Sinais duplos

Luiz Francisco diz que não assina denúncias de terceiros

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8 de setembro de 2004, 19h17

Em três entrevistas que somam cerca de 1 hora de conversas, o procurador da República Luiz Francisco de Souza suscitou diversas hipóteses para o fato de uma ação assinada por ele ter sido produzida na empresa de um interessado na causa. Uma delas foi o fato de que os computadores da administração pública são máquinas apreendidas, fruto de contrabando. Outra: que a digitação de suas petições é feita por sua secretária. Em outro momento, é uma estagiária.

Na entrevista, cujos trechos seguem abaixo, Luiz Francisco chega a dizer que é, provavelmente, o único procurador que não usa softwares como Windows e Word piratas.

Um dos motivos para a publicação desta entrevista é confrontar suas respostas com as duas notas de esclarecimento divulgadas por ele. Nelas, Luiz Francisco prefere imputar más-intenções e tendenciosidade a quem divulga o que ele não quer, em vez de explicar o que aconteceu.

Leia alguns trechos da entrevista do procurador

Márcio Chaer: O senhor conhece o empresário Luiz Roberto Demarco (empresário dono da empresa onde foi produzido o arquivo da ação contra o Opportunity)?

Luiz Francisco: Conheci, anos atrás…

MCh: Certo…

LF: Aí tem a questão… O Demarco tem interesse particular contra Daniel Dantas… Mas o interesse particular do Demarco, prá gente, é puro lixo… porque, inclusive, a gente mesmo mandou o nome dele lá, para que a receita o investigasse também…

Só que, o Demarco, no caso, agiu bem, pois ele também revelou para a CVM e pagou os tributos… os outros é que não pagaram…

Agora, a ação não tem nada a ver com interesses em particular do Demarco, que prá gente não tem… não é a atuação do MP, nem nada…

MCh: O advogado dele, o Marcelo Elias, o senhor conhece?

LF: Conheço… conheço porque…. Conheci ele em decorrência do Demarco.

MCh: Quando chegou aqui o arquivo, da Ação Civil Pública, eu achei engraçado esse nome da…

LF: Deixa eu te falar uma coisa…

MCh: Sim.

LF: Primeiro: esse arquivo, não deveria ter ido sequer prá você. Eu mandei pro Tognolli…

MCh: hmmm…

LF: Aí, vai prá Tognolli… aí, não era prá… Tognolli deveria ter feito uma matéria, sei lá… agora…

MCh: Como é que iríamos dar a íntegra?

LF: A ação não pode ser botada aí… porque senão vai dar problema para mim… vocês não podem botar a ação em inteiro teor… eu não autorizei isso…

MCh: Ah… mas não era para colocar a partir de sábado?

LF: Não, não era não… não era… era para ele fazer uma matéria… ele pode fazer uma matéria jurídica… agora, nunca botar a ação, de jeito nenhum….

MCh: É que as outras, de antes, a gente sempre colocou as íntegras…

LF: Eu sei, mas essa não é prá publicar…

MCh: É que, ao abrir aqui o arquivo… ele tem um nome esquisito: “Opportunity, ufa, ufa, ufa” …. “

LF: Esse nome eu que botei…

MCh: Então…

LF: Esse é um negócio que me irrita… eu tenho uma relação de confiança com o jornalista…

MCh: Hum, hum…

LF: Aí, esse nome eu botei aqui, por que? Porque eu faço minutas da ação, aí a ação, ela vai sendo feita… eu tenho uma rede aqui dentro…

MCh: hum, hum…

LF: A rede passa no meu computador, como no da secretária. Aí, quando a ação vai pro final, aí eu boto ufa, ufa, no sentido que “ufa, acabou o trabalho”. Todas as ações, quando eu termino, eu boto ufa, ufa, uma besteira dessas…

MCh: O procurador tem um papel, o juiz tem um papel… o jornalista tem um papel… cabe ao jornalista checar as informações, não cabe?

LF: Cabe. Mas posso te falar uma coisa, com franqueza?

MCh: Fale…

LF: Se vocês, Consultor, querem fazer uma matéria sobre a ação, aí… eu tenho uma relação de amizade com o Tognolli… o Tognolli pediu: “Luiz, manda prá mim, por favor, a ação” e eu mandei. Para que? Não para colocar a ação no Consultor Jurídico… pra ele fazer uma reportagem sobre a ação…

MCh: Ele não disse que não poderíamos dar a íntegra…

LF: Mas ele, aqui entre nós… ele é uma pessoa muito boa… amiga minha… mas, às vezes, avança o limite. Gosto demais dele… dá prá gente aceitar, por que? porque eu sou amigo dele, gosto demais dele, mas essa ação, não é pra botar ele no fac símile, de jeito nenhum…

MCh: Agora, o que acontece doutor Luiz Francisco, quando eu vi esse nome, aí eu fui nas propriedades do arquivo do Word… o sr. sabe porque deve fazer isso também, quando recebe, não é?


LF: hum, hum…

MCh: E a origem do arquivo, está aqui: “Nexxy Capital Brasil Ltda.”… A criação do arquivo está na data de 31/08/2004…

LF: Tá…

MCh: Que parece ter sido a data que foi salvo no computador da Maria Lúcia, a sua assistente…

LF: hum, hum…

MCh: E o autor do texto, está como “marcelo e”, que eu suponho seja o Marcelo Ellias…

LF: Deixa eu te falar uma coisa…

MCh: Sim…

LF: Aqui funciona assim: toda a administração, eu duvido que tenha programas em nome dela… aí… isso eu não sei explicar… agora, o que eu sei mesmo é que isso aqui foi construído aqui… a gente está trabalhando nisso há três anos, ou mais,… Eu tenho todas as cópias iniciais dessa ação, tenho todos os manuscritos iniciais…

MCh: Certo…

LF: Tenho tudo… tenho as versões que fiz desde a estrutura societária… que eu conversei lá com aquele ministro, ex-ministro das comunicações… está tudo aqui no meu computador…

MCh: Sei, sei… o Pimenta da Veiga, não?

LF: Não, o outro… aquele do PDT do Rio…

MCh: Ah, o Miro Teixeira…

LF: É. Ele tinha feito um estudo societário…

MCh: Sei, sei…

LF: Foi o homem que melhor fez o estudo societário desse grupo…

MCh: É, ele… o Miro Teixeira participou bastante dessa discussão… da disputa entre as teles, não é?

LF: Aí, eu tive uma reunião com ele… alguns elementos eu peguei dele… outros elementos… e aí vai…

MCh: Agora… será que o computador daí então, veio da Nexxy? e todos os arquivos…

LF: Eu não sei, não sei…e vou ser franco com você… esse ponto aí também… a ação foi feita aqui. a ação é minha ação… eu tenho todos os manuscritos que geraram a ação… devo ter, se brincar, dessa ação…inteira, eu devo ter, se brincar… quer ver? …. deve ter umas quatro ou cinco versões iniciais da ação. Aí o núcleo da ação… lá, desde o início, ela sempre teve em ofícios que eu mandei à CVM com todos esses dados… que já tem todo o histórico dela… da cadeia de geração dela… tá tudo aqui no meu computador…

MCh: Sim, sim, sim…. Porque a gente fica assim com a orelha em pé, né doutor Luiz Francisco, o senhor veja: o Demarco está sendo investigado aqui na Corregedoria da Polícia, por causa de uma entrevista em que ele disse que “com quaisquer 75 mil reais, se consegue abrir um inquérito no Brasil…”

LF: hum…

MCh: Aí fica essa coisa… de repente, aparece uma Ação Civil Pública, dando por origem o computador dele??

LF: Presta atenção! presta atenção…

MCh: hum…

LF: Quer vir cá em Brasília? quer ver meu computador? … dá um pulo aqui… quer mandar uma pessoa de tua confiança prá ver? Como é que a ação foi construída, manuscritos e originais?…. Outra coisa: se tu não sabe… Talvez tu não saiba direito com quem que tu tá falando… mas o fato é que, minha história de vida… esse negócio de 75… aqui, a ação é… é … o conteúdo dela… é perfeito… o conteúdo é ético…

MCh: hum, hum…

LF: O conteúdo dela é meu…. O conteúdo dela… ela foi feita com custo… Ela foi feita com um bocado de sangue… Eu acompanho o inquérito número oito, se brincar, há quase dois anos… eu não tenho certeza da data…

MCh: hmm

LF: E todos os ofícios que eu mandei prá eles… prá CVM… prá ela controlar aquilo, bem, o negócio da impugnação da norma, tá toda a estrutura dela aqui dentro do meu computador…

MCh: Hum, hum…

LF: Tá certo?… E se você ler essa ação aí… se, por exemplo, o cara for cotista do Opportunity Fund, o Demarco, que ele é, ele também perde, por que? Ele também perde a estrutura na sociedade. Então, essa ação prejudica Demarco, porque, porque ela detona o próprio patrimônio do Demarco como cotista do Opportunity Fund…

MCh: Certo…vamos fazer assim… prá fazer uma coisa bem feita… tudo bem, então, ir o Vicente Dianezi…?

LF: A coisa bem feita seria, o cara para quem eu mandei, chamado Tognolli, dar um pulo aqui, ou então se você quiser vir aqui e ver…

MCh: A gente tem um repórter aí em Brasília, o Vicente Dianezi, não sei se você conhece, ele foi da Veja, foi da Folha, foi do Jornal da Tarde… ele poderia dar uma passada aí e aí vocês vêm essas coisas juntos?

LF: Tá, eu vou mostrar prá ele que o manuscrito original dessa ação, ela já existe há cerca de dois anos atrás… mostrando como na cadeia societária tem Opportunity Fund… o que a gente não tinha, era a prova clara de que os cotistas do Opportunity Fund… a gente já tinha um outro nome… e a gente já tinha a relação que eu mandei, com duzentos e poucos nomes… Aí então, tudo o que faltava era a gente poder afirmar taxativamente, através da CPI do Banestado, que os cotistas são brasileiros. A única razão prá ação demorar dois anos, foi essa. Manda o cara aqui e pronto.


MCh: Vou mandar…Aí fica no prédio da Procuradoria-Geral, aquele prédio novo?

LF: Não, na 604 Sul.

MCh: Sul… ok. Eu vou pedir pro Vicente passar aí, então, procurador. Obrigado. Até logo.

No segundo telefonema do procurador, a linha cai quando o jornalista tenta conectar o gravador. No trecho não gravado, tentando encontrar uma explicação razoável para o registro da Nexxy como autora do arquivo, suscita-se a possibilidade de algum computador apreendido pela Receita, cedido ao Ministério Público, ter vindo com software da empresa.

A secretária atende:

MCh: Oi, eu estava falando com o procurador, caiu a linha…

Secretária: Só um momento…

MCh: Pois não…

LF: Alô.

MCh: Oi, desculpa, eu deixei cair a linha aqui…

LF: Tudo bem, fica tranqüilo… os contrabandos, o diabo a quatro, vão pro depósito e daí, o MP vai, manda ofício…

MCh: Ahh, então…

LF: O computador da administração pública…

MCh: Então, vai ver que é isso…

LF: Não só os nossos… Toda a administração é alimentada pela receita. Em vez de fazer leilões e pegar o dinheiro, eles pegam os equipamentos eletrônicos e repassam para os órgãos públicos…

MCh: Vai ver que é isso então…

LF: Eu nem imagino se é isso ou não é. O que eu tenho certeza é que o núcleo da ação… e o Consultor Jurídico tem uma tradição ética…

MCh: Claro…

LF: Vocês deviam ver se essa ação é correta ou não, deviam ler o pedido da ação… deveriam depois, se quiserem, acompanhar na imprensa… entra aí no seu site e vê o tanto de informação que tem aí: Opportunity e Luiz Francisco… há quantos anos eu estou envolvido nisso… bota aí: privatização e o meu nome. Aí você vai ver quantas menções há. Pega na Folha, a privatização da Vale do Rio Doce, noventa e oito, vê quem entrou com a ação lá na Sétima Vara…

MCh: Sim, sim…

LF: Vê quem foi despachar lá com aquela que era candidata a ministra do supremo, aquela juiza…

MCh: Certo… agora, vê bem… se, de repente, esse computador foi apreendido e está no nome de uma empresa… ainda está aí, na raiz do computador. Então está tudo explicado… se for isso… é só a gente fizer um teste aí, agora…

LF: Eu não vou me sujeitar a teste seu Chaer…

MCh:Você não acha legítimo…?

LF: Posso te falar com franqueza…?

MCh: Fala…

LF: Eu desliguei o telefone e comecei a pensar… aí, eu liguei pro Tognolli e falei pro Tognolli que eu tava pensando nisso… o que eu pensei, eu vou te falar o que eu pensei…

MCh: Sim…

LF: O meu entendimento, na minha cabeça aqui, é o seguinte: eu sei o que estou fazendo na minha vida…

MCh: Sim…

LF: Você, eu pensava que estava sabendo, eu não sei o que você está fazendo…

MCh: Orra…

LF: Assim, você escreva o que quiser… se eu não gostar, eu vou te processar… eu vou doar cada níquel… vou doar cada níquel prá uma instituição de caridade…

MCh: Está bem, é legítimo…

LF: Agora, a minha ação, eu posso provar na justiça, com um número incrível de testemunhas por todo esse prédio, procuradores e tudo mais, que, o especialista em privatização, o cara que mais brigou contra a privatização aqui fui eu…

MCh: Hum, hum…

LF: Quem é especialista neste tema sou eu… quem organizou uma rede de procuradores contra a privatização do sistema Telebrás em Campinas, na Bahia, nacional, (incompreensível), foi tudo eu…

MCh: Sim…

LF: Isso tudo é tranqüilo, é conhecido.

MCh: Agora, veja bem… é legítimo… tudo que você está me dizendo é legítimo.. agora…

LF: E outra coisa…

MCh: Só você quer falar, Luiz… (risos)

LF: Não tem esse negócio de propriedade, nem vou abrir meus computadores prá seu coiso aqui… eu vou levantar a lista dos manuscritos iniciais da ação…

MCh: Sim…

LF: Vou pegar um apoio de algum colega que trabalhe em informática para fazer um levantamento que vai demonstrar que nos últimos dois ou três anos, que os primeiros itens desse negócio estão lá desde 2002… acho que em abril… quando eu mandei um ofício pro delegado Castilho lá em Foz, pedindo uns documentos que eles tinham e que gerou a CPI do Banestado, tava o nome do Opportunity Fund… o juiz de Foz que deu a ordem, quebrou o sigilo e depois suspendeu todo o material da CPI para a receita, tem lá alguns nomes do Opportunity Fund que eu coloquei…


MCh: Sim… agora, vê bem Luiz Francisco, nós estamos falando de legitimidade…né? … não é legítimo eu lhe fazer esta pergunta? tem alguma coisa de errado?

LF: Eu posso ser franco com você?

MCh: Claro que pode!

LF: Você não vai ficar abespinhado, não?

MCh: Não!

LF: Jura que não?

MCh: Juro!

LF: Você vai ficar meio irritado, mas eu vou falar… Três ou quatro pessoas me disseram: “Luiz, o Consultor Jurídico está ligado ao Opportunity Fund”… tá ligado à Telecom… aí eu disse: não acredito nisso… falei mesmo: não acredito, o cara sempre foi correto… Aí, foi quando o Tognolli pediu para fazer um resumo da ação… aí eu falei com ele e mandei a ação, justamente por não acreditar nisso…

MCh: Mas então, Luiz Francisco, você vê, vê bem… é legítimo que se desconfie, que se suspeite, que se investigue… tudo isso é legítimo não é verdade?

LF: hum, hum…

MCh: Então é assim: o que vale prá você, vale prá mim… quer dizer, se…

LF: Posso te dizer uma coisa?

MCh: Pois não…

LF: Um fato é indiscutível… o fato central dessa estória toda… a ação foi construída: 1) do lado ético, a ação constituída foi… a ação é assim… eu ouvi dezenas de pessoas…

MCh: Mas você compreende…

LF: Só prá você ver, até os italianos ligaram prá mim um dia, dizendo que queriam ter uma conversa comigo… sabe o que eu falei pros italianos? “Vocês são empresas, o outro lá também é empresa, eu sou do estado e não vou conversar com vocês…”

MCh: Ah…

LF: E eu tenho um negócio aqui… de documentos da Itália, que envolvem a Telecom itália, que também mostram o que eles são… aí eu fui neles e falei : “Eu não converso com empresário, porque, eu tenho uma posição filosófica socialista, não socialista de partido, mas socialista dos meios de produção…

MCh: Sim…

LF: Cada letra que está aí foi revista, foi revisada… essa aí deve ser talvez… é a décima… é… é… revisão que foi feita no texto inteiro.. e…

MCh: Só você que falar, né, Luiz? Orra…

LF: A Lúcia imprime a ação, eu pego, rabisco ela inteira, a Lúcia altera tudo, vai sendo feito… vai sendo costurado… isso foi a ação.

MCh: Então… agora, o que acontece… Você está falando de fato né? de fato…

LF: É…

MCh: O fato, que está aí estampado no DNA, do arquivo do teu computador, é que esse arquivo, não foi criado aí… percebe? foi criado no computador na Nexxy… está escrito aí… se você entrar aí agora, você vai ver, pô! Isso é fato…

LF: Eu não sei entrar e nem quero entrar…

MCh: É aí… você…

LF: Eu não sei mexer nessas coisas…

MCh: Você quer que eu te dê o passo-a-passo? Você não está querendo ver. É isso?

LF: Eu posso ser franco com você?

MCh: Claro que pode!

LF: É…é…é…

MCh: Você não quer ver a verdade?

LF: Eu tenho um monte de coisas prá fazer aqui… outras coisas prá fazer aqui… e ficar tomando tempo prá…

MCh: Mas por quê você está fugindo da verdade, Luiz?

LF: Porque eu não estou…

MCh: Você está fugindo da verdade, cara!

LF: Deixa eu te falar… a verdade única que tem… essa eu juro por Deus… a ação foi feita aqui…. eu que fiz a ação… a ação foi construída por mim… a ação contém uma cadeia de ofícios à CVM gigantesca. Por exemplo, tem aqui….

MCh: Luiz, se foi construída aí, esse computador é ou foi do Demarco… percebe? Se foi construída aí!

LF: Não pode… aqui não… esse nosso computador nunca foi do Demarco… este computador é da administração pública… sempre esteve aqui… aqui ó… só por exemplo… ofício nº 15…

MCh: Mas você disse antes que eram computadores apreendidos…

LF: Um minuto…eu falei… expliquei… o computador… todos os computadores do meu prédio… todos os computadores da SID e todos do MP vêm da receita federal… vêm do depósito da receita, por que? porque são computadores apreendidos…

MCh: Então, vai ver que foi apreendido do Demarco… Porque, se foi isso, não tem problema nenhum…

LF: Mas não é isso…

MCh: Não há nada de errado… a receita foi, apreendeu o computador do cara e, por coincidência, caiu na tua mão… certo? não tem problema…

LF: Veja… presta atenção…

MCh: hum….

LF: Olha… aqui, por exemplo, só prá tu ver… é… é… de 28 de janeiro de 2003… aí tem um ofício lá pro Paraná… então, eu tenho a cadeia toda da ação aqui… inteirinha…


MCh: Sim…

LF: Cada item da ação está aqui… cada item… eu só de ofícios à CVM… deve ter uns vinte a trinta ofícios à CVM que relatam parte disso. Como a CVM nada fez, aí eu fui e entrei com a ação… isso é a verdade, e acabou.

MCh: Sim… Veja bem, Luiz Francisco, era muito fácil, de repente, esclarecer isso, era só demonstrar que…

LF: Posso te falar uma coisa… só te falar uma coisa?

MCh: Pode falar, pô… você está falando o quanto você quer!

LF: Eu vou encerrar essa conversa… isso que eu te falei é a verdade… ou seja, a ação foi construída aqui dentro, não foi construída… ela foi construída num processo… na verdade prá gerar essa ação… a bagagem que gera essa ação, decorre de cerca dois anos e pouco prá trás…na verdade, a linha da ação ficou um pouco Frankenstein… se você pegar esta ação, você vai ver que vários pedaços dela decorrem de outros pedaços de outras ações que a gente aproveita… aí… e isso é possível provar? É possível fazer todo o histórico da ação, dessa ação inteira…

MCh: hum, hum…

LF: Dá para demonstrar claramente tudo isso… eu posso mostrar isso? Posso mostrar isso. Aí, isso é que é verdade, verdade, acabou. Agora, outro ponto: a ação foi construída por mim, a ação é ética, a ação é justa, a ação é correta… A ação visa o bem comum, visa defender a união, visa recuperar esses papéis. aí você leia a ação, faça o teu juízo…

MCh: Vou ler…

LF: E escreva o que você quiser…

MCh: Vou ler! Mas tem só essa coisinha… uma coisinha de nada… você podia me ajudar a esclarecer isso…

LF: Deixa eu te falar uma coisa: eu não tenho certeza do que te move, não… é assim… eu pensei até… eu pensei até em me sujeitar a isso aí, mas depois…

MCh: Eu não estou dizendo que você ganhou algum dinheiro para fazer essa ação… não estou dizendo que você foi pago para fazer essa ação…

LF: Uma coisa, deixa eu te falar uma coisa com franqueza…

MCh: hum…

LF: Dos procuradores que tem patrimônio aqui, o menor deve ser o meu… meu carro é velho, minha casa foi tudo com empréstimo da Caixa Econômica…

MCh: hum… Cada um faz o marketing pessoal do jeito que quiser, Luiz…

LF: Eu tenho uma história de vida ética, correta…

MCh: Sim….

LF: Uma história de vida de briga, direita…

MCh: É o que eu sempre acreditei…

LF: Se você quer saber, o intuito dessa ação é ligado a pensamento socialista… então… a última coisa… se algum engraçado… qualquer pessoa… brincar de querer macular meu nome no que tange à ligação com o capital…

MCh: Hum, hum…

LF: Vai ter que responder a todos os processos que eu puder mover e mais um pouquinho…

MCh: Luiz, eu sou ameaçado com grande freqüência…

LF: Vai ser prá um asilo de doentes cegos…

MCh: Luiz Francisco…Você acha que a tua ameaça… que reação provoca em mim…?

LF: Não, não é ameaça… você sabe o que é ameaça? Ameaça é quando você fala que vai fazer um mal pra uma pessoa, indevido. Eu estou te falando que… você falou… brincou, quase, de falar sobre receber dinheiro…

MCh: É…

LF: Você não recebe dinheiro, muito menos eu… eu tô falando só que eu… que eu nunca na minha vida… nada desse…

MCh: Luiz, se você recebeu prá fazer essa Ação Civil Pública, ou se você não recebeu, não vem ao caso. O que vem ao caso é o seguinte… eu te pergunto: por que é que no teu arquivo, está no DNA do arquivo, dito que ele não foi produzido aí… e você não sabe me responder!

LF:Mesmo porque eu não entendo desse negócio…

MCh: Não, não entende, não… Você não quer responder Luiz… Você não quer responder… entendeu?

LF: Deixa eu falar…

MCh: Você está dando as costas para a verdade…

LF: Você está querendo insinuar que esta ação não foi feita por mim… e eu estou falando para você que a ação foi feita por mim e tem amplas provas de que foi feita por mim…

MCh: E foi feita no seu computador… e foi feita no seu computador…

LF: Não foi por mim… foi feita pela minha secretária que tá ali perto

MCh: Então…

LF: Foi feita por uma estagiária que está ali… porque a ação é feita… A ação aqui não tem jeito de ser feita isolada… a gente tem uma rede… aí, os textos são passados prá moça…

MCh: Hum, hum…

LF: Ela vai digitando, vai trabalhando… vai passando prá cá… aí… tem essa forma de fazer uma ação…


MCh: Aí eu te pedi uma gentileza que você não que fazer…

LF: A gentileza…

MCh: Era só você checar…

LF: Se eu sentisse que tem uma coisa bonita, uma coisa certa, teria toda ajuda aqui. Mas…

MCh: A tua honra não é uma coisa certa? A tua honra não é uma coisa séria? A tua honra não é uma coisa bonitinha, direita? então, a tua honra não é?

LF: A minha honra é tão direita, é tão honesta, que eu duvido que alguém macule ela…

MCh: Hmmm…

LF: Porque a honra, sabe o que ela é? Ela é o reflexo do que a pessoa é. Aí, o que eu sou, a maior parte das pessoas sabem o que eu sou. As pessoas podem dizer que eu sou doido, que tenho problema mental, podem falar o que quiser…

MCh: tá…

LF: Mas ninguém pode falar que eu já tive, em qualquer momento da minha vida, a serviço do poder econômico. Ou seja, ninguém pode falar que a minha ação não é feita por mim, pela minha cabeça, por que? Porque essa ação foi construída aqui… a Valquiria Melo teve acesso…

MCh: hmmm…

LF: Ao manuscrito original dela… leu… outros colegas leram…

MCh: Sim…

LF: A ação…. teve três procuradores aqui… eu, e mais dois leram essa ação… acho que até o Camanho que já é procurador regional, há mais de um ano, ele já leu os originais dessa ação… o próprio Guilherme, que tava trabalhando aqui… ele mesmo leu os manuscritos originais dessa ação… lá atrás… isso é que é verdade…

MCh: Luiz, vem cá… pô, por que você ficou… logo no começo da conversa… você disse que o arquivo original nunca deveria ter chegado à minha mão… por que este, específico, não poderia ter chegado à minha mão? Há algum problema quanto a esse arquivo especificamente?

LF: (silêncio)

MCh: Não? Tem algum problema em você me dizer…

LF: Eu vou desligar o telefone… eu vou deligar o telefone… então, deixa eu te falar…

MCh: Hmm…

LF: Eu te disse… não fica bem… eu entrei com a ação… acho que foi ontem ou anteontem… não fica bem… o cara nem foi citado… é… é… eu já fiz isso das outras vezes… mas não fica bem… eu entrar com a ação e estampar a ação no…

MCh: Pô! Mas você combinou com o Tognolli que a gente daria no sábado…

LF: Não combinei…liga pro Tognolli e pergunta…

MCh: Combinou de sair no sábado…

LF: Olha… eu liguei pro Tognolli… ele ligou prá cá dúzias de vezes e eu falei: Tognolli, você que fazer uma matéria sobre Opportunity, esse negócio da ação do Opportunity, teve. Agora, tava claro que não era prá dar o fac simile da ação… não é.

MCh: Então… então acho que ele esqueceu disso, porque… a mim ele não deu essa informação…

LF: Ele esqueceu mesmo… ele esqueceu… eu liguei prá ele… na verdade ele não esqueceu… ele entendeu mal. Agora, eu passei prá um jornalista amigo meu, prá ele fazer uma matéria… a ação do Opportunity Fund. Aí ele lê e dá um fac simile dizendo: foi ajuizada uma ação… etc, etc. É isso que eu passei prá ele. Aí, assim, então, o combinado com ele foi isso aí… fazer uma matéria, narrando sobre o que é a ação que foi feita e ajuizada.

MCh: E…?

LF: E outra coisa… eu não autorizei o Tognolli a estampar essa ação em nenhum site jurídico. Não está autorizado.

MCh: Então, eu não entendo porque é que você mandou, né Luiz Francisco? Ôrra, você mandou, como das outras vezes…

LF: Eu mandei pro Tognolli prá ele fazer uma… uma… uma release, da ação, porque eu não podia ficar explicando tudo isso por telefone… foi isso que eu mandei… juro por deus que foi isso que eu mandei…

MCh:Como das outras vezes… como das outras vezes…

LF: com vocês, eu fiz uma coisa e me arrependi… das outras vezes, não foi muito bom, não foi muito certo… o que eu queria fazer… eu te garanto isso…

MCh: hum…

LF: … Eu fiz isso com a maior pressão dele… aí então eu falei: você pode fazer um release… eu nunca falei…

MCh: Ele não faz release… ele faz notícia…

LF: Prá vocês, do Consultor Jurídico, então eu vou repetir com todas as letras… Vou até te mandar um fax agora..

MCh: Sei…

LF:Aí, vai ser bem claro… eu autorizo… se você quiser fazer… a fazer um release dessa ação… release é uma matéria…

MCh: Release é uma notícia…

LF:Agora, presta atenção… estampar o texto, eu não autorizo.

MCh: Tudo bem, Luiz… tudo bem… a única coisa que eu queria entender… que eu achei que você fosse me dar uma explicação… assim… com duas palavras…


LF: Olha, eu não sou formado em informática, nem nada…

MCh: Eu também não sou…

LF: Deixa eu te falar… posso usar de muita franqueza?

MCh: Fala…

LF: Em final de 2002… antes de 2003… lá prá metade mais ou menos dali… quando eu quebrei… porque foi um juiz do norte que, atendendo a meu pedido quebrou, ele quebrou o sigilo da lista do banestado e permitiu que eu passasse prá todos os procuradores. eu mandei prá trinta procuradores, justamente prá difundir… lá então, no meu pedido, já tem o esquema do opportunity fund em Cayman. tá lá, no pedido. em 2002 eu já narro como é essa estrutura. em 2002, só prá teu governo, em 2002. isso é que é verdade. agora, os outros fundamentos da ação… na verdade o grande fundamento da ação… o único… é… são os cotistas do Opportunity Fund… que eu já trabalho nisso desde o início do inquérito número oito…

MCh: Meu querido…. é isso aí vai… deixa eu refletir… deixa eu examinar essas coisas… poderia ter sido muito simples… era só a gente fazer uma checagem… né?

LF: Quer saber de uma coisa…

MCh: Fala!

LF:O que eu mandei prá vocês foi uma ação. leia a ação, examine a ação completa… leia ela tranqüila… e depois me liga prá falar das coisas… E só prá terminar: leia a ação e veja todos os fundamentos da ação, veja lá as partes que movem a ação, tudo isso nasceu aqui… nasceu de partes de outras ações que a gente aproveita parte… aí apresenta a cumulação do assunto da improbidade, o fundamento jurídico, a base normativa de que leis são discutidas que normas… tudo isso nasceu aqui… agora eu peguei bases de uma porção de pontos… aí peguei um conjunto mínimo de pontos prá poder consolidar…

MCh: Então, pôxa, se você recebeu o arquivo de uma fonte sua…

LF: O Marcelo Ellias também auxiliou… até o Opportunity veio aqui falar comigo… em 2002, o pessoal do Opportunity me procurou… aí assim, explicou… falou… eles não negaram que o Opportunity Fund pode ter cotistas brasileiros…Porque já sabiam que tinha pelo menos dois: O Estevão e o coiso, que eu consegui porque quebrei a conta dele lá fora…

MCh: Sei…

LF: E achei o nome dele… Aí… Fui eu que achei… Eu que passei prá CVM… Aí, então, nem sequer eles negaram… Então eu conversei com o Opportunity Fund, em 2002…

MCh: É…

LF: Foi em 2003… Os advogados dele estiveram aqui… Foi feita uma reunião… Eu até pedi prá um procurador estar presente…

MCh: Se você recebe, de repente, de uma fonte sua, igual eu recebo de uma fonte minha, um arquivo, aí eu trabalho em cima desse arquivo…

LF: Vou te falar, tá bom… Vou te falar…

MCh: Hum…

LF: A gente recebe… É… E-mails de um bocado de gente… Aí… Agora… Pode ser até que essa ação tenha nascido de um e-mail que nasceu, não sei, aqui, e… E… E… Que a gente pega um arquivo, abre, e aí, constrói em cima dele… Aí… O DNA, às vezes não está no computador… Tá dentro do… Do…

MCh: Do arquivo…

LF: Do arquivo…

MCh: Hum, hum…

LF: Aí, se aconteceu, sei lá se aconteceu…

MCh: Então, pode ter acontecido isso…

LF: Pode ter acontecido…

MCh: Então!

LF: Agora, o núcleo central… Vem cá, o núcleo central… A ação foi construída por mim, durante três, quatro anos. É verdade esse fato? É verdade. Esse fato é verdade e esse fato garante que esta ação… A construção intelectual inteira dela é minha…

MCh: Certo…

LF: Agora, tem esses subsídios, de todas as partes inclusive imprensa? Claro que tem! Vê as matérias da Carta Capital que foram transcritas aí… Dá uma lida, leia a ação… E faz uma pesquisa… No teu e-mail… No teu sistema eletrônico aí…

MCh: Hum, hum…

LF: E bota assim: Luiz Francisco — Opportunity… E bota Luiz Francisco – privatizações… Aí, vê quanta informação que tu vai ter de brigas minhas contra esse negócio e vê há quantos anos eu tô enfronhado nisso…

MCh: Sem dúvida… Sem dúvida… Assim como fiz uma pesquisa aqui, enquanto você falava… Miro Teixeira e Telecom… E vejo quantas vezes ele defendeu… Posições bem definidas, não é?

LF: Que posições?

MCh: Defendendo a Telecom Itália… Não é isso? Lembra que ele…

LF: Não, isso eu não sabia… Isso eu não sabia… Esse dado…

MCh: Tá no Google…

LF: Não, não… O que eu sei do Miro, se você quiser…

MCh: Hum…


LF: Se… Se… Olha… Olha para mim criatura…!

MCh: Eu olho…

LF: Eu tive uma reunião com os procuradores da Itália… Tive uma reunião com aquele… Aquele principal lá, que é o procurador anti-máfia, prá… E passei o dossiê desse negócio todo prá ele…

MCh: Certo…

LF: Eu tenho o livro… Olha… Aqui na minha mão… L´afaire Telecom… Tem aqui, quer ver…

MCh: Hum…

LF: Isso aqui, eu ganhei num evento que eu participei com esses procuradores da itália, ali… Lá no Banco do Brasil, onde, parte foi prá atacar… Ó aqui ó… Giusepe… E Giovanni… L´Afaire Telecom… O caso político-financeiro mais glamuroso da Segunda República…

MCh: É um livro muito elogiado…

LF: Pois é…

MCh: Esses caras são procuradores?

LF: Só pro teu governo… Italiano é tudo do vão pro diabo que te carregue… Porque toda ação, contra a privatização do sistema telecom, deve ter… Tenho quase certeza… Se brincar pode chegar a quinze ações… Movidas por mim, contra a….privatização…

MCh: Hum…

LF: Pedindo a nulidade de toda a privatização… Dessa vez aí, eu delimitei o meu pedido… Eu pedi só daquela parte podre ali… Mas, por que? Porque, em outras ações, eu já pedi a nulidade de tudo… E ta lá na oitava vara… Com o juiz da oitava vara… Uma parte desses argumento tão lá… Agora, esse negócio do anexo 4, que era uma das bases, a gente já sabia disso há uns dois ou três anos atrás… Acontece que a gente pensa: Ah, vai ter a mudança de governo… Aí talvez… O governo lula vai abrir uma mega-investigação… Só prá você saber… Em abril do ano passado, mais ou menos… Eu fui lá no doutor Álvaro, que é o advogado geral da união…

MCh: Sei, sei…

LF: Entreguei prá ele um dossiê completo do Opportunity, pedindo prá ele constituir um advogado e entrar, lá em Cayman, e pedindo o inteiro teor do… Do… Dos cotistas do Opportunity Fund…. Fui lá… Agora, o certo era criticar e eu critiquei o governo lula várias vezes, pela imprensa, que deveria era ter aberto uma cpi das privatizações e ter anulado todo esse processo de privatização… Agora, então… Não brinque com nesse negócio de… Eu… Coisa com os italianos… Os italianos comigo vão pro diabo que carregue… Só não vão pro diabo que carregue, porque o diabo também não vale nada… Isso aí… É lixo puro prá mim… Não tem nada a ver…

MCh: Mas, o Miro deu grandes entrevistas coletivas…

LF: Deixa eu te falar uma coisa.. Eu encontrei com o Miro uma ou duas vezes… Aí, ele tinha lá uma base de coisa societária, aí eu peguei um pedaço daquele trem… Só isso que fiz… Olha, me encontrei com o Sérgio Rosa, prá discutir isso… Que é o presidente da previ… Foi feito várias reuniões com o Sérgio Rosa…

MCh: Certo…

LF: Se você quiser saber, italianos aqui… Nunca estiveram… nem vão estar… Não conheço italianos… Tive que receber, a contragosto, esses desgra… O pessoal do Opportunity… Aí vieram os advogados dele aqui, foi feita uma reunião… E foi também em 2002… Aí…. É assim… Essa estrutura societária…. Naquele momento eu mostrei essa estrutura societária prá eles…

MCh: E o Demarco, ele colaborou em que momento, doutor Luíz?

LF: É… Eu não me lembro… O Demarco, ocasionalmente falava… Ligava… Mandava e-mails… Tentava influenciar… Desse jeito… Agora, Demarco não manda nada, nada, nada aqui… Isso que eu estou dizendo…

MCh: Certo…

LF: Acho que você pensa que eu sou… Olha, três (incompreensível), mas nunca prá trabalhar prá iniciativa privada… Sempre trabalhei em iniciativa pública e sempre trabalhei… Desde advogado da Caixa combati …

MCh: Péra aí!

LF: Eu sei, mas é só prá você saber com quem cê tá falando… Ligação com o capital, aqui não tem… Mas não tem e nunca vai ter…

MCh: O…o… Agora… Tem alguma coisa errada com a iniciativa privada? Não tem…

LF: Tem… Prá mim tem…

MCh: O que?

LF: A iniciativa… Eu escrevi um livrão… Precisa pegar ele… Mil cento e cinqüenta e quatro páginas…”Socialismo — utopia cristã”…

MCh: Certo…

LF: Cê devia dar uma lida nele…

MCh: Hum…

LF: A iniciativa privada pequena, desde que bem delimitada, e com um emaranhado ético correto, não tem nada de errado…

MCh: Tá…

LF: Agora, o grande capital tem tudinho errado… O grande capital, tá lá, no meu livro… Dito… Se bricar, mais de mil vezes, que o grande capital tem que ser extinto, abolido e tudo mais… É só cê pegar o livro… Socialismo – utopia cristã…. Tu tá em são paulo aí, liga prá caros amigos e pega o livro lá…


MCh: Da casa amarela, né…

LF: Hum?

MCh: A casa amarela é a editora… A gente divulgou aqui, bastante…

LF: E eu que paguei a edição do livro… Pago do meu bolso… Tudo direitinho, direito… E foi caro… A até agora o que eu recebi foi seis mil… Num pagou… Do total do livro num pagou nem um quarto… Agora… Pega o livro lá e tu vai ver o que é que eu acho do capital… Capital e o diabo a quatro…

MCh: Ok…

LF: A iniciativa privada não tem nada de errado, desde que ela seja pequena e média…

MCh: Certo…

LF: Agora, grande, grande capital, não tem que ter não… Por isso também… Por isso, não… Essa é a razão central pela qual eu jamais entraria em contato com grandes empresas… Grandes empresas, aqui não entram… Não tem nada a ver… Agora, Demarco e Marcelo Elias… Se os dois foram ouvidos? Foram… Mandaram elementos? Mandaram… Agora… Outros mandaram? Mandaram… Pessoal da previ… Tive reunião com eles…aí… É isso… Agora… Italianos, aqui? Nunca!… Eles ligaram e eu rechacei…

MCh: O…

LF: E a ação foi construída aqui? Foi…. Consegui em três, quatro anos de trabalho intelectual árduo, duro, e tem aqui as provas… Os manuscritos inicias, que geraram a ação… Tem tudinho…

MCh: É… Então tá, querido… A única coisa que eu queria saber erra isso… Se você trabalhou em cima de um arquivo existente, ou se esse computador, antes de chegar aí, passou por uma empresa privada, entendeu? … Era só isso… Todo esse nosso bate-boca, toda essa nossa discussão…

LF: Não, eu tenho quase certeza que isso aí não é computador… Isso aí… Quase certeza…

MCh: Você ter trabalhado em cima de um arquivo existente, é isso?

LF: Pode ter sido…

MCh: Pode ter sido…

LF: Agora, garanto prá você, que ação foi construída… A estrutura dela… Os argumentos dela… As partes dela… Os casos… Aí, foi construída por mim… Agora, é claro, até como bom jornalista, a gente ouve ???? De fontes…

MCh: Sim, sim…

LF: Agora, agora… Poe exemplo… Essa ação ó… Ela tá no nascedouro da CPI do Banestado… Por quê? Porque o Castilho, que tava lá em Foz…

MCh: Hum, hum…

LF: É que aí eu entrei em contato com ele…foi…deu… Aí, a gente ???? Um outro… Aí, Renato ??? Que também trabalha aqui direito… Aí eles falaram, ah, sim… Tem o Opportunity Fund… Tenho tudo isso calculado….

MCh: É, então… Olha, a gente tá sendo processado por essa coisa de Banestado aí… A gente nunca deixou de acreditar na…. Seriedade do trabalho e tudo mais, agora…

LF: Diga uma coisa… Numa coisa você pode acreditar… Assim, piamente… Pode acreditar… Pode ter certeza…. Cada ação que eu movi… Cada parecer que eu fiz… Nenhum deles, nenhum… Que serve ao capital…nenhum…

MCh: É…

LF: E… Assim… O cara que é mais duro, assim… Com a parte tributária… Sou eu… O cara que é mais duro em todas essas áreas sou eu… E para provar isso aí, tem um caminhão de peças jurídicas, como tem todo o pessoal da casa, que a gente tem uma rede nacional dos procuradores… Todo mundo tem doutrina como essa, aqui dentro… É posição socialista, é posição de esquerda, é posição da teologia da libertação… Por quê? Porque a gente tem liberdade de ter esse pensamento… Tem liberdade de opinião… Tem liberdade de pensamento ainda no país.

MCh: Mas…

LF: Por mais que eu seja procurador, que eu não possa externar esse pensamento… E não possa também interpretar…

MCh: Mas, não é um pouco faccioso isso, também…

LF: Hã?

MCh: Não é um pouco faccioso isso, também, adotar uma posição tão a ferro e a fogo assim… O capital está sendo…

LF: Não é a ferro e a fogo… Cada ação que eu vou entrar, ela visa o que? Ela visa o bem comum, visa o erário público, ela visa direitos humanos… Está na constituição… Está no artigo 1º, soberania do povo… direitos humanos, no princípio da moralidade… Faccioso, foi injetado dentro do organograma jurídico, para esses ??? Igual a eu…

MCh: Hum, hum…

LF: Aí, então ???? Tão certo que ??? É uma coicidência… Por isso, também, que todas as minhas ações… Uma coisa é o que cada a um pensa… E eu tenho esse pensamento… Agora, quando eu entro com minhas ações eu tenho que fundamentar minhas ações num ordenamento jurídico ???? . Por isso que eu te peço… Leia essa ação e verifica se minha ação é.. Tá ou não tá orientada num sentido ético, se ela tá ou não tá orientada dentro do ordenamento jurídico ???? . Aí você vai ver… A interpretação do ordenamento nos permite ampla liberdade…


MCh: É… O…

LF: Acontece que há jurista que interpreta pro mau, ??? Do capital ???? E há juízes que intrepretam pro bem… Aí, leia a ação e ferifica se é verdade ou não…

MCh: Agora… Assim… Vê bem… Meu aparato técnico prá entender tudo isso, Luiz Francisco, é relativo, né? A única coisa que aconteceu, foi isso pô… Eu te perguntei assim… Chegou o arquivo e no arquivo tá dito que…

LF: Segunda-feira… Segunda-feira cê manda esse cara aqui, aí vô mostrar uma penca de documentos aqui, que eu vou pegar… Os ofícios dez e tudo mais…

MCh: Tá, queria que olhasse o teu computador, né Luíz? Pôrra! (risos)

LF: Deixa eu te falar uma coisa: É.. É… Tá… A gente pode até ver esse negócio de computador… Agora, já te falei.. Parte dessa ação também está construída no meu velho computador… Que tá lá em casa…

MCh: Ah…

LF: Todo mundo sabe aqui, que a estrutura aqui do prédio não dava computador prá gente, aí eu trabalhava como meu computador de casa… Sempre trabalhei com ele aqui…

MCh: Hum, hum…

LF: Aí, assim… Eu tirei ele daqui, acho que foi em outubro ou setembro do ano passado, quando nós viemos aqui prá ???….aí, eu não sei…

MCh: Eu lembro…agora,

LF: Ele ficava aqui na minha frente… Aí, parte da estrutura inicial da ação tão lá…

MCh: O computador de casa

LF: O computador da lucinha ali… Ali então você vai achar manuscritos dessa ação, de dois anos atrás…

MCh: O computador da sua casa você comprou de loja, né?

LF: Claro que eu comprei de loja!

MCh: De loja né?…tá…

LF: Eu sou o único, na verdade… Se brincar eu.. Quero ver se tem outro procurador que tem as assinaturas do Windows, do Word… Tudo isso eu tenho…

MCh: Ah… Tá…

LF: Justamente prá que? Prá ninguém me encher o saco dizendo… Ah, o Luiz tá fazendo uma coisa errada… Num vai… Ser esse… Fazer coisa errada, porque, se até esse negócio de programas…

MCh: Hmmm…

LF: A gente vai lá e… Quem representa a maldita Microsoft aqui é CPIS(?)… Não. É a TBA(?)… A CPIS, que é uma das maiores firmas de informática aqui, aí… Vê minha conta lá… Tem todas as compras que eu fiz… Tem tudinho…

MCh: É… Isso é bom.. Tem que ter prudência, cautela…tudo, né…

LF: Agora, garanto prá você…a ação foi construída aqui? Foi… Isso aí é fato? É. Se, por exemplo, Camanho(??), há mais de um ano atrás, ajudou, deu uma olhada nesse negócio? Deu. Guilherme, tenho certeza que Guilherme também deu uma olhada… Tenho certeza absoluta que ele olhou… Que ele deu esse mecanismo, por exemplo…então, é isso que é verdade… A verdade é daqui… E mais ainda… Essa ação não é nova… Essa ação … Ela reflete…

MCh: Ô Luíz…

LF: Todos os ofícios que eu mandei prá CVM… E todos os ofícios que eu mandei prá Cayman… Tem todos os ofícios em inglês aqui… Que foram prás ilhas Cayman, pedindo a lista dos cotistas… Eu tenho a resposta da autoridade monetária de Cayman… A resposta das autoridades judiciais de Cayman… E todos eles dizem: Olha, a gente só pode fornecer pro governo…

MCh: Luiz, o seguinte… Tão me passando um bilhete aqui, que o Dianezi, o repórter, que ele já está aí na procuradoria…

LF: Eu não me presto prá isso não, sô…

MCh: Vê aí…

LF: Eu não me presto a isso não

MCh: Tudo bem…

LF: Eu não me presto porque, eu te considerava prá burro…Você tinha um conceito e agora eu não sei… Eu vou é levantar melhor a informação… Sobre tu também… É o que eu vou fazer…

MCh: Faz isso…isso é legítimo…

LF: Antes de liberar essa coisa aí…segunda-feira você me liga e a gente vê…

MCh: Tá bom… Tá bom… Obrigado…

LF: Agora, até lá, eu te peço: Leia a ação…

MCh: Eu vou ler…

LF: Faça levantamentos… Você é um bom jornalista… Levanta… Levanta aí a quantas anda a briga com processo de privatização… Verifica… Faz um levantamento…

MCh: Sim…

LF: Olha em 98, em março, abril e maio, quem entrou com as principais ações… Quantas vezes a privatização foi detida por mim… Ela foi detida por noventa dias!

MCh: E´…

LF: Liga pro Piva(?)… Acho que o Piva é teu amigo né?

MCh: É.

LF: Liga prá ele e pergunta se ele não tá metido na briga contra os processos de privatização, e pergunta prá ele o que que eu penso do Opportunity… Que que eu discuti com do Opportunity com ele… Faz todo esse levantamento…


MCh: Vou falar… Vou falar…então tá, Luiz… Vamos falando… Vamos conversar depois então…

LF: Até segunda-feira

MCh: Obrigado.

Terceira entrevista. O procurador liga duas vezes enquanto se processavam outras entrevistas. A reportagem retorna a ligação. A secretária atende:

MCh: O doutor Luiz Francisco pode atender?

Secretária: Só um momento, por favor…

MCh: pois não…

Secretária: Alô, só um momento tá?

MCh: Pois não…

secretária: Oi, estou transferindo…

MCh: Pois não…

LF: Alô!

MCh: Doutor…

LF: Só prá teu governo, é a última coisa que eu vou falar… desse negócio… marcelo elias é advogado da previ…aí, ele teve aqui… mandou texto em meio eletrônico… mandou disquete… pode ter sido que eu peguei um disquete dele, abri e tenha feito o processo lá do ??? e tenha feito em cima… agora, a ação é minha? é. juridicamente, o fruto intelectual dessa ação é minha? é. a ação foi construída em poucos dias? não, a ação foi construída ao longo de três anos, sei lá…

MCh: Certo….

LF: A ação é minha? inteiramente é. eu tenho assim, centenas de provas aqui , dezenas e dezenas de ofícios que eu encaminhei no mesmo sentido aqui…

MCh: Certo…

LF: Inclusive até, a norma parente veio aqui, e chorou aqui… depois ela pediu prá sair como conselheira… isso que é verdade e acabou…

MCh: A norma parente quem, o que que éla é?

LF: Ela é conselheira da cvm…

MCh: Ah… tá…

LF: Ela teve aqui e eu falei: a senhora está impedida… tem que sair… aí ela falou… chorou… aí depois mandou um ofício. Então, a verdade mesmo é essa… a ajuda prá essa ação que teve … foi… da Previ… com Sérgio Rosa e tudo mais… e o Marcelo Elias… eu… atendi ele várias vezes aqui, como advogado da Previ…

MCh: Certo…certo…

LF: É isso aí.. a verdade mesmo, é essa… a verdade é essa e por quê? porque, graças a deus, eu não tenho estrutura prá ser vilão… prá ser cachorrinho de rico… ao contrário… toda a minha estrutura intelectual, que eu tenho um histórico de vida de que eu me orgulho, é uma coisa só… é uma vida perfeitinha, bem organizada há muitos anos…

MCh: Certo…

LF: Desde de … 17 … 16… é ligada à questão de trabalhador, etc…. e é assim que vai continuar…

MCh: Certo…

LF: E por isso vocês… independentemente de Opportunity…. o pessoal da Folha já ligou cá… e aí, é assim… todo mundo que é bem avisado e conhece bem esse negócio, sabe que eu estou nessa briga, não é de agora… sabe que eu estou contra o processo de privatização não é de agora… que todas as ações foram ajuizadas… se brincar são vinte ações contra o processo de privatização… e vai ter mais ação, se depender de mim… e todas vão ser bem fundamentadas… agora… eu recebi elementos da Previ? Recebi.

MCh: certo, certo…

LF: elementos são o quê? Elementos intelectuais… é… textos… mandei ofícios… pegaram informação… tudo isso foi feito…

MCh: certo…

LF:Agora, assim… contato com italiano… nenhum. Contato com o elemento de ligação e eu falei prá eles: vocês são empresa… são?… Vão pro diabo… não falei nestes termos, mas falei: o problema é de vocês… eu sou estado e não me meto. se quiserem cópia de alguma coisa, vão lá na justiça e peçam cópia.Aí, agora… é a única coisa… agora… não tem contato com empresa… nunca vou ter… mas sim contato com uma coisa: estado.

MCh: Sei…

LF: Eu vou continuar toda a minha vida nesse negócio… eu vou entrar com tantas as ações contra atos ilícitos, quantas eu puder…

MCh: Certo…

LF: E sem fazer nada ilícito, porque você ter contato com o presidente da previ, fazer reuniões com ele, pegar elementos da previ… a Previ é um fundo estatal não há, não é nada errado nisso.

MCh: Certo…

LF: Outra coisa… eu tenho também ações contra o presidente da Previ… presidente anterior da Previ… e se tiver um outro igual eu vou lá e processo também…

MCh:Certo…

LF: Está bom?

MCh: Ok. Obrigado.

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