Iguais na desigualdade

Polícia do Rio de Janeiro mata três pessoas por dia, aponta relatório.

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13 de maio de 2004, 15h56

O Centro Justiça Global, maior ONG de Direitos Humanos do Brasil, divulgou nesta quinta-feira (12/5) seu relatório anual. Em 140 páginas, a ONG é taxativa: aumentou muito a violência no Brasil no último ano –não tão somente pela incúria dos governantes como também pelas perversões do mercado de trabalho, vulgo desemprego em massa. O relatório vem assinado pelo presidente da ONG, o professor de Harvard James Cavallaro, e pela diretora Sandra Carvalho, editora e organizadora do documento.

O documento sustenta que “lidar com tanta expectativa em meio à miséria fez, em 2003, e faz, em 2004, a missão de controlar um Brasil incomodado pela pobreza ainda mais difícil. A violência aumentou. Desde 2001, a CPT, Comissão Pastoral da Terra, não registra um índice tão elevado de assassinato de trabalhadores rurais no campo. Desde 1997 o CMI, Conselho Indigenista Missionário, não contabiliza um número tão grande de índios assassinados”.

Segundo o dossiê “na cidade, a polícia mais violenta do país, a do Rio de Janeiro, mata 3,2 pessoas por dia. A de São Paulo mata 2,37 pessoas diariamente. A violência vem aumentando em ritmo alucinante. A taxa nacional de mortalidade por homicídio cresceu, de acordo com o IBGE, 130% entre 1989 e 2000, passando de 11,7 por cada 100 mil habitantes para 27 por 100 mil”.

Dados do documento apontam que a Comissão Pastoral da Terra registrou, em 2003, 73 assassinatos de trabalhadores rurais em conflitos no campo, um aumento de 69,8% em relação a 2002, o mais elevado desde 1990, quando 79 camponeses foram assassinados”.

No Rio de Janeiro e São Paulo, prossegue a Justiça Global, verificou-se, em 2003, um acréscimo escandaloso no número de civis mortos por policiais em relação a 2002, atingindo números expressivos de 1995 e 868, respectivamente.

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