Morte em Anapu

Assassino de Dorothy Stang é condenado a 27 anos de prisão

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10 de dezembro de 2005, 19h51

Foi condenado neste sábado (10/12) Rayfran das Neves Sales, o Fogoió, a 27 anos de prisão pelo assassinato da missionária americana Dorothy Stang no dia 12 de fevereiro, em Anapu, no Pará. Clodoaldo Carlos Batista, o Eduardo, que acompanhava Rayfran no momento do crime, foi condenado a 17 anos de prisão. Os dois foram acusados diante do Tribunal do Júri de Belém por homicídio duplamente qualificado. A Defensoria Pública disse que irá recorrer da sentença pedindo a condenação à pena máxima, de 30 anos.

A defesa alegou que não houve a promessa de pagamento pelo crime, e pediu a condenação por homicídio simples de Rayfran, por ter agido “sob forte emoção”, e a absolvição de Clodoaldo Batista, por ter procurado dissuadir Rayfran de cometer o crime. As informações são do portal Estadão.

O julgamento, que começou na sexta-feira às 8h40 e prosseguiu até às 19h30 — foi reiniciado pela manhã com as alegações finais do promotor de Justiça Edson de Souza. Logo no início da intervenção, ele deixou clara a intenção de pedir pena máxima para Rayfran e Clodoaldo Carlos Batista. De acordo com o promotor, foi um homicídio qualificado — planejado, mediante promessa de pagamento, e no qual a vítima não teve nenhuma chance de defesa.

Uma das principais preocupações do promotor Souza foi tentar derrubar a tese da defesa de que Clodoaldo teria tido uma pequena participação no crime e até procurou demover Rayfran do intento.

Segundo a tese do promotor, Clodoaldo teve participação direta no crime. “Já pudemos ver que Rayfran é instável emocionalmente, mudando de opinião com facilidade, enquanto Clodoaldo é mais duro, domina melhor as situações”, afirmou. “A arte de matar está no Rayfran, mas a arte de conceber o crime intelectualmente está neste outro homem aqui”, completou, apontando para Clodoaldo, que, à frente dele e de costas para o júri, ouvia de cabeça abaixada.

O promotor também disse que Dorothy, “senhora de comportamento humilde, mas de inteligência acima da média”, sabia que o controle da situação estava nas mãos de Clodoaldo e por isso dirigiu-se a ele, no rápido diálogo que teve com os dois antes de receber os seis tiros. “Quando sentiu que ia morrer, foi a ele que a Dorothy se dirigiu, tentando estabelecer um diálogo”.

Outros três acusados pela morte de Dorothy Stang deverão ser julgados, mas ainda não há data prevista. São eles os fazendeiros Vitalmiro Bastos de Moura, o “Bida”, e Regivaldo Pereira Galvão, o “Taradão”, que seriam os mandantes do crime, segundo o Ministério Público, e Amair Feijoli, o “Tato”, que teria intermediado a contratação de Rayfran e Clodoaldo.

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