Operação Castelinho

Justiça paulista começa a ouvir PMs da Operação Castelinho

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24 de fevereiro de 2005, 13h33

Mais de um ano depois de receber a denúncia, a Justiça paulista começa a ouvir nesta quinta-feira (24/2) os depoimentos dos policiais militares envolvidos na chamada “Operação Castelinho”, que resultou na morte de 12 supostos membros do PCC (Primeiro Comando da Capital), ocorrida em março de 2002.

Os depoimentos serão prestados, por meio de carta precatória — já que a maioria dos PMs trabalha na capital paulista — proveniente do Fórum de Itu. O juiz do 1º Tribunal do Júri da Capital, Homero Maion, vai ouvir três oficiais: o coronel Romeu Takami Mizutani, o major Augusto Fernando da Silva e o tenente Dimas Mecca, além de um policial militar o subtenente Pedro Silva dos Santos. O próximo depoimento está marcado para 10 de março.

Em 4 de dezembro de 2003, o Ministério Público denunciou 53 policiais militares e dois presos. No dia 12, o juiz da 1ª Vara de Itu, Paolo Pellegrini Júnior, aceitou a denúncia contra os presos e o grupo de PMs, entre eles dez oficiais. No processo 65/02-A, os acusados vão responder por homicídio triplamente qualificado — motivo fútil, meio cruel e emboscada.

Pela versão oficial da PM, o grupo de suspeitos — que usava um ônibus e duas camionetes ao serem interceptados — pretendia assaltar um avião de transporte de dinheiro no aeroporto e, por isso, foi interceptado na praça de pedágio da rodovia José Ermírio de Morais, na região de Sorocaba.

Mas, para a promotora de Justiça Vania Maria Tuglio, que apresentou a denúncia, a “Operação Castelinho” não passou de uma “armadilha” montada pela polícia e por presos infiltrados que teriam inventado o suposto roubo do avião e atraído os suspeitos para serem mortos.

Segundo o Ministério Público, a “Operação Castelinho” envolveu o extinto Gradi (Grupo de Repressão e Análise dos Delitos de Intolerância). O grupo foi criado em março de 2000 para investigar crimes de racismo e discriminação, mas, após a mega-rebelião do PCC, em fevereiro de 2001, os PMs passaram a investigar ações da facção.

O Gradi teria recrutado presos — para infiltrá-los em quadrilhas e apurar ações do crime organizado — entre julho de 2001 e abril de 2002, quando, após denúncias de irregularidades, o grupo foi extinto.

Ao receber a denúncia, o juiz Pellegrini Júnior entendeu que houve “presença de indícios de autoria e prova da materialidade dos crimes narrados na denúncia”.

Entre os réus estão o coronel José Roberto Martins Marques, que comandava a Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) na ação, o major Augusto Fernando da Silva, subcomandante da Rota na época, o tenente-coronel reformado Roberto Mantovan, ex-coordenador do Gradi da PM e o tenente-coronel Romeu Takami Mizutani, que comandava o policiamento rodoviário da região.

Os outros policiais processados pertenciam na época ao Gradi e à Rota. Os presos Marcos Massari e Gilmar Leite Siqueira, que trabalhavam infiltrados para o Gradi, também foram denunciados por homicídio triplamente qualificado.

Os presos Marcos Massari (o Tão) e Gilmar Leite Siqueira estão foragidos desde agosto do ano passado. Os dois escaparam pela porta da frente da Penitenciária de Itaí.

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