Pérolas Processuais

Pérolas: ‘O seu nome é Fátima, doutor?’, pergunta juíza.

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8 de outubro de 2004, 11h59

Ao apresentar-me à jovem juíza que presidia a audiência, como advogado da empresa ré, ela, com os autos em mãos, sabe-se lá com que propósito, perguntou-me: “O seu nome é Fátima, doutor?”

Há alguns nomes próprios que se prestam a tais confusões, como Darcy e Nadir, por exemplo. Não conheço, no entanto, nenhum registro de homem chamado Fátima. Surpreso com a inesperada indagação, pensei num primeiro momento em abandonar minha postura supostamente cavalheiresca e respondê-la com uma seca afirmação: “Não, meu nome é Raul!”

Mas um verdadeiro aprendiz não pode desprezar certas oportunidades… Olhando bem nos olhos da ilustre juíza e procurando produzir um leve e amigável sorriso, disse-lhe: “Quem me dera, excelência! Se eu me chamasse Fátima, seria mais jovem, mais bonito e meu pai ainda estaria vivo! Sou apenas o Raul, um dos advogados que constam aí na procuração, ao lado da dra. Fátima, que é minha filha!”

A juíza ficou meio sem graça, percebendo que na verdade havia sido infeliz na sua tentativa de fazer não sei o quê. Mas não perdeu a pose e ainda tentou se justificar: “É que quem assinou a contestação…”

Bastou um olhar para que ela preferisse calar-se…

Pois a Advocacia é assim. Se o advogado a todo momento que perceber que o tentam irritar, aceita a provocação e irrita-se, nossa atividade fica mais difícil, nossa paciência se esgota e nossa vida perde alguns minutos.

* Do advogado Raul Haidar, a propósito de recente audiência em São Paulo. O registro foi feito no livro “A Fórmula do Sucesso na Advocacia”

A coluna é publicada no site Espaço Vital — www.espacovital.com.br

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