Por ordem da Justiça da Flórida, foram desligadas as sondas que mantinham viva, há 15 anos, a norte-americana Terri Schiavo, de 41 anos. Desde 1990, quando sofreu um ataque do coração e danos cerebrais irreversíveis, Terri está em estado de coma vegetativo e sobrevive com a alimentação e hidratação ministradas artificialmente. As informações são do site Terrisfight.org, mantido pelos pais dela, Robert e Mary Schindler.
O juiz norte-americano George Greer, da corte de apelação da Flórida, determinou, nesta sexta-feira (18/3), o desligamento das sondas. Ele rejeitou um pedido feito por procuradores da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, que aprovou na madrugada de quinta-feira uma lei para impedir o desligamento dos aparelhos.
Depois da aprovação da lei, outro juiz da Flórida suspendeu a determinação de retirada das sondas com o argumento de que aspectos legais ainda deveriam ser esclarecidos. A lei para impedir a morte de Terri foi aprovada pelos parlamentares norte-americanos depois que a corte de apelações da Flórida negou o adiamento do desligamento dos aparelhos. A nova lei determinou que esses casos sejam analisados apenas pela Justiça Federal.
A decisão de Greer, contudo, confirmou o desligamento dos aparelhos. O juiz entendeu que o Congresso não pode intervir no caso. Ele esclareceu que a aprovação da lei não anula as decisões judiciais sobre o caso da mulher.
Numa última tentativa as duas casas do Congresso americano expediram uma intimação para Terri e seu marido, Michael Schiavo, irem a Washington prestar depoimento na semana que vem. O juiz ignorou as ordens dos parlamentares, aprofundando ainda mais o conflito entre o Judiciário e o Legislativo em torno do caso.
A batalha em torno da manutenção da vida de Terri mobilizou a opinião pública dos Estados Unidos nos últimos sete anos. Michael, Schiavo, marido de Terri, defende o desligamento dos tubos, dizendo que esse era o desejo dela. Os pais de Terri lutam para mantê-la viva artificialmente. A opinião pública americana se dividiu. Na internet, há meio milhão de páginas sobre o caso –- a favor e contra.
O próprio presidente George Bush entrou na polêmica, defendendo a manutenção das máquinas que mantém Terri viva. Em nota oficial, emitida na quinta feira, a Casa Branca afirmou que “o caso de Terri Schiavo abrange temas complexos. Em casos como esses, onde há serias questões e dúvidas substanciais, nossa sociedade, nossas leis e nossos tribunais têm uma posição a favor da vida”.
Segundo a Presidência dos Estados Unidos, “deve ser nosso objetivo, como nação, construir uma cultura de vida, onde todos os americanos são valorizados, acolhidos e protegidos e em que a cultura da vida deva ser estendida a todas as pessoas portadoras de deficiências”.
De acordo com especialistas, Terri ainda deve continuar vivendo por uma ou duas semanas. E até lá, não estão descartados novos lances na batalha judicial que continua.