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Situação de Maluf complica e ele acusa MP de fazer campanha para Serra

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15 de julho de 2004, 12h04

Assombração

O ex-prefeito de São Paulo é investigado pelo Ministério Público por remessa ilegal de milhões de dólares para o exterior, mas ele nega possuir contas fora do Brasil e diz ser vítima de perseguição política. Ontem, ele acusou o Ministério Público de fazer campanha para José Serra, candidato do PSDB à prefeitura.

No palanque 1

Ontem, em Campinas, o presidente Lula fez sua estréia no palanque do PT nas eleições municipais. Oficialmente, ele visitou a cidade para inspecionar obras do aeroporto de Viracopos e inaugurar uma estação de tratamento de esgotos. Na prática, foi pura campanha eleitoral.

No palanque 2

A visita de Lula a Campinas parece indicar como os petistas pretendem usar o prestígio do presidente: socorrer candidatos que estão em dificuldades. Pesquisas apontam o mau desempenho do deputado federal Luciano Zica, e uma das razões para isso tem sido a avaliação ruim da atual prefeita, Izalene Tiene, também do PT.

Ajuda federal

Zica não pode subir no palanque, pois está proibido pela Lei Eleitoral de comparecer a inaugurações. Nem por isso lhe faltou ajuda federal. O governo liberou RS$ 1,75 milhões para emendas ao orçamento apresentadas por Zica. Seus concorrentes também deputados federais — Doutor Helio (PDT) e Carlos Sampaio (PSDB) — tiveram direito a R$ 150 mil e R$ 45 mil, respectivamente.

De próprio punho

A situação jurídica de Paulo Maluf, candidato do PP à Prefeitura de São Paulo, complicou-se um pouco mais. Ontem, um laudo pericial constatou que é do ex-prefeito a assinatura numa carta enviada a um banco na Suíça determinando o envio de dinheiro para a Inglaterra. Maluf negava e segue negando que tenha assinado o documento.

Assombração

O ex-prefeito de São Paulo é investigado pelo Ministério Público por remessa ilegal de milhões de dólares para o exterior, mas ele nega possuir contas fora do Brasil e diz ser vítima de perseguição política. Ontem, ele acusou o Ministério Público de fazer campanha para José Serra, candidato do PSDB à prefeitura.

Palavra dada

No dia seguinte à aprovação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias), o ministro Aldo Rebelo (Coordenação Política) disse que não tem como garantir o cumprimento de um acordo fechado com o PSDB para garantir a votação. Na véspera, o próprio Aldo havia chancelado o acerto.

Palavra retirada

Pelo acordo, o presidente se comprometia a não vetar um artigo da lei, incluído pelo senador Sérgio Guerra (PSDB-PE), proibindo o remanejamento de verbas destinadas a um Estado ou cidade para outros. Agora, Rebelo diz que o presidente não foi consultado sobre o acerto e que a Constituição lhe garante o direito de veto.

Doce comércio

A União Européia pretende cortar 80% do subsídio concedido aos seus produtores de açúcar, o que deve reduzir a produção da Europa dos atuais 17,4 milhões de toneladas para 2,8 milhões de toneladas por ano, num processo gradual. Se a medida se confirmar, o Brasil pode ganhar o mercado que deixará de ser abastecido pelo açúcar europeu subsidiado.

Boa notícia

A indústria paulista registrou em junho o maior aumento percentual no nível de emprego do real. O nível de emprego no setor subiu 0,79% no mês em relação a maio, o que significa a abertura de 12.124 vagas. O setor registrou outro recorde: de janeiro a junho foram abertas 30.091 vagas, equivalente a um aumento de 1,97% no nível de emprego.

Mas é sustentável?

Os números vieram principalmente dos setores ligados às exportações e pelo setor de bens duráveis, apoiado em maior nível de crédito. Mas a própria Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, responsável pelos dados, ainda duvida que a retomada seja consistente.

Assim falou… Marina Silva

“Na [sua] época, Jesus falou vinde a mim as criancinhas. Eu tenho certeza de que o presidente Lula nesse momento teve a mesma sensação”.

Da ministra do Meio Ambiente, comparando o presidente a Jesus Cristo ao comentar o fato de Lula ter abraçado um grupo de crianças em Campinas, no que seria um “descuido” da segurança.

Para a história

Que fique registrado nos anais da história: informações colhidas por serviços de inteligência não bastam para justificar uma guerra preventiva, como queriam o presidente dos EUA, George W. Bush, e seu parceiro, o premiê britânico, Tony Blair.

Ontem, mais um relatório, dessa vez elaborado por uma comissão do Parlamento britânico constatou que o Iraque não possuía armas químicas ou biológicas, e os serviços britânicos de inteligência confiaram em fontes que não mereciam credibilidade. No fundo, Blair e Bush queriam ir à guerra. As razões ficaram para depois.

*A coluna é produzida pelo site Primeira Leitura – www.primeiraleitura.com.br

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