Prova de fogo

Prova de estágio em escritórios de SP é quase um vestibular

Autor

25 de maio de 2004, 18h22

O caderno Sinapse do jornal Folha de S. Paulo, desta terça-feira (25/5), trouxe uma reportagem sobre como funciona a seleção para estagiário em escritórios de advocacia de São Paulo. Processo que, segundo o jornal, pode ser tão concorrido e elaborado quanto o vestibular para ingressar nas melhores faculdades de Direito.

No Demarest e Almeida, por exemplo, 120 candidatos “enfrentaram uma bateria de testes” no último exame de admissão promovido pelo escritório, no início de março deste ano. No Pinheiro Neto, dos cerca de 1.500 alunos que enviam currículo todos os anos, 10% são chamados para o teste escrito e apenas 3% são selecionados para a fase de entrevistas da seleção.

Um dos determinantes para o sucesso na busca de uma vaga nos grandes escritórios está na faculdade de Direito cursada pelo estudante. As exceções existem, mas grupos como o Lilla, Huck, Malheiros, Otranto, Ribeiro, Camargo e Messina Advogados só analisam currículos de alunos da USP, PUC e Mackenzie. O Pinheiro Neto vai ainda mais longe: lá, o processo seletivo leva em consideração até o colégio onde foi cursado o ensino médio para certificar-se de que o estudante tem “uma formação cultural sólida”.

De fato, para obter sucesso na bateria de exames preparados pelos maiores escritórios, o futuro advogado deve ter uma boa bagagem de conhecimentos gerais. Segundo a reportagem, a seleção nos “grandes” inclui redação e provas de inglês, português, conhecimentos gerais, conhecimentos jurídicos e entrevistas com psicólogos e advogados da empresa.

O Tozzini, Freire, Teixeira e Silva, é um dos únicos escritórios em que as questões de português e inglês são eliminatórias e em que o candidato tem de fazer uma prova técnica, dissertativas, só com questões de Direito. A maioria dos escritórios está mais preocupada com a capacidade do estudante de escrever com propriedade e fluência, seja qual for o assunto. Na última seleção do Machado, Meyer, Sendacz e Opice, por exemplo, os estudantes tiveram de discorrer sobre os atentados em Madri e as chuvas na capital paulista.

O salário pago para estagiários pode chegar a R$ 1,4 mil mensais — o mínimo é de R$ 700 — além de benefícios e, em alguns casos, participação nos lucros. Segundo a reportagem, nos “gigantes” da advocacia o número de estagiários costuma chegar perto do de profissionais contratados.

No Demarest, há 300 advogados e 170 estagiários, no Tozzini, a proporção é de 326 para 215 e no Lilli, Huck, Malheiros, é de 56 para 55. Em todos eles, as chances de contratação e até de participação societária são sempre maiores que de profissionais formados vindos de estágios em outros escritórios.

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!