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Primeira Leitura: As coisas não são tão fáceis, diz Lula.

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27 de abril de 2004, 12h12

Uma conquista – 1

A mudança na fórmula de cálculo do superávit primário de forma a permitir o aumento dos investimentos públicos na área de infra-estrutura foi uma importante conquista do governo brasileiro. O ministro da Fazenda, Antonio Palocci, se disse feliz e afirmou que as novas regras impulsionarão as perspectivas de crescimento.

Uma conquista – 2

Palocci está correto. O caminho para o crescimento passa pelo aumento das exportações. E simplesmente não há como aumentar o volume exportado se o país não investir na área de infra-estrutura.

Sob pressão

Mas diante das críticas do mercado e das agências de risco à proposta — eles enxergam na medida uma brecha para a descontinuidade da austeridade —, Palocci afirmou que o equilíbrio fiscal é o compromisso de “ouro” do governo.

O que está em discussão

O mercado quer que a fórmula anterior seja mantida. E por duas razões: ela obriga o governo a reduzir o tamanho do Estado e expressa que a prioridade de pagamento do Estado é a dívida.

O discurso…

O Banco Central diz que, com a cautela devida, está cortando os juros e criando as condições para o aumento paulatino da oferta de crédito.

…e a prática…

No entanto, o mesmo BC é obrigado a revelar que a taxa anual média de juros cobrada pelos bancos das pessoas físicas e empresas em março subiu de 45,1% para 45,3% ao ano.

… e o pior

O BC não divulgou que medidas adotará para que as taxas sejam reduzidas na ponta de crédito, mas justificou a ação dos bancos.

Os privilegiados, segundo Lula.

Em discurso para metalúrgicos em São Bernardo, no ABC paulista, ontem, Lula foi vaiado quando disse que, dos 176 milhões de brasileiros, apenas 8,5 milhões de “privilegiados” pagam IR.

Prestando contas

Lula disse que o “grande desafio” é resolver a questão do desemprego — embora seus ministros da Fazenda e do Trabalho tenham dito que o aumento da taxa de desemprego reflete o aumento da procura por vagas que o tal do crescimento estaria criando.

Assim falou… Luiz Inácio Lula da Silva

“Tem trabalhador aqui que está reivindicando o aumento do salário mínimo e tem trabalhador reivindicando a correção da tabela do IR. Ora, o aumento do salário mínimo implica maior despesa para a União, enquanto a correção do imposto de renda significa perda de receita para a União. Temos que ter um meio-termo. As coisas não são tão fáceis.”

Do presidente da República, durante discurso a metalúrgicos na fábrica da DaimlerChrysler, em São Bernardo.

Assim falou… Ivo Cassol

“A Funai sempre soube do que estava acontecendo por lá e sempre tentou acobertar tudo. Se pudesse esconder os corpos, teria escondido.”

Do governador tucano de Rondônia, ao responsabilizar a Funai pelo massacre de garimpeiros pelos índios cintas-largas.

Linhas cruzadas

O ministro José Dirceu (Casa Civil) disse, ontem, que o papel do governo no processo de venda da Embratel é de “espectador”. No domingo, a Folha de S.Paulo publicou a denúncia de que as operadoras de telefonia fixa Telefônica, Brasil Telecom e Telemar, que se uniram no consórcio Calais (junto com a Geodex) para comprar a Embratel, pretendem elevar suas tarifas se o negócio for concretizado.

A possibilidade de formação de cartel, no entanto, não muda os planos do BNDES em relação à transação. “Temos interesse de vender as ações pelo melhor preço”, reiterou o presidente do banco, Carlos Lessa. No entanto, o presidente da Anatel, que se manifestou publicamente pela primeira vez sobre o assunto, informou que o consórcio não é candidato à compra da Embratel, já que o único pedido de anuência para a venda registrado na agência foi enviado, conjuntamente, pela Telmex e pela MCI, a controladora da Embratel.

*A coluna é produzida pelo site Primeira Leitura — www.primeiraleitura.com.br

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