Primeira Leitura

Aloizio Mercadante se irrita com pergunta de site sobre Casseb

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4 de agosto de 2004, 12h20

O petróleo e nós

O preço do petróleo, que não para de subir, já ameaça tornar-se um problema para o Brasil e pode romper o equilíbrio que sustenta a recuperação econômica. Até agora, a alta das cotações jogava a favor da economia brasileira, pois o preço elevado segura o crescimento dos EUA e colabora para que seja mantida a expectativa de que os juros lá — que estão no menor patamar em 46 anos — sejam elevados gradualmente.

Com a pressão do preço dos combustíveis, porém, pode haver alta na inflação, o que levaria o Fed (banco central americano) a ser mais agressivo.

Juros altos

Se os EUA elevarem sua taxa de juros anual, hoje em 1,25%, o Brasil pode ser forçado a fazer o mesmo para manter seus papeis atrativos para o mercado internacional. A alta do petróleo também pode pressionar a inflação por aqui, o que igualmente levaria o Banco Central a aumentar a taxa-Selic, hoje em 16%. A Petrobras já avisou que, se a cotação continuar acima de US$ 40 vai ter reajuste nos combustíveis.

Recordes

Ontem, a cotação do petróleo na Bolsa de Mercadorias de Nova York fechou em alta de US$ 0,33, a US$ 44,15 o barril. Pela manhã, o preço testou um novo recorde, de US$ 44,24.

Nada a fazer

O mercado ontem funcionou sob o impacto de declarações do presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), Purnomo Yusgiantoro, segundo quem não há formas de aumentar a oferta no curto prazo. “Não há nada que a Opep possa fazer”, disse.

Gargalo

A disparada das cotações de petróleo tem como causa principal o crescimento da demanda, inflada pelo reaquecimento da economia mundial e pela expansão acelerada da China, além, é claro, da ameaça terrorista e a instabilidade no Oriente Médio. O problema é que os países produtores não têm capacidade de aumentar a produção no curto prazo, conforme declarou o presidente da Opep ontem.

O céu é o limite

Heliodoro Quintero, representante da Venezuela na Opep entre 1996 e 2000 e ex-presidente da entidade, disse em entrevista ao Primeira Leitura que o preço do petróleo pode encostar nos US$ 50 por barril. Segundo ele, o equilíbrio entre oferta e demanda está num ponto crítico. “Não temos uma crise, porque, a rigor, o petróleo ofertado atende a demanda. Mas chegou-se a uma situação em que a Opep não tem como atender eventual interrupção na Rússia, na Nigéria, no Iraque ou na Venezuela”, disse Quintero. Leia mais a respeito no site www.primeiraleitura.com.br.

Assim falou… Purnomo Yusgiantoro

“O preço do petróleo está muito alto. Isso é louco. Não há oferta adicional”

Do presidente da Organização dos Países Exportadores de Petróleo e ministro do Petróleo da Indonésia ao comentar, ontem na TV CNN, a alta do preço do barril, que fechou em alta novamente.

Mercadante, um democrata

O senador Aloizio Mercadante irritou-se, ontem, com Primeira Leitura. Segundo ele, a pergunta que lhe foi dirigida pela editora Vera Magalhães era “coisa” de um “sitezinho tucano, que poderia se chamar PSDB em campanha”. A coisa se deu assim. Depois de um pronunciamento em que falou sobre as denúncias envolvendo os presidentes do Banco Central, Henrique Meirelles, e do Banco do Brasil, Cássio Casseb, Mercadante concedeu entrevista.

Questionado uma primeira vez pelo Primeira Leitura sobre por que não fora tão enfático ao defender Casseb como fora ao defender Meirelles, decidiu de uma “ordem” aos jornalistas de TV para que a resposta não fosse editada: “Não há nada que desabone nenhum deles.

Quem tem de dar o pronunciamento é a Receita Federal”, concluiu. Terminada a entrevista, um grupo de jornalistas se aproximou de Mercadante para esclarecer alguns pontos. Questionado, de novo, por Primeira Leitura sobre o que achava da proposta do líder do PSDB, Arthur Virgílio (PSDB-AM), de convocar Meirelles e Casseb para depor na CPI do Banestado, respondeu: “O Arthur Virgílio? O mesmo que quer a saída imediata do Meirelles? Isso é coisa para o seu sitezinho tucano, que poderia se chamar ‘PSDB em campanha’. Publica lá”.

Diante da agressão, a editora Vera Magalhães respondeu que essa, felizmente, não era a opinião de outros petistas, muitos deles ministros e integrantes do alto escalão do governo, que vêem no site um veículo jornalístico com qualquer outro, com o qual falam sem quaisquer restrições. Mercadante, então, tentou se emendar, mas sempre no ataque: “Falar eu também falo, mas que o site é tucano, é”. A editora replicou: “O site é editado por jornalistas segundo critérios jornalísticos. Muito obrigada, líder”.

* A coluna é produzida pelo site Primeira Leitura é pr – www.primeiraleitura.com.br

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