Pedido de transferência

Filha quer transferência de Bellini para clínica de São Paulo

Autor

14 de julho de 2004, 17h59

A jornalista Bruna Bellini, filha do delegado José Augusto Bellini, encaminhou uma carta para a desembargadora Therezinha Cazerta. Ela reclama dos problemas de saúde do pai. O delegado foi preso durante a Operação Anaconda.

“Meu pai está morrendo aos poucos, os dentes estão caindo, a fala está cada vez mais prolixa, confusa, a perda de peso é visível” diz ela na carta.

O documento foi enviado para a desembargadora dias depois da transferência de Bellini para Florianópolis — há mais de 3 meses. Ele ainda está em Florianópolis.

Leia a carta:

Gostaria Sra. Desembargadora de expressar o que senti na última semana em Florianópolis na Custódia da Polícia Federal. Há um mês não via meu pai, e ao vê-lo senti uma impotência imensa, uma sensação de desalento e ao mesmo tempo a certeza de que precisava fazer alguma coisa para levá-lo para um lugar onde pudesse ser tratado.

Meu pai está morrendo aos poucos, os dentes estão caindo, a fala está cada vez mais prolixa, confusa, a perda de peso é visível. Tonturas constantes, falhas graves de memória. O estado de depressão é lamentável, e sabemos todos que a descompensação diabética é silenciosa e fatal.

Peço à Sra., em nome do direito à vida, que permita a transferência do meu pai para uma clínica em São Paulo. Inclusive, passando por supervisão médica que a Sra. determinar.

O fato dele estar em Florianópolis está criando outras vítimas, eu e o meu irmão, que estamos nos endividando para podermos ver meu pai e estarmos com ele por duas horas semanais.

Foram tantas as solicitações jurídicas , apoiadas em laudos médicos, negadas ou não respondidas, que hoje só me resta apelar para o bom senso da Sra. Desembargadora. Afinal, meu pai não matou, não estuprou, não atentou contra a vida de ninguém. Aliás, até agora, só sei do que foi acusado, mas não sei ainda do que é realmente culpado.

Só sei que meu pai não merece morrer assim, definhando, lentamente. Nem ele nem ninguém.

Por favor Sra. Desembargadora, acredito não estar pedindo nada ilegal, nada que possa ser entendido como concessão, e sim um tratamento médico constante, perto da família, para que possa recuperá-lo física, psico e emocionalmente.

Contando com sua compreensão e sensibilidade

Agradeço muito

Bruna Bellini

Tags:

Encontrou um erro? Avise nossa equipe!