Passando a limpo

Delegado alega que estava fora da PF quando conversou com doleiro

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26 de agosto de 2004, 12h34

O delegado federal Carlos Fernando Braga, preso no último sábado em São Paulo (21/8), acusado de ter vazado informações da Operação Farol da Colina, vai entrar na Justiça para pedir revisão dos diálogos que serviram como prova para sua detenção.

Braga era chefe do combate aos narcóticos, em São Paulo, e gozava de inteira confiança do ex-superintendente da PF em São Paulo, Francisco Baltazar da Silva, que deixou o cargo na terça-feira.

Segundo o Ministério Público Federal, uma escuta telefônica revelou conversa entre Toninho da Barcelona e o delegado Braga. Na ligação, o delegado teria informado ao doleiro detalhes sobre a operação, que executou pedidos de busca e apreensão e prisão temporária de pessoas acusadas de lavagem de dinheiro.

O MPF pediu, nesta terça-feira (24/8), a prisão preventiva de Braga. A prisão temporária tem validade de cinco dias, prorrogáveis por mais cinco. No caso da preventiva, não há prazo estipulado pela lei. O pedido de prisão preventiva baseia-se na suspeita de violação de sigilo funcional, prevaricação e formação de quadrilha.

Braga vai alegar em sua defesa que estava fora dos quadros da PF há seis meses, período em que vinha administrando um posto de gasolina. O delegado vai argumentar, em seu pedido de revisão das escutas telefônicas, que teria sido o doleiro Toninho da Barcelona que telefonou para ele.

O delegado confidenciou a delegados federais que o foram visitar em Brasília, nesta quarta-feira, que o doleiro Toninho da Barcelona teria telefonado para ele e perguntado: “Dr., soube que vai haver uma operação grande e queria saber se vai existir serviço em cima de mim…”. Braga disse a delegados amigos que teria respondido: “Meu caro, sempre que houver uma operação com doleiros você vai ser a bola da vez”.

Delegados federais afiançam à revista Consultor Jurídico que o doleiro Toninho da Barcelona, preso na semana passada na Operação Farol da Colina, era íntimo da PF porque teria ajudado a corporação em muitos episódios e operações destinadas a prender narcotraficantes. Toninho da Barcelona mantinha delegados federais a par de grandes compras de dólares feitas por latino-americanos e, com essas dicas, a PF tinha um mapeamento preciso de quem estava lavando dinheiro em São Paulo.

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