Dose amarga

Schincariol nega sonegação e avisa que pode parar produção

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20 de junho de 2005, 15h34

A Schincariol garantiu nesta segunda-feira (20/6) que está rigorosamente em dia com suas obrigações trabalhistas, fiscais e sociais. A empresa afirmou, que ainda não foi autuada pelo Fisco em decorrência da chamada “Operação Cevada”, deflagrada na quarta-feira (16/6) para desmantelar um suposto esquema de sonegação fiscal no setor de bebidas, que acabou resultando na prisão dos dirigentes da companhia.

A mega-operação feita pela Polícia e Receita Federal prendeu dirigentes do grupo Schincariol por suspeita de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, sonegação de impostos (algo próximo a R$ 1 bilhão nos últimos cinco anos), evasão de divisas e corrupção de funcionários públicos.

A cobrança do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI) é feita por meio de um valor fixo, por tipo e volume de produto. Nos últimos anos, o setor de bebidas foi autuado, em média, em R$ 400 milhões por tributos sonegados. No ano passado, segundo a Receita, a sonegação chegou a R$ 650 milhões.

A Schincariol informou, por meio de nota publicada nos principais jornais do país, que no ano passado recolheu aos cofres públicos R$ 1,2 bilhões e que, até maio deste ano, foram recolhidos ao Fisco aproximadamente R$ 700 milhões. A Schincariol alega, ainda que com encargos sociais foram gastos até maio R$ 3,9 milhões e outros R$ 13,5 milhões com folha de pagamento.

A companhia disse que não teve conhecimento das infrações que lhe foram atribuídas, acrescentando que outras empresas “inclusive do mesmo ramo de atividade, sofreram recentemente graves autuações fiscais sem que, no entanto, houvessem provocado repercussão penal”.

“Note-se, no entanto, que a empresa não foi sequer autuada pelo Fisco em decorrência da aludida operação, desconhecendo-se por completo quais infrações fiscais/tributárias eventualmente a ela imputadas”, afirmou a Schincariol, no documento.

A Schincariol caracterizou como “injustas” e “desnecessárias” as prisões de seus dirigentes, acrescentando que a atual situação coloca em risco a “própria sobrevivência da empresa, quer pela impossibilidade de ser administrada, quer pela impossibilidade de honrar seus compromissos com fornecedores, Fisco e próprios empregados”.

O departamento jurídico da empresa alega que ainda não tiveram acesso aos documentos que levaram 70 dirigentes da companhia à prisão. Neste segunda-feira, um grupo de advogados deve ir ao Rio de Janeiro para requerer à Justiça pedido de soltura dos funcionários.

A Schincariol tem faturamento anual de R$ 2,5 bilhões e o grupo, com sede na cidade paulista de Itu gera 7 mil empregos diretos em suas fábricvas e outros 25 mil indiretos. A companhia detém cerca de 13% do mercado brasileiro de cervejas e produz, anualmente, 3 bilhões de litros de cervejas.

Na semana passada, depois da mega-operação da PF e Receita o grupo tirou do ar a campanha publicitária da Nova Schin, denominada “Enrolation” e voltou a divulgar a “Neurônios”, lançada em abril.

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