Carne humana

ONU terá escritórios no Brasil para combater tráfico de humanos

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15 de março de 2005, 9h49

O Undoc, escritório da Organização das Nações Unidas que estuda e ajuda a combater o tráfico de drogas e a criminalidade, anunciou nesta segunda-feira (14/3) a criação de quatro escritórios no Brasil para detectarem e combaterem o tráfico de seres humanos. Os birôs passam a funcionar em Goiás, Ceará, Rio de Janeiro e São Paulo.

Segundo o Undoc, o tráfico de seres humanos já ocupa o terceiro lugar na escala do crime organizado, precedido do tráfico de armas e do tráfico de drogas (as dez principais máfias do mundo, enraizadas em 23 países, movimentam por ano cerca de US$ 3 trilhões, gerados a partir de US$ 200 bilhões que os cartéis colombianos do pó movimentam a cada 12 meses).

“O tráfico de seres humanos já movimenta US$ 9 bilhões por ano. Pelos nossos dados, o tráfico de cidadãos brasileiros começa em Goiás e Ceará, e passa por São Paulo e Rio de Janeiro. Nossas estatísticas apontam que 5 mil goianas vivem na Europa como autênticas escravas sexuais, sobretudo na Espanha, Portugal, Suíça e Itália”, revelou João Henrique Ribeiro Roriz, consultor Undoc e chefe do Escritório de Prevenção ao Tráfico de Pessoas e Assistência à Vítima, em Goiás, à revista Consultor Jurídico. O órgão trabalha desde 2002 no Brasil em conjunto com a PF e com o Ministério da Justiça.

O último dossiê das Nações Unidas sobre tráfico de seres humanos refere os seguintes dados: entre 300 e 500 mil mulheres e crianças são traficadas anualmente para a Europa Ocidental; 250 mil pessoas são literalmente vendidas por ano na Ásia; pelo menos 50 mil mulheres e crianças são traficadas por ano aos EUA, em média 10 mil vêm da América Latina; o número total de mulheres e crianças traficadas no mundo varia entre 700 mil e 1 milhão por ano; uma adolescente pode ser comprada na Albânia por 1,5 mil dólares para trabalhar num bordel na Europa Ocidental; imigrantes ilegais da província Chinesa de Fujian pagam 60 mil dólares para traficantes chamados “cabeças-de-cobra”, para serem levados ao Canadá, onde são levados a traficar drogas ou trabalhar na indústria do sexo; de 40 a 50 mil mulheres tailandesas trabalham ilegalmente no Japão como prostitutas; donos de bordéis na Alemanha retêm 90% dos lucros de suas prostitutas importadas da ex-Alemanha Oriental; garotas cambojanas de 15 anos de idade são alugadas por três meses ao preço de 200 dólares; 30 prostitutas seriam repatriadas mensalmente da Espanha de volta ao Brasil; grupos organizados mexicanos forçam deficientes físicos a trabalharem como pedintes.

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