Reta final

Waldomiro, Buratti e Mino Pedrosa indiciados pela PF.

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15 de dezembro de 2004, 20h59

O ex-subchefe da Casa Civil para Assuntos Parlamentares, Waldomiro Diniz; o consultor petista Rogério Buratti, que foi secretário municipal de Ribeirão Preto, na gestão do então prefeito Antonio Palocci; e o jornalista Mino Pedrosa foram os indiciados pela Polícia Federal, no relatório final apresentado à justiça pelo delegado César Nunes, nesta quarta-feira (15/12).

Contra os dirigentes e ex-dirigentes da Caixa Econômica Federal e da Gtech nenhum indício de delito foi detectado. “Ao contrário, no caso da empresa todas as informações prestadas foram confirmadas”, afirmou o delegado que presidiu o inquérito.

Checados os horários de telefonemas e os interlocutores, bem como os encontros informados pelos executivos da Gtech, disse o delegado, os dados foram detalhadamente certificados. “Ao se ver chantageada, a empresa empurrou com a barriga encenou, deixando o interlocutor crer no que quisesse, e, depois que assinou o contrato, deu uma banana para ele“, afirmou o delegado, referindo-se a Rogério Buratti.

Diniz e Buratti foram indiciados por concussão, ou seja, pela tentativa de extorquir empresários em troca de favorecimento. Mino Pedrosa, que trabalhou com o empresário conhecido como Carlinhos Cachoeira, foi indiciado por falso testemunho. A convicção teria vindo do comportamento do jornalista que, na condição de testemunha, escudou-se sistematicamente no direito de nada dizer que o incriminasse, em todos os depoimentos.

Leitura labial

O relatório foi apresentado à 10ª Vara Federal acompanhado de vinte volumes de documentos. O delegado se assessorou de 80 técnicos cujas especializações vão da produção de laudos financeiros à leitura labial necessária para vídeos produzidos sem som. Foram feitos os cruzamentos de cerca de 704 mil ligações telefônica para estabelecer as conexões entre os investigados.

No caso dos executivos da Caixa Econômica Federal, o delegado César Nunes tampouco localizou indícios de práticas ilícitas. Nas investigações, a PF tentou verificar a possibilidade de enquadramento dos servidores em crime de gestão temerária (Lei 7.492/86), mas as buscas e investigações não geraram os indícios necessários para a imputação.

“Não digo que não tenha havido irregularidades”, explicou Nunes, “mas que os elementos colhidos não permitiram ir além”. O delegado lamentou que investigados como Waldomiro Diniz e Carlinhos Cachoeira tenham sabido precocemente que estavam sendo investigados, o que possibilitou a destruição de eventuais provas. “Na casa de Waldomiro Diniz encontramos apenas cinco documentos”, afirmou. “Nem mesmo papéis que se tem na casa de qualquer cidadão, como contas de luz ou telefone encontramos lá”.

Operações de risco

Já em relação aos executivos da Gtech, o delegado citou como exemplo de informação confirmada o telefonema de Buratti, recebido por volta das 17h do dia 1º de abril, quando o consultor petista teria dito ao então diretor de marketing da empresa, Marcelo Rovai, que nem adiantaria ir à Caixa Econômica, porque o contrato de prestação de serviços com a empresa não seria assinado. “Confirmamos o telefonema com o horário e a duração compatíveis”, disse o delegado. Outra confirmação foi o encontro de dirigentes da Gtech com o consultor, no Blue Tree Park de Brasília. “No dia indicado confirmamos que Buratti alugou uma sala para reunião com quatro pessoas”.

Há 31 anos na Polícia Federal, o delegado César Nunes, 51, concluiu seu relatório e embarcou para São Paulo para se submeter a exames no Instituto do Coração (Incor). Nunes foi quem conduziu o processo de extradição do traficante Fernandinho Beira-Mar da Colômbia para o Brasil, já que o policial, à época, ocupava o cargo de adido na embaixada brasileira em Bogotá.

Entre as passagens mais conhecidas do delegado estão grandes apreensões de drogas, como a de 850 quilos de cocaína no Sul do Pará e operações de alto risco como a que ocorreu dentro do território boliviano, onde se infiltrou numa quadrilha que trocava drogas por veículos. Nunes simulou a troca de uma caminhonete e um jipe e, configurada a prática criminosa, com a ajuda da polícia boliviana, desmantelou a quadrilha que foi toda presa.

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