Com o objetivo de aproximar o judiciário da sociedade, a AMB — Associação dos Magistrados Brasileiros vai lançar a Campanha pela Simplificação da Linguagem Jurídica - o chamado “juridiquês”. O ato ocorre no dia do advogado, 11 de agosto, às 11h, na Faculdade de Direito da Fundação Getúlio Vargas, Rio de Janeiro.
Para o juiz e presidente da AMB, Rodrigo Collaço é necessário reunir os estudantes de direito e os jornalistas para difundir a simplificação dessa linguagem e promover a aproximação da sociedade com o meio jurídico. Como o uso da linguagem tradicional do Direito, que começa a ser aprendida já na faculdade, os estudantes serão o alvo inicial da campanha.
Segundo a AMB, que reúne 15 mil juizes, é clara a noção de quanto mais distante a linguagem usada nos atos judiciais, menos compreendida é atuação do Judiciário pelo cidadão. E por isso, a campanha quer modificar essa cultura lingüística do Direito, para que a atuação da justiça seja compreendida por todos os cidadãos.
O professor Pasquale Cipro Neto, especialista em Língua Portuguesa, será um dos palestrantes na abertura do evento
Veja alguns exemplos do “juridiquês” e sua tradução:
Apelo extremo: recurso extraordinário
Autarquia ancilar: Instituto Nacional de Previdência Social
Cártula chéquica: folha de talão de cheque
Com espeque (ou com fincas) no artigo, estribado, com supedâneo no artigo: com base no artigo
Digesto obreiro: Consolidação das Leis do Trabalho
Diploma provisório: medida provisória
Ergástulo público: cadeia
Exordial acusatória, peça increpatória, peça acusatória inaugural: denúncia
O autor está eivado de razão: o autor está com inteira razão
Peça incoativa, petição de intróito, peça-ovo: petição inicial
Remédio heróico: mandado de segurança
Comentários de leitores
8 comentários
Francisco Carlos Martins de Castro (Oficial de Justiça)
Em princípio, vejo com bons olhos a campnha para simplificação da linguagem jurídica utilizada diariamente, mas somente no tocante aos casos extremos, de uso do português castiço, pois toda profissão possue linguagem própria, e o bom senso deve ficar no meio termo. Senão, corremos o risco de nivelar por baixo, como geralmente ocorre em todos os níveis do sistema educacional. Bom senso, afinal isso é o espírito básico do Direito.
Andrea Moraes (Estudante de Direito)
Questão de bom senso ! É fato que a "comunicação" foi vital para a evolução do homem. Como logo a classe jurídica pode se orgulhar de não conseguir se comunicar com seu público?? É um contra senso, total absurdo! Agora, para enganar clientes .... é mais fácil falar difícil. !!
Alencastro (Estudante de Direito - Criminal)
Já era tempo de se fazer esta reforma. É absurda a forma como escreve a maioria dos que têm formação jurídica. Na verdade, há problemas muito mais complexos do que simplesmente o fato de se utilizarem palavras latinas, quais sejam, o de não conhecerem a Língua Portuguesa; e, pior, o de não admitirem a deficiência. Portanto, é premente e inadiável tal reforma, para que, num futuro próximo, tenhamos profissionais mais bem preparados, ao menos, nesse sentido.
Comentários encerrados em 18/08/2005.
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