Cerco federal

Índios mantêm policiais federais como reféns em Roraima

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23 de abril de 2005, 14h15

Os índios que mantêm quatro agentes da Polícia Federal como reféns na comunidade do Flechal, no município de Uiramutã, em Roraima, só devem liberar os policiais quando o governo federal tomar alguma medida que sinalize alterações na homologação de forma contínua da terra indígena Raposa Serra do Sol. As informações são da Agência Brasil.

“Nós não fomos ouvidos pelo presidente Lula nem pelo Márcio Thomaz Bastos (ministro da Justiça). Eles têm que fazer algo para mudar isso. Os indígenas do Flechal não querem viver isolados”, disse à Agência Brasil o tuxaua macuxi Abel Barbosa, vice-presidente da Sodiur — Sociedade de Defesa dos Indígenas Unidos do Norte de Roraima.

A Sodiur, segundo Abel, tem 49 associados. O tuxaua Lauro Barbosa, que — de acordo com informações oficiais da Secretaria Estadual do Índio — teria ordenado o cárcere dos quatro policiais, pertence à organização. Abel explicou que os indígenas ligados à Sodiur estão revoltados com a homologação em forma contínua da Raposa Serra do Sol porque ela significaria um isolamento das comunidades, que hoje desenvolvem projetos com não-índios e têm ações do governo municipal e estadual.

O delegado Osmar Tavares, da Polícia Federal, informou que oito policiais federais partiram para Uiramutã, com destino à comunidade do Flechal (a viagem até lá, de carro, dura cerca de três horas). Ele garantiu que o objetivo da missão é estabelecer um diálogo com os indígenas e que, por enquanto, afasta a possibilidade de conflito armado.

Os índios da maloca do Flechal, na Raposa Serra do Sol, tornaram reféns na tarde de sexta-feira (22/4) quatro policiais federais destacados pela Operação Upatakom para patrulhar a área. A ação foi em protesto pela homologação da reserva, ocorrida no último dia 15.

A ação foi comandada pelo segundo tuxaua da maloca do Flechal, Lauro Joaquim Barbosa, em cumprimento à ameaça de que não iriam aceitar pacificamente a homologação da terra indígena. Segundo informações do CIR — Conselho Indígena de Roraima, 23 comunidades seriam contrárias à demarcação contínua. A Secretaria do Índio contabiliza 32.

As informações que chegaram à Secretaria do Índio, por sistema de radiofonia, apontam que os policiais foram detidos em uma ação planejada, após sua passagem pela maloca do Flechal.

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