Para 60% dos cariocas Judiciário é regular, ruim ou péssimo.
3 de julho de 2004, 15h39
Apenas 19% da população carioca consideram o serviço prestado pela Justiça satisfatório — 4% avaliando-o como ótimo e 15% como bom. Para a maioria dos moradores do Rio, porém, este serviço é apenas regular (34%). Para 26%, a Justiça é ruim (11%) e péssima (15%). Vinte e dois por cento disseram não ter opinião formada sobre o assunto. O resultado consta da pesquisa Gerp/Jornal do Brasil, realizada entre 19 e 22 de junho, publicada no JB deste sábado (3/7).
Numa média de 1 a 5, os serviços judiciais ficaram com uma nota 2,77, na faixa abaixo do regular (nota 3) e acima do ruim (nota 2). A média representou uma pequena melhora da imagem da Justiça em relação à versão anterior da pesquisa, realizada em fevereiro, quando o serviço mereceu a nota 2,47.
Ainda de acordo com a pesquisa, 60% da população associam Justiça a lentidão, 24% a burocracia, 7% a despesas, 6% a desconfiança e 6% a ineficiência, 3% a honestidade, 3% a eficiência e 2% a rapidez.
Mais do que refletir a imagem que se construiu ao longo dos anos sobre o desempenho da Justiça no Brasil, a pesquisa ilustra os obstáculos que a população enfrenta nos tribunais.
Aos 81 anos, a aposentada Alayde Brista já perdeu as contas de quantas vezes se deslocou de Jacarepaguá para acompanhar o andamento do processo que cuida do inventário do marido, morto há oito anos.
— Até agora não consegui a transferência dos bens dele para o meu nome. É bem provável que eu morra antes de isso acontecer — afirma Alayde, salientando que seu processo é simples, já que o casal não teve filhos.
A aposentada conta que a cada vez que comparece à Defensoria Pública, no Fórum, centro do Rio, novos documentos são requisitados com a promessa de que o processo se aproxima do fim.
— Já ouvi promessas demais, quero mais agilidade. Antes, era atendida pela defensora, agora só falo com estagiários.
Na avaliação de Alayde, o termo que melhor define a Justiça brasileira é lentidão, mas ressalta que esse é o preço que se paga por um serviço gratuito.
— Na última vez, esperei das 12h30 às 18h. Idoso não tem a preferência, tem que aguardar mesmo.
Para a vendedora Sivana Maria da Silva, a Justiça só é eficiente para os ricos.
— Para os pobres, ela é péssima, morosa e burocrática.
Silvana aguarda o resultado de uma ação que tramita no Juizado Especial de Pequenas Causas, desde agosto do ano passado, contra uma empresa paulista. Ela conta que comprou à vista uma máquina de fazer fraldas, por R$ 3 mil, que nunca funcionou.
— Além de perder o investimento, tenho que lutar para ter de volta o que é meu, sem saber se vou conseguir. Comprei uma máquina com defeito para trabalhar e agora estou sem nada — lamenta.
Texto reproduzido do Jornal do Brasil (www.jb.com.br)
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