Aumento insuficiente

Entidades criticam novo salário mínimo de R$ 260

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29 de abril de 2004, 18h11

“É um momento que frustra mais uma vez a população mais humilde do País”. A afirmação é do presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil, Roberto Busato, ao criticar o valor do novo salário mínimo de R$ 260 anunciado nesta quinta-feira (29/4) pelo governo para vigorar a partir de 1° de maio.

“O governo continua bastante sensível à ortodoxia da economia, ao que o Fundo Monetário Internacional preconiza, ao que os movimentos econômicos injustos impõem a este país, mas contrário à necessidade social do povo brasileiro”, enfatizou o presidente da OAB, ao criticar o novo salário mínimo.

Busato fez estas declarações em entrevista coletiva ao lado do presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Geraldo Majella Agnelo, em Itaici, município de Indaiatuba. Ele discute com a entidade dos bispos ações para combate à violência e à miséria no País.

Dom Geraldo Majella afirmou na coletiva, que o valor novo salário mínimo mantém inalterada a situação de dificuldades da população brasileira. “O povo permanece do mesmo modo, com fome, sem emprego e com a remuneração que não lhe dá a possibilidade de um crescimento”, lamentou. “Enquanto isso há essa preocupação tão grande de não deixar os credores perderem seus ganhos, mas e o nosso povo, onde fica?”, indagou o bispo.

Grijalbo Coutinho, presidente da Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho (Anamatra), também criticou o novo valor do salário mínimo:

“Parece que não há jeito. Ao fixar em R$ 260,00 o valor do salário mínimo devido a partir de 01/05/2004, o Governo Lula cumpre com extrema submissão as metas fixadas pelos credores internacionais e pelo mercado, interessados no superávit primário e na garantia do pagamento de juros extorsivos. Não é razoável lançar mão do argumento da herança maldita quando se adota a mesma política econômica perversa implantada por FHC e Malan.

Não é sequer questão de criatividade, mas, objetivamente, de prioridade fixar o salário mínimo em patamar mais condizente com as necessidades dos trabalhadores, significaria alguma reação à ortodoxia monetarista neoliberal. Apesar da intenção, faltou ao governo coragem para enfrentar o tema sem receio de contrariar os interesses dos agentes financeiros.”

(Com informações da OAB e Anamatra)

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