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Presidente da OAB critica resultado final da CPI do Banestado

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28 de dezembro de 2004, 15h48

“Termina em clima de pizza, de festa, em clima de Natal, ficando os culpados sem serem denunciados e as pessoas inocentes, violentadas no seu direito à intimidade”. Foi assim que o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato definiu a conclusão da CPI do Banestado, encerrada na última segunda-feira (27/12), sem que fosse votado o relatório final do deputado José Mentor (PT-SP). “Este é um dos piores exemplos de comportamento político que podia dar o Congresso neste fim de ano”, completou.

A CPI mista do Banestado pretendia, desde o início, ser a maior investigação parlamentar já realizada no país. Durante os 18 meses em que ela ocorreu, foi criado um clima que indicava a possibilidade de apontar vários políticos importantes do Brasil como integrantes de um esquema de remessas ilegais de dinheiro para o exterior.

No entanto, ao final das contas, o relatório do deputado petista sugeriu o indiciamento de 91 pessoas. Entre elas, os únicos nomes mais conhecidos do mundo político são o ex-prefeito de São Paulo, Celso Pitta e o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Franco.

O presidente da CPI do Banestado, senador Antero Paes de Barros (PSDB-MT), após vários desentendimentos com o relator, resolveu encerrar os trabalhos da comissão sem que o texto apresentado pelo deputado passasse pela votação dos integrantes da CPI. “Fica frustrada a votação de seu relatório em função de pura briga política de políticos que ficaram todo o tempo sob holofotes, me parece tentando apenas captar vantagens eleitorais e não com o objetivo de prestar um serviço à nação”, criticou Busato.

O presidente da OAB foi ainda mais duro com relação ao comportamento da CPI no decorrer do processo de investigação. Para ele, a enorme quantidade de quebras de sigilos bancários e telefônicos “serviu apenas para alimentar a vaidade de políticos que não têm a consciência cívica da importância de uma CPI. De outro lado, os efetivamente envolvidos em ilícitos penais e tributários acabarão livres de acusações”.

A briga política entre Barros e Mentor ficou evidenciada com seus respectivos relatórios. Enquanto o deputado petista cutucou o governo Fernando Henrique Cardoso com a sugestão de indiciamento de Gustavo Franco, o senador mato-grossense pede ao Ministério Público que indicie o atual presidente do BC, Henrique Meirelles, além do ex-presidente do Banco do Brasil no governo Lula, Cássio Casseb.

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