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Novo valor do salário mínimo é lamentável e lastimável, diz Marinho.

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30 de abril de 2004, 11h10

Lá se vai outra promessa…

A decisão do governo de conceder reajuste de 8,3% para o salário mínimo, que, a partir de 1º maio, passa a valer R$ 260, provocou críticas generalizadas ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, acusado de descumprir uma de suas principais promessas de campanha: a de dobrar o poder de compra do mínimo durante seu mandato.

Os que não coram

Os ministros Guido Mantega (Planejamento) e Ricardo Berozini (Trabalho) concederam uma entrevista coletiva. Um repórter indagou se eles não estavam envergonhados. Mantega afirmou que o governo faz um esforço pelo equilíbrio fiscal e pelo desenvolvimento sustentado. Berzoini não respondeu.

Ataque, a única defesa

Informado da reação do líder tucano, senador Arthur Virgílio (AM), que disse que votaria a favor do novo mínimo se o governo fosse à TV e fizesse uma autocrítica e afirmasse “que era delirante e cometeu um equívoco [ao criticar governos anteriores]” ao criticar as gestões anteriores, o ministro do Trabalho ressuscitou a tal da herança maldita e afirmou que quem deveria pedir desculpas era o governo FHC por causa da evolução da dívida pública.

Enfim, juntos

Na campanha eleitoral, Lula prometeu um pacto social. Mas não se imaginava que conseguiria unir governistas e oposicionistas em torno de uma bandeira. Conseguiu! Todos criticaram o novo valor do mínimo.

Antes só…

Entre os defensores da decisão do governo Lula, o destaque cabe ao economista da Tendências Consultoria José Márcio de Camargo, que disse considerar um absurdo que o país gaste 12% de seu Orçamento com 5% da população (os aposentados) enquanto para as crianças, que representam 30%, seriam destinados apenas 5%.

No divã

Para o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento), a “burocracia parece impermeável”, e os 56 grupos de trabalho e conselhos criados pelo governo não podem transformar as reuniões que realizam em espaço para “terapia de grupo”.

Deus e o diabo na terra de Lula

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva usou uma teleconferência da CNC (Confederação Nacional do Comércio) sobre turismo para lançar mão novamente de metáforas. Disse Lula que Deus não mediu esforços para fazer um “investimento na natureza e fazer coisas boas no Brasil” e que foi “a economia é que deixou o povo pobre”.

A vida é assim

Ontem, mais um banco, o ABN-Amro (que controla, no Brasil, o Banco Real), e uma consultoria, a IdeaGlobal, rebaixaram o Brasil. Indagado sobre o assunto, o presidente do BC, Henrique Meirelles, disse que é um procedimento normal, mas, claro, que os bons fundamentos do país vão acabar prevalecendo.

Assim Falou…

Luiz Marinho

“Lamentável e lastimável.”

Do presidente da CUT, ao comentar o novo valor do salário mínimo.

Jorge Bornhausen

“Felizmente, estamos numa democracia […] Faltarão, a contar de 1º de maio, 987 dias para o fim da experiência infeliz do governo Lula.”

Do presidente do PFL, sobre o reajustar de R$ 20 para o mínimo.

Tasso Jereissati

“Pensou demais para dar um salário-mínimo desse?”

Do senador tucano do Ceará, ao ironizar o fato de o governo ter demorado tanto tempo para definir o novo valor.

Diga-me com quem andas…

“Se tivessem alguma dúvida contra o meu nome, o governo ético do presidente Lula não me nomearia.” Com essas palavras, o ex-senador Carlos Bezerra, que vai assumir a presidência do INSS, respondeu nota da Frente Parlamentar contra a Corrupção, divulgada ontem, que pediu a revisão de sua nomeação para o cargo.

No texto, os parlamentares destacam as investigações, conduzidas pela Polícia Federal, do suposto envolvimento do ex-senador peemedebista no desvio de recursos da extinta Sudam e de um cheque de R$ 1,6 milhão de Bezerra encontrado em um escritório de João Arcanjo Ribeiro, o comendador, preso no Uruguai por lavagem de dinheiro e contrabando de armas. Detalhe: no novo cargo, Bezerra promete, sintomaticamente, além de diminuir os prazos de concessão de benefícios, combater a fraude e o desvio de recursos.

*A coluna é produzida por Primeira Leitura – www.primeiraleitura.com.br

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