Eles são filhos de pais desempregados, cuja renda familiar mensal per capita é, em média, de R$ 46, e procuram as ruas para ganhar dinheiro. Essas são algumas das características das crianças de rua de Guarulhos, em São Paulo.
O perfil dessas crianças e adolescentes foi mapeado pela pesquisa da Ong Projeto Meninos e Meninas de Rua, divulgada nesta sexta-feira (5/3). Os pesquisadores ouviram, entre os dias 10 e 21 de novembro passado, 453 crianças e adolescentes encontrados nas ruas da cidade. Dos entrevistados, 53% foram abordados na região central.
As meninas representam 25,81% e os homens 74,19%. “Esse dado mostra uma tendência de aumento da população feminina nas ruas, já que na década de 90, elas representavam 15%”, afirma Marco Antônio da Silva Souza, coordenador da entidade.
O levantamento revela que 75% dos meninos e meninas nasceram nas cidades da Grande São Paulo e 72% são negros.
Deles, 23,7% declararam que não estudam, 42% afirmaram que estão com problemas de saúde, mas não fazem nenhum tratamento, e 40% jamais visitaram um dentista. O álcool já foi ingerido por 22% das crianças pesquisadas.
A renda média mensal per capta nas famílias dos entrevistados é de R$ 46, sendo que, segundo a Fundação Seade, a renda per capita mensal na cidade de Guarulhos é de R$ 343. Segundo a coordenadora da Ong, Lúcia Barroso e Souza, essa revelação destaca a vulnerabilidade social das famílias dos meninos e meninas de rua.
Somente 13,5% das crianças e adolescentes afirmaram que são atendidos em programas sociais. A pesquisa ainda mostra que 38,7% das crianças vivem só com as mães e 75% disseram que estão nas ruas para trabalhar. Deles, 26% ficam nas ruas sozinhos e 40% acompanhados de algum familiar.
Quase a metade das crianças consideram a rua um lugar “ruim”. Mesmo assim saem de casa porque a renda mensal obtida por eles representa, em média, 62% da renda familiar mensal, de acordo com os dados da entidade.
O Projeto Meninos e Meninas de Rua é uma Ong fundada em 1982, em São Bernardo do Campo, onde mantém sua sede. A entidade se dedica ao atendimento de crianças e adolescentes em situação de risco, principalmente os que vivem ou passam a maior parte do tempo nas ruas.
O diagnóstico da pesquisa será usado para promover ações junto ao poder público para tentar mudar a situação das crianças e adolescentes.