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Temor sobre crescimento parece ter contaminado até Lula

13 de julho de 2004, 11h28

Por Redação ConJur

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Vôo da galinha

Depois de uma semana marcada pela euforia com o crescimento, por causa do recorde da atividade industrial, o temor de que tudo não passe de um “vôo da galinha” — expressão utilizada para designar episódios de expansão do PIB que não se sustentam — tomou conta do debate e parece ter contaminado o próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Café frio

Ontem, no seu programa quinzenal de rádio Café com o Presidente, a “prosa” de Lula com os ouvintes chamou a atenção pelo nível de cautela. “Estou otimista, mas consciente que temos que trabalhar muito mais para que a economia cresça de verdade, de forma sustentável e duradoura”, disse. “Nós não queremos aquele crescimento que cresce um ano e, no ano seguinte, não cresce mais.”

Desconfiança

A desconfiança de que não há base para que o crescimento se sustente começou a aparecer mais fortemente na mídia no fim de semana. Empresários e economistas alertaram: o nível de investimento em relação ao PIB ficou em torno de 19% no primeiro trimestre, o mesmo de anos em que o país teve crescimento medíocre, em geral seguido de algum nível de desaceleração.

Limites físicos

Além disso, há limites físicos já identificados para a expansão do PIB, como o nível elevado de utilização da capacidade instalada de setores como os de aço, de celulose e de petroquímicos.

Alerta

Ontem, José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de Política Econômica e sócio da MB Associados, lembrou o estrangulamento do setor de infra-estrutura e logística no Brasil, que está acabando com as vantagens competitivas de certos produtos no mercado internacional, como a soja.

O fator petróleo – 1

O economista participou do seminário O Terceiro Choque do Petróleo e lembrou que a manutenção do preço da commodity na faixa dos R$ 40 por barril mais o aumento do juro americano põem em risco a meta de inflação. “A meta do Banco Central pode ser perigosamente atingida, ainda tendo risco de um aumento doméstico da taxa de juros no segundo semestre”, disse.

O fator petróleo -2

O mercado de petróleo teve como marca uma forte volatilidade ontem. O barril chegou a ser negociado a US$ 40,59 em Nova York, mas no fechamento recuou para US$ 39,50. A cesta de sete tipos de petróleo cru na Opep chegou ao maior nível em 20 dias úteis na sexta-feira, a US$ 36,05. No dia 16 de junho, o preço médio era de US$ 33,93.

O fator inflação

Os reajustes de preços administrados levaram o mercado a rever, de novo para cima, suas projeções de inflação em julho. As estimativas para o índice neste mês subiram para 0,95%, contra o 0,90% da semana passada, segundo o boletim Focus. A projeção média do IPCA no ano subiu de 7% para 7,05%. A pressão inflacionária continuaria em agosto: os analistas apontaram em 0,59% a estimava do IPCA no mês, acima dos 0,55% no levantamento anterior.

O fator juro

Dessa forma, o mercado descarta que o BC baixe os juros (a taxa básica está em 16% ao ano) na reunião do Copom dos dias 20 e 21. Para agosto, pela terceira semana seguida, também se aposta em manutenção da Selic. A taxa ficaria em 15,25% no fim do ano, e não mais em 15,13%, como previsto no último relatório.

Assim falou… Luiz Inácio Lula da Silva

“Eu vou te dar um abraço, meu amor. Daqui a pouco, eu pulo aí e te agarro. Você vai ver…”

Do presidente da República, brincando com uma mulher que participava do 1º Encontro nacional da Agricultura Familiar,em Brasília, e não parava de chamá-lo na platéia.

O terror e as eleições americanas

O governo Bush estuda a possibilidade de adiar as eleições presidenciais previstas para o da 2 de novembro caso a rede terrorista Al Qaeda, de Osama bin Laden, realize algum atentado no país — como o ocorrido antes das eleições espanholas, em 11 de março —, informou a atual edição da revista americana Newsweek. A publicação, que cita fontes anônimas, assegura que o Departamento de Segurança Nacional solicitou ao Departamento de Justiça, na semana passada, que determinasse os caminhos legais necessários para que se possa postergar o pleito.

A medida seria tomada em reação a um eventual atentado no dia ou antes das eleições. No Congresso, os democratas já começaram a arquitetar a oposição à medida. A deputada Jane Harman, integrante do Comitê de Inteligência da Câmara de Representantes, classificou a proposta republicana de “excessiva”.

*A coluna é produzida pelo site Primeira Leitura — www.primeiraleitura.com.br