Levantou poeira

PF encontra Mercedes com acusados na Máfia do Combustível

Autor

8 de novembro de 2004, 18h31

Policiais federais do Rio de Janeiro passaram esta segunda-feira (8/11) vasculhando a Usina de Álcool Sapucaia, em Campos dos Goitacazes, no norte do estado, em busca de documentos que ajudem nas investigações que vem sendo desenvolvidas há dois anos pelo delegado federal de Brasília, Cláudio Nogueira, em torno da Máfia do Combustível. Ela começou a ser desbaratada na madrugada desta segunda-feira no Rio de Janeiro, em São Paulo e no Paraná, na operação denominada “Poeira no Asfalto”.

Deste o início da madrugada, policiais federais estão nestas três cidades tentando cumprir 56 mandados de prisão e diversos outros de busca e apreensão que foram assinados pelo juiz Alexandre Libonati, da 2ª Vara Criminal Federal. Com estas buscas, a polícia espera conseguir juntar mais provas na investigação que vem fazendo. Com as prisões, ela espera que alguns dos envolvidos passem a colaborar com a apuração do caso em troca de algum benefício.

Nesta segunda, no Rio, as primeiras prisões foram de 23 policiais rodoviários federais, incluindo o ex-superintendente no estado, Francisco Carlos da Silva, que deixou o cargo em maio de 2003, quando começou a ser investigado pelo crime de concussão, corrupção praticada por servidor público. Também foram presos auditores da Secretaria da Fazenda

Os policiais rodoviários são acusados de receberem propinas para deixarem passar os caminhões tanques com o combustível que circulava com as notas falsificadas. Acredita-se que foi com o fruto desta propina que estes policiais adquiriam imóveis em regiões caras — cinco deles foram presos em apartamento no Condomínio Rio 2 na Barra da Tijuca, região onde os imóveis são considerados luxuosos e, portanto, caros.

Com alguns destes agentes policiais foram encontrados carros e motos importados, como uma Mercedes e uma moto BMW. Com um auditor fiscal do estado preso em Itatiaia, região onde fica o posto fiscal Inhangapi da Secretaria de Fazenda Estadual, os agentes de PF teriam localizado R$ 400 mil em espécie. Também fiscais da Feema estaria participando da quadrilha, recebendo entre R$ 5 mil e R$ 10 mil mensais de propina.

O golpe do combustível é muito mais de sonegação e fraudes nos impostos do que de adulteração propriamente dita. A polícia está atrás de documentos que comprovem o uso contumaz de documentos falsificados e, inclusive, firmas montadas com o uso de “laranjas”, que facilitavam a sonegação fiscal. A quadrilha adquiria combustível em Campos e em Paulínia (SP) como se fosse transportá-lo para estados onde o imposto cobrado é menor, mas o distribuía no Rio de Janeiro, ganhando cna diferença da alíquota do imposto. Uma mesma nota falsificada também servia para o transporte de cargas diferentes de combustível.

A operação feita hoje pela Polícia Federal assemelha-se em muito com outra realizada em Campos dos Goitacazes, que desbaratou uma quadrilha. O Ministério Público Federal denunciou 18 pessoas, entre os quais cinco policiais rodoviários federais e alguns fiscais da Receita Estadual, na ocasião.

Autores

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!