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Juiz americano insinua que bancos suíços se inspiram em Goebels

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22 de fevereiro de 2004, 12h18

O juiz federal norte-americano Edward Korman, responsável pelo julgamento de uma ação em que associações judaicas pleiteiam o recebimento de dinheiro de vítimas do Holocausto que estariam em bancos suíços, insinuou que as instituições financeiras seriam adeptas da tese da propaganda nazista. O relatório foi publicado na quinta-feira (19/2).

A notícia foi divulgada no sábado (21/2) no New York Times e repercutiu durante o fim de semana nos sites suíços. O juiz acusa os bancos suíços de retardar a distribuição do processo e de tentar bloquear a busca da verdade.

O magistrado não faz a acusação de forma explícita, mas deixa a entender que a estratégia de defesa dos bancos é a de que “uma mentira, quando repetida exaustivamente, acaba por torna-se verdade”. A frase é atribuída historicamente ao ministro da propaganda de Hitler, Joseph Goebels.

Um dos advogados dos bancos, Roger Witten, respondeu ao diário americano: “Nós não concordamos com a maioria das declarações do juiz Korman e esperamos que o foco do processo vá para a rápida distribuição do dinheiro e a completa compensação para todo os que foram atingidos”.

A questão levantada pelo juiz é a de que os bancos suíços já teriam feito um acordo com a Corte em 1998. Acordo este que foi aceito pelas associações judaicas. Mas, que, apesar disso, estariam tentando criar obstáculos para o bom andamento da ação.

Pelo acerto, os suícos pagariam uma soma de US$ 1,25 bilhão. Desse dinheiro, US$ 800 milhões iriam prontamente para os proprietários individuais de contas. Mas, até agosto passado, apenas uma pequena fração desse montante (US$ 125,9 milhões) teria sido paga.

Outro motivo de descontentamento da Corte é o seguinte: os bancos se prontificaram a comparar apenas 550 contas que poderiam conter recursos de vítimas do Holocausto com um universo de 4,1 milhões de contas que, acredita-se, contêm dinheiro desviado durante a Segunda Guerra Mundial.

Korman sugere, ainda, que os bancos parem de se concentrar seus esforços no que é justo para eles próprios e comecem a pensar sobre o que seria justo para seus clientes.

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