Corrida para a ABL

Moções de apoio fortalecem candidatura de Bonavides para ABL

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8 de março de 2004, 15h17

Se depender da enorme quantidade de moções de apoio que vem recebendo de todas as partes do país e de grandes universidades européias, o professor Paulo Bonavides ocupará a vaga deixada pela escritora Rachel de Queiroz, na Academia Brasileira de Letras. E não é por acaso. Professor emérito com prestígio internacional, é considerado hoje o maior jurista brasileiro. Não é à toa que a maior parte deles está manifestando apoio irrestrito à imortalidade de Bonavides.

O professor também é jornalista e dividiu uma profunda amizade com a imortal Rachel desde a década de 30, quando ingressou no jornal “O Povo”, aos 13 anos de idade, ocupando uma vaga na redação. Aos 19 anos foi enviado, pelo Jornal, à Universidade de Harvard (EUA), onde aperfeiçoou seu trabalho de jornalista.

Bonavides esteve recentemente na Europa, de onde retornou com várias moções de apoio à sua candidatura na ABL. A Universidade de Sevilla, na Espanha, manifestou-se o considerando “del más alto quilate em el campo de las letras jurídicas” e a Moção do Conselho Cientifico de Coimbra, Portugal, classificou-o como “príncipe dos constitucionalistas de língua portuguesa e cidadão apaixonadamente dedicado à defesa das virtudes cívicas”.

Sem falar nas moções brasileiras, que já chegam a mais de vinte. E esta semana, ao retornar de uma viagem à Portugal, recebeu outra declaração de apoio, dessa vez assinada pelo ex-ministro da Justiça, Bernardo Cabral.

O relator-geral da Assembléia Nacional Constituinte declarou que ao longo de 40 anos de vida pública sempre recorreu aos ensinamentos do professor cearense. E afirma: “essa espontânea declaração é para afirmar que Paulo Bonavides não desmerecerá o convívio com aqueles que honram suas imortalidades na Casa de Machado de Assis”. Agora, a ABL deverá imortaliza-lo, pois, votos importantes já estão a seu favor, como o do o imortal jurista Miguel Reale.

Autor de vinte obras, entre as quais, Ciência Política, Teoria do Estado, A Constituição Aberta e Do Estado Liberal ao Estado Social, o cearense acha que a vaga deixada por sua conterrânea cabe ao Nordeste. “Vou até o fim”, disse o jurista, que no ano passado chegou a se inscrever para disputar a cadeira do historiador Raymundo Faoro na ABL, mas desistiu em favor do colega jornalista Cícero Sandroni.

Bonavides é o que podemos chamar de homem premiado. Prêmio Carlos de Laet da Academia Brasileira de Letras (1948), Medalha Rui Barbosa da Ordem dos advogados do Brasil (1996) e Medalha Teixeira de Freitas do Instituto dos Advogados Brasileiros (1999), entre outros.

Por contagem de títulos, poderia ocupar até duas cadeiras na ABL. Doutor honoris causa pela Universidade de Lisboa; Professor Emérito da Faculdade de Direito da Universidade Federal do Ceará; Visitante nas Universidades de Colônia (1982); Tenesseee (1984) e Coimbra (1989); Membro Correspondente da Academia de Ciências da Renância do Norte – Wesfália (Alemanha); Membro Correspondente do “Instituto de Derecho Constitucional y Político”, da Faculdade de Ciências Jurídicas e Sociais da Universidade Nacional de La Plata, na Argentina; Membro da “Association Internationale de Science Politique” (França), da academia Brasileira de Letras Jurídicas, do Instituto Ibero-ameriacno de Direito Constitucional, da OAB e “Nieman Fellow associate” da Universidade de Harvard, sem falar na Presidência do Emérito do Instituto Brasileiro de Direito Constitucional (IBDC) e do Instituto de Defesa das Instituições Democráticas (IDID).

Mas, o que esse candidato à imortalidade significa para nós, pobres mortais?

Segundo o presidente da Ajufe, Paulo Sérgio Domingues, a missão de Bonavides na ABL será a de “guarda da nossa língua”.

O presidente da Academia Brasileira de Letras Jurídicas, J. M. Othon Sidou, também declarou seu apoio ao colega, classificando-o como “fértil estilista do idioma pátrio”.

E a declaração assinada pelo professor português Jorge Miranda destaca que sua palavra e escrita são de elevada qualidade literária: “É um emérito cultor da língua”.

Influenciando pensadores

Luis Roberto Barroso, do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana, prestou um emocionado depoimento, também em moção de apoio a Bonavides. Segundo ele, o jurista é um dos mais notáveis do Brasil “não apenas da atualidade, mas de todos os tempos”. Barroso defende que sua originalidade foi “fator decisivo para a formação de uma geração de estudiosos e pensadores brasileiros na área do Direito, filosofia e ciência política”.

Com mais de 80 anos, Paulo Bonavides ainda freqüenta assiduamente congressos, seminários e conferências. Sua paixão pela vida está acima das agruras do tempo.

A ABL, ao colocar o renomado jurista em uma de suas cadeiras da imortalidade, estará fortificando as palavras de machado de Assis: “A Academia, trabalhando pelo conhecimento (…), buscará ser, com o tempo, a guarda da nossa língua. Caber-lhe-á então defendê-la daquilo que não venha das fontes legítimas, – o povo e os escritores, – não confundindo a moda, que perece, com o moderno, que vivifica”.

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