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Fraude no vestibular do Acre desvenda quadrilha especializada

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8 de julho de 2004, 16h24

As investigações que começaram em 2003 sobre as possibilidades de fraude no vestibular de Medicina da Universidade Federal do Acre estão tomando proporções maiores do que se imaginava. Segundo o Ministério Público Federal, há um mega-esquema de fraude em concursos públicos, que tem como alvo principal o curso superior em Medicina.

O MPF afirma que a quadrilha agia em todo país desde 1988 fraudando vestibulares e concursos de diversas instituições. Entre elas, a Universidade Estadual do Amazonas, Universidade de Brasília, Unimar, Universidade Federal de Mato Grosso, Universidade Federal do Acre, Universidade Federal do Espirito Santo, Unoeste, Universidade Gama Filho (RJ).

As fraudes também teriam ocorrido em diversos concursos. Ainda em 2003, após o inicio das investigações feitas pelo MPF no Acre, alguns dos membros da quadrilha foram presos em Manaus, ocasião em que fraudavam o vestibular da Universidade Estadual do Amazonas.

Agora, no Acre, estão sendo investigados — além dos vestibulares de 2003 e 2004 do curso de Medicina — os cursos de Enfermagem e Direito, que são os mais concorridos da instituição. Mais da metade da turma de Medicina que prestou vestibular em 2002 já foi afastada da sala de aula e aguarda o julgamento.

O elo maior se fez quando, no inicio de junho, a Polícia Federal conseguiu prender em flagrante alguns integrantes do bando e alunos que pagaram pela fraude do vestibular da Universidade São Francisco (SP). Os procuradores garantem que a quadrilha é especializada e possuí moderno aparato tecnológico.

A atuação se dava da seguinte forma: mostradores digitais eram entregues aos contratantes da quadrilha. Pessoas com nível intelectual elevado em disciplinas diversas (os “pilotos”) eram contratadas para resolver as provas em tempo recorde. As respostas corretas eram transmitidas de um carro para os receptores digitais que estavam de posse dos candidatos.

No Acre, cinco alunos de Medicina confessaram participação no esquema. O encarregado de efetuar a transmissão dos dados Rosirley Lobo e alguns pilotos já confessaram fazer parte da quadrilha.

O procurador-chefe da República no Acre, Marcus Vinícius de Aguiar Macedo, já solicitou mais de 20 prisões tanto no estado do Acre como em outras unidades da Federação. Alunos, membros da quadrilha e financiadores do esquema estão sendo ouvidos e investigados. Segundo investigações, cerca de 30 pessoas que prestaram o vestibular da Universidade Federal do Acre contrataram a quadrilha. Quatro pessoas da quadrilha estão presas.

As investigações do Ministério Público Federal no Acre prevêem a possível participação do grupo em concursos de Provimento de Cargo Públicos e a intenção de atuar em concursos como o da Polícia Civil do Distrito Federal, Tribunal Regional Eleitoral do Alagoas e o da própria Polícia Federal. O próximo concurso investigado pelo MPF deve ser o último que deu provimento ao cargo de Policial Rodoviário Federal.

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