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Lula nunca prometeu criar 10 milhões de empregos, diz ministro.

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30 de março de 2004, 13h14

O ministro Guido Mantega (Planejamento) disse que Lula nunca prometeu criar 10 milhões de empregos. Não deve ter lido o programa de governo do partido. Mas, enfim, esta seria apenas mais uma promessa não cumprida…

Procurando um discurso

O ministro do Trabalho, Ricardo Berzoini, defendeu a redução das horas extras e da jornada de trabalho. Ninguém poderá acusá-lo de não ter idéias para enfrentar o desemprego…

Desencanto

A maioria da população brasileira não acredita mais nas promessas de crescimento econômico elevado em 2004. É o que mostra a 68ª rodada da pesquisa CNT-Sensus, divulgada nesta segunda-feira. Para 34,2% dos entrevistados, a economia não vai crescer em 2004. Outros 41,5% acreditam que vai crescer um pouco. Os que acreditam num crescimento acentuado são apenas 13,6%.

O bolso

A desilusão se repete nas expectativas em relação à renda pessoal. Entre os pesquisados, 89% disseram que a renda permaneceu igual (53,5%) ou diminuiu (34,5%) nos últimos seis meses. Para o próximo período de seis meses, 39,1% esperam que ela aumente (eram 41,5% em fevereiro), e 51% acreditam que ela se manterá igual (34,8%) ou diminuirá (18,2%).

Governo sem governo

Na área social, 40% dizem que a saúde piorou nos últimos seis meses, 68% afirmam que a pobreza aumentou, e 84% acham que a violência cresceu. Tal quadro levou 43,9% a avaliar que o governo é ineficaz na solução dos problemas.

Ladeira abaixo

A aprovação ao governo caiu de 39,9%, em fevereiro, para 34,6%, em março. A queda desde a posse de Lula já chega a 22 pontos. A desaprovação subiu de 15,1% para 19,4% no último mês e 17,1 pontos desde janeiro de 2003. A aprovação ao desempenho pessoal do presidente caiu de 65,3% para 59,6% em um mês e despencou 24 pontos desde a posse.

Na torcida – 1

Aparentemente alheio aos números, o presidente voltou a falar em “otimismo” ontem, durante a assinatura de um convênio com a General Motors, em São Caetano. E disse que crise mesmo só existe no Corinthians.

Na torcida – 2

Para Lula, o país vive um clima “engraçado”, pois, segundo ele, “há muito tempo não vivemos um momento de tanto otimismo” ao mesmo tempo em que os jornais só falam em “crise”. O presidente repetiu que o crescimento deste ano será grande, suficiente para gerar “se não todos, ao menos uma grande parte dos empregos” necessários.

Terra em transe

O MST invadiu quatro propriedades em Pernambuco ontem, o que resulta num total de 12 invasões no Estado e mais duas no interior de São Paulo desde sábado. No fim de semana, os sem-terra deram início uma nova onda de ocupações — batizada de “jornada de luta” — para marcar os 19 mortos em Eldorado dos Carajás (PA), em abril de 1996. O coordenador nacional do MST, João Pedro Stedile, declarou, no sábado, que “abril vai ser o mês vermelho”.

Assim falou… Luiz Inácio Lula da Silva

“Eu sei que tem crise no Corinthians, que não está ganhando há muito tempo; no São Caetano, certamente, não tem crise. E muito menos tem crise no governo.”

Do presidente da República, durante a assinatura de um convênio com a General Motors, em São Caetano.

Problema divino

Os oito governadores do PSDB reuniram-se ontem em Fortaleza e divulgaram um documento com dez reivindicações ao governo federal. Os principais pontos são: que o reparte da arrecadação da Cide (tributo sobre combustíveis) aos Estados seja retroativo a 1º de janeiro e que a União mantenha os termos definidos no ano passado, no debate da reforma tributária, para a criação do fundo de compensação para as perdas das exportações.

No mesmo dia em que os tucanos se reuniram, o presidente Lula reclamou, ao discursar São Caetano, dos pedidos de governadores e prefeitos: “Meu Deus do céu, há alguns anos estava todo mundo achando que estava maravilhoso, que se podia vender todas as empresas estatais que ia dar certo. E agora tentam jogar nas costas do governo a falência dos Estados”. Ele afirmou ainda que a reforma tributária foi feita de comum acordo com os governadores e que não tem “os poderes de Deus para fazer milagres” na relação com Estados e prefeituras. A reunião em Fortaleza foi convocada pelo governador do Ceará, o tucano Lúcio Alcântara, na semana passada, logo depois de o ministro José Dirceu (Casa Civil) ter criticado os governadores do PSDB Aécio Neves (MG) e Geraldo Alckmin (SP).

*A coluna é produzida pelo site Primeira Leitura — www.primeiraleitura.com.br

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