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The New York Times admite falha em cobertura de guerra

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27 de maio de 2004, 14h05

Não é bem assim…

O iminente aumento de juros nos Estados Unidos ainda não foi totalmente incorporado aos ativos, como sustenta a área econômica do governo. Prova disso é que grandes bancos continuam a reduzir sua exposição a países emergentes. E o mercado segue reagindo a esses movimentos de forma intensa.

Vai prosseguir

O J.P. Morgan rebaixou ontem a sua exposição às dívidas do Brasil, Turquia e Equador de marketweight (peso na média) para underweight (peso abaixo na média). Foi a segunda vez que o banco revisou sua carteira de títulos de emergentes neste ano. A argumentação é que o banco central americano, o Fed, está “atrasado” em termos de política monetária, mas deve aumentar o juro em 1,25 ponto percentual ainda em 2004 para conter a inflação. Para o J.P. Morgan, o movimento de venda de títulos de emergentes deve prosseguir.

Estresse

Imediatamente depois do anúncio, o mercado sofreu forte deterioração, revelando que a volatilidade é a marca do novo tempo. A trégua no mercado de câmbio, na terça-feira, por exemplo, cedeu imediatamente às apostas de um real ainda mais fraco. O dólar subiu 0,76%, cotado a R$ 3,163, apesar das grandes captações em moeda estrangeira feitas por empresas nos últimos dias. Na Bovespa, o humor oscilou muito. A Bolsa paulista, no fechamento, registrou alta de 1%. O recuo do risco do Brasil para menos de 700 pontos saiu da pauta de curto prazo. A taxa subiu 3%, para 710 pontos.

O espaço do BC

Os juros no mercado futuro seguem sinalizando que é nulo o espaço do Banco Central para reduzir a taxa-Selic em 2004. Os contratos com vencimento em janeiro de 2005, que são os mais negociados, projetaram taxa de 17,71% ao ano, alta de 0,26 ponto percentual em relação ao fechamento de terça.

Seu bolso – 1

Tanto o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) quanto a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) apuraram aceleração dos preços nas últimas semanas. O Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15 (IPCA-15), calculado pelo IBGE, teve variação de 0,54% em maio, mais que o dobro do resultado de abril, de 0,21%. O Índice de Preços ao Consumidor (IPC), da Fipe, teve alta de 0,49% na terceira prévia de maio. Na segunda quadrissemana do mês, havia ficado em 0,39%.

Seu bolso – 2

A Petrobras Distribuidora e a Shell anunciaram ontem reajuste de 1,5% no preço da gasolina vendida aos postos nas regiões Sudeste, Sul e Centro-Oeste. O aumento se deve à decisão dos usineiros de elevar o preço do álcool, usado na composição da gasolina, que alegam escassez de estoques. De acordo com o presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes, Gil Siufo, o impacto para o consumidor deve ser de 10% ou de R$ 0,02.

Seu bolso –3

O álcool combustível, por sua vez, terá percentual médio de reajuste de 12% no Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte e de 17% em São Paulo. Essa alta deve representar um aumento de R$ 0,10 por litro para o consumidor.

Assim falou… Luiz Marinho

“Vamos corrigir essa tabela nem que seja na marra.”

Do presidente da CUT, sobre a tabela do imposto de renda, em raro momento em que fala como sindicalista, e não como ministro informal do governo.

Autocrítica que vale como política

O diário americano The New York Times trouxe na sua edição de ontem um editorial assinado pelo corpo de editores afirmando que, apesar de o jornal poder se orgulhar da maioria de suas notícias sobre o Iraque, houve falhas em sua própria cobertura jornalística no período pré-guerra iraquiana e mesmo durante o conflito. “Encontramos vários casos em que a cobertura não foi tão rigorosa quanto deveria ter sido. Em certas ocasiões, informações que à época eram controversas, e que agora parecem ser questionáveis, foram precariamente qualificadas ou mantidas na condição de inquestionáveis”, diz o texto.

O editorial acrescenta que, “olhando para trás”, o jornal gostaria de ter sido mais agressivo ao reexaminar as alegações à medida que as novas evidências emergiam — ou deixavam de emergir. Segundo o Times, seus editores, em vários níveis, que deveriam cobrar de repórteres mais ceticismo, estavam talvez “demasiadamente ansiosos por conseguir furos [exclusividade] de reportagem”. O jornal, assim, reconhece que falhou ao não apontar os erros do governo americano no processo. Pior para o presidente George W. Bush, que se vê acuado por uma das publicações mais influentes do mundo em pleno ano eleitoral.

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