Tráfico de mulheres

Testemunhas da operação Corona são ouvidas nessa quinta

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15 de dezembro de 2005, 19h28

As 32 testemunhas de acusação e de defesa da chamada Operação Corona, promovida pela Polícia Federal para desmantelar uma quadrilha internacional que traficava mulheres, estão sendo ouvidas nesta quinta-feira (15/11). Elas têm seus nomes mantidos em sigilo por determinação do juiz federal Walter Nunes.

Conforme a Consultor Jurídico informou com exclusividade na ocasião, a Operação Corona foi feita por policiais federais na madrugada de 2 de novembro de 2005 no Rio Grande do Norte, e prendeu seis italianos e oito brasileiros.

A quadrilha investigada é acusada de montar uma rede de casas de prostituição com o propósito de o tráfico de mulheres franquia na exploração de casas de prostituição. A quadrilha, ligada ao grupo mafioso italiano Unitá Corona estabeleceu sua base de atuação na praia de Ponta Negra, em Natal (RN). Lá explorava a boate Ilha da Fantasia, dois bares e uma pousada. A pousada servia para hospedar fregueses das prostitutas que eram arregimentadas e exploradas pela quadrilha. Paralelamente, os italianos possuíam a boate Giralda, em Sevilha, na Espanha, destino das prostitutas que eles traficavam.

Varias das testemunhas ouvidas até agora confirmaram saber da existência da boate Giralda, na Espanha, e que ela pertence a Giuseppe Ammirabile, e suposto dono da boate Ilha da Fantasia em Natal. Segundo as testemunhas, o temperamento dos italianos é violento e um antigo funcionário do local contou em seu depoimento que Salvatore Borrelli, um dos membros da quadrilha, o ameaçou e o agrediu fisicamente, chegando inclusive a ameaçá-lo perante de um juiz da justiça estadual.Outra testemunha teve o muro da casa derrubado por um deles.

A Justiça Federal, usando o acordo de cooperação jurídica internacional, já pediu ao ministro da Justiça Italiana a folha de antecedentes criminais dos acusados. Depois dessa etapa haverá uma audiência na Itália, para ouvir testemunhas arroladas por Ammirabile e Borrelli que deverá ser transmitida por videoconferência.

Ilha da fantasia

O italiano Giuseppe Ammirabile, vulgo “dom Pino”, “Pepino” ou “Pingüim”, apontado como o chefe da quadrilha, negociava a abertura de boates, também chamadas de Ilha da Fantasia, nas cidades de São Paulo, Recife e Fortaleza. Segundo a procuradora da República Cibele Benevides Guedes da Fonseca, funcionariam como lojas de franquia, inclusive arregimentando meninas e mulheres para se prostituírem tanto em Natal como na boate de Sevilha, na Espanha.

Foram denunciados pela Procuradoria da República os italianos Giuseppe Amirabille, Salvatore Borelli, Paolo Quaranta, Vito Francesco Ferrante, Simone De Rossi, Paolo Balzano e os brasileiros Aldenilda Gomes de Araújo, Camila Ramos Martins, Odorico Martins, Cleyson Ramos de Barros, Daniel Amaro Vieira, João Henrique Bezerra Dantas, vulgo “Boca”, Edmilson Umbelino de Souza e Paulo Roberto Correia De Melo, vulgo “Paulinho” ou “Bolinha”.

A quadrilha responde por uma gama de crimes que inclui associação para formar organização criminosa, tráfico internacional e tráfico interno de pessoas, crimes contra o Sistema Financeiro, lavagem de dinheiro e exploração da prostituição. Sobre alguns deles, recai ainda a acusação de falsidade ideológica.

Os mafiosos estavam no Brasil desde dezembro de 2004. Ammirabile, Borrelli e Quaranta têm extensas fichas policiais tanto na Itália como em outros países já tendo cumprido pena por trafico de drogas, de armas e de pessoas e por contrabando entre outros crimes. Quaranta cumpriu pena por duplo homicídio no Canadá. Ammirabile foi preso, na Itália, por crimes como tráfico de drogas, de armas e de pessoas, lavagem de dinheiro e crimes financeiros.

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