Quebra de segredo

Polícia Federal indicia Daniel Dantas pelo caso Kroll

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13 de abril de 2005, 18h46

O banqueiro Daniel Dantas, dono do Banco Opportunity, foi indiciado nesta quarta-feira (13/4) pela Polícia Federal, sob a acusação de formação de quadrilha, revelação de segredo e corrupção ativa. O Opportunity é o controlador da Brasil Telecom, a terceira maior empresa de telefonia fixa do país. Na segunda-feira (11/4) a PF indiciou também, pelos mesmos crimes, a presidente da empresa, Carla Cico.

Daniel Dantas e Carla Cico são acusados de contratar, através da Brasil Telecom, a multinacional de investigações privadas Kroll Associates para espionar executivos da Telecom Italia. A Telecom Italia disputa com o Opportunity o controle da Brasil Telecom. As informações são da Agência Brasil e Folha Online.

Durante duas horas e meia, o dono do Opportunity foi ouvido por um Delegado da Divisão de Inteligência da Polícia Federal de Brasília que conduz as investigações. Estava acompanhado dos advogados Nélio Machado, Antônio Carlos de Almeida Castro e José Luis Oliveira Lima.

Em seu depoimento, Daniel Dantas negou todas as acusações. Para o advogado Nélio Machado, “há inconsistência absoluta em relação à apuração”. Nélio Machado, que além do presidente do banco Opportunity, defende também Carla Cico, presidente da Brasil Telecom, disse mais tarde, segundo reportagem do Valor On-line, esperar que o delegado encarregado da investigação “possa revisar tudo o que fez e voltar atrás” na decisão de indiciar os dois executivos.

Segundo Machado, “o inquérito está viciado desde o início”, uma vez que o delegado Romero Menezes declarou em outubro de 2004, ter elementos para indicar Carla e Daniel Dantas. “Como ele já podia ter esses elementos naquele momento?”, questiona.

“Estamos diante de um caso em que o absurdo é a regra e o razoável não tem lugar”, afirmou o advogado. Segundo ele, seus clientes estão sendo acusados por terem contratado a Kroll, uma empresa que goza de credibilidade internacional e que prestou serviços desta mesma natureza ao governo e ao congresso. Se há suspeitas quanto à sua maneira de agir “o razoável é que a própria Kroll seja investigada”, argumentou

A Polícia Federal começou as investigações no ano passado, logo após a revelação de que as investigações da Kroll haviam atingido o então presidente do Banco do Brasil, Cássio Casseb e do ministro–chefe da Secretária de Comunicação do Governo e Gestão, do governo Lula, Luiz Gushiken. Na época dos fatos, Gushiken, que ainda não era ministro, prestava assessoria aos fundos de pensão do Banco do Brasil e da Petrobras, entre outros, que também detêm participação acionária na Brasil Telecom.

O relatório da Polícia Federal sobre o Caso Kroll será encaminhado na próxima semana ao Ministério Público Federal de São Paulo, onde o inquérito foi aberto.

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