danos cerebrais irreversíveis, ela sobrevivia com alimentação e hidratação ministradas artificialmente.

Segundo o site Terrisfight.org, mantido pelos pais da norte-americana, a idéia é submeter casos do gênero à Justiça Federal. Na prática, a medida permitiria que os pais de Terri tentassem anular a decisão num tribunal federal. O presidente George W. Bush deve interromper seu descanso no Texas para assinar a medida.

O desligamento dos aparelhos representou uma vitória do marido Terri, Michael Schiavo, sobre os pais dela, Robert e Mary Schindler. A batalha em torno da manutenção da vida de Terri mobilizou a opinião pública dos Estados Unidos nos últimos sete anos.

Michael defende o desligamento dos tubos, dizendo que esse era o desejo dela. Os pais lutam para mantê-la viva artificialmente. A opinião pública americana se dividiu. Na Internet, há meio milhão de páginas sobre o caso — a favor e contra.

Apesar de as sondas terem sido desligadas na sexta, especialistas afirmam que Terri deve continuar vivendo por uma ou duas semanas, até morrer por inanição. Eles também garantem que ela não sofrerá. Nesse meio tempo, Robert e Mary Schindler apostam as últimas fichas no movimento dos parlamentares.

Não é a primeira vez que o Congresso tenta impedir a morte de Terri. No dia da retirada das sondas, o juiz George Greer, da corte de apelação da Flórida, rejeitou um pedido feito por procuradores da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, que já havia aprovado uma lei para impedir o desligamento dos aparelhos.

O juiz entendeu que o Congresso não pode intervir no caso. Ele esclareceu que a aprovação da lei não anula as decisões judiciais sobre o caso da mulher. As duas casas do Congresso americano chegaram a expedir uma intimação para Terri e seu marido irem a Washington prestar depoimento, mas o juiz ignorou a ordem dos parlamentares e aprofundou ainda mais o conflito entre Judiciário e Legislativo em torno do caso.

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