Brincadeira e castigo

Mackenzie de Brasília expulsa alunos por travessura em hotel

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10 de maio de 2005, 18h44

A unidade Brasília do Instituto Presbiteriano Mackenzie expulsou da escola cinco alunos adolescentes que, em uma excursão de três dias a São Paulo, no meio de uma brincadeira, provocaram o vazamento da espuma de um extintor do hotel em que se hospedavam.

De acordo com Helena Sílvia Fialho Moreira, mãe de um dos adolescentes envolvidos, a expulsão dos alunos foi uma decisão arbitrária da escola, que não deu chance de defesa aos estudantes. Segundo Helena, a diretora do colégio, Sandra Paiva, pediu aos pais para transferir os alunos da para que eles não passassem pelo “trauma da expulsão”.

Os estudantes expulsos, segundo seus pais, têm boas notas e jamais tiveram qualquer problema disciplinar antes. Alguns deles integram a seleção de handebol do colégio e a do Distrito Federal. O fundamento em que se baseiam os pais é o da responsabilidade da escola, que deveria zelar não só pelo bem estar, como pelo comportamento dos estudantes.

Nesta terça-feira (10/5) a diretora da instituição se reuniu formalmente com os pais dos alunos expulsos. Ela entregou a transferência dos adolescentes por escrito, explicando a expulsão de acordo com as normas da escola. Dos cinco alunos, quatro aceitaram a expulsão e apenas um — o filho de Helena — resiste à decisão.

Para ela, o comportamento dos estudantes é passível de punição, “mas não comporta uma decisão extremada como a que se adotou, já que esse tipo de brincadeira é absolutamente previsível nessa idade”. Helena sustenta que, caso os professores cumprissem seu papel, dentro do que cabe a quem promove uma excursão, “o incidente não aconteceria”.

Os pais procuraram pela OAB e pelo Ministério Público. Eles devem impetrar Mandado de Segurança para reintegrar os alunos. O Ministério Público ouvirá os pais dos alunos nesta quarta-feira (11/5). O secretário-geral da Seccional da OAB do Distrito Federal Francisco Amaral está acompanhando o caso.

Conforme contou Helena, uma estudante que contestou a decisão da escola no espaço do site da instituição, destinado a manifestações dos alunos, foi chamada na diretoria e advertida por escrito. Na sexta-feira (6/5) cerca de cem alunos também fizeram protesto em frente à sala da coordenação. Com tarjas pretas no braço, sentaram no corredor da escola, de costas para a sala da coordenação geral da escola, dizendo frases de repúdio contra a punição. Outro aluno, que recolhia números de telefones de pais para informar o que acontecia, foi ameaçado de ter sua bolsa de estudos revogada se continuasse no movimento.

Procurada pela revista Consultor Jurídico, a diretora do Mackenzie, Sandra Paiva, não quis se manifestar sobre o assunto.

Os pais, inconformados com a atitude da escola, lamentam o fato de a expulsão ter-se dado a 40 dias do vestibular de meio de ano. Os alunos cursavam o terceiro ano do segundo grau e estavam inscritos para o exame de ingresso na UnB — Universidade de Brasília onde alunos com média acima de oito, uma vez aprovados, podem entrar para a faculdade sem precisar concluir o ano letivo do segundo grau.

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