Omissão de socorro

Mulher morre durante audiência em Fórum de Fortaleza

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19 de maio de 2005, 17h03

Nem médicos nem desfibriladores: na tarde de terça-feira (17/5), uma mulher que participava de audiência no Fórum Clóvis Beviláqua, em Fortaleza, teve um ataque cardíaco e não pode contar com pronto-atendimento. Já que o fórum não dispunha de infra-estrutura para atendimento de emergências, a mulher foi socorrida por bombeiros. Depois de uma espera de quase 30 minutos para a chegada da ambulância, foi levada ao hospital, onde morreu.

O acidente aconteceu por volta das duas horas. Considerado o maior fórum em área construída da América Latina, o Clóvis Beviláqua abriga mais de 100 Varas, Defensoria Pública, Ministério Público, dois restaurantes, uma movimentada cantina, três agências bancárias e uma capela. Por lá, passam diariamente 2 mil pessoas, em média, que se somam aos 2 mil servidores do tribunal.

Mesmo assim, não há nenhum posto avançado de pronto-atendimento no prédio. Há apenas um departamento médico que supostamente dá atendimento aos funcionários do fórum.

Comenta-se no Fórum de Fortaleza que os médicos do setor são parentes de desembargadores e por isso não teriam, sequer, de bater ponto no local. Procurada pela revista Consultor Jurídico, a diretora do Serviço Médico do Tribunal de Justiça do Ceará e do Fórum Luziane Bringel disse não saber da suspeita mas negou-se a fornecer os nomes dos médicos contratados.

De acordo com ela, os dois tribunais contam com nove médicos e há sempre pelo menos um de plantão no Fórum, mas o posto não é equipado para atendimento de emergência. Na tarde de terça-feira, nenhum deles apareceu no local do prédio onde mais se precisava de um médico. “Lá dispomos apenas de infra-estrutura para exames burocráticos, como exame de admissão”, afirmou Luziane.

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